Braços abertos com Maduro, Punhos fechados com Marina (por Vitor Hugo)
Lula afirma que a Venezuela “não é uma ditadura, nem Maduro é um ditador, e que tudo não passa de “narrativa”
atualizado 03/06/2023 3:21
Contraste gritante com as imagens, palavras e atos de repercussão à esquerda e à direita), dos braços abertos e calorosos do presidente Lula, ao receber, dia 29, o ditador da Venezuela, Nicolas Maduro, na rampa do Palácio do Planalto, que o arquiteto Oscar Niemeyer traçou como símbolo de representação popular e democrática, na capital do poder no País. Um dia para não esquecer.
Véspera da instalação da Cúpula Sul Americana no Brasil – com o propósito de discutir temas cruciais do Continente (da proteção ambiental da Amazônia à criação de moeda única, sul americana, com a participação de 11 chefes de estado do lado de baixo da linha do Equador.
Começava assim, “sem pecado e sem juízo,” como o diabo gosta, o fim de maio e começo de junho, metade do primeiro ano de novo governo petista, que parece escorrer pelos dedos. Maduro, uma das maiores expressões do “coisa ruim” no continente, ditador da Venezuela, além das pompas e honras da recepção no Palácio, teve “dia de majestade”. O chefe de um dos regimes mais incompetentes e perversos, com seu povo em fuga do caos dos últimos anos, e carregado de sanções por ataques aos direitos humanos,liberdades individuais e a legislação eleitoral, desembarcou no DF com sua comitiva. Depois, nos salões do Itamaraty: conversa fechada com o colega brasileiro, troca de discursos de mútuos elogios e uma entrevista coletiva inacreditável, principalmente da parte do brasileiro, que usou e abusou da expressão “narrativa”, um dos mais reles, óbvios e indigentes chavões usados pelo governo direitista do ex-presidente Bolsonaro, modismo de linguagem que não diz, reflete ou significa coisa alguma, salvo a mendicância intelectual e a falta de argumentos inteligentes que o governo passado deixou de herança e o atual passa adiante.
Lula afirma que a Venezuela “não é uma ditadura, nem Maduro é um ditador, e que tudo não passa de “narrativa”, e sugere que o venezuelano “deve criar a sua própria narrativa”. E fico por aqui, porque o resto está nos jornais, sites e blogs. A começar pelos protestos públicos e advertências, ao governo anfitrião da cúpula, dos presidentes Lacalle Pou (Uruguai), à direita, e do Chile, o jovem presidente Boric, à esquerda. E atos brutais e agressões contra jornalistas que cobriam a entrevista na despedida de Maduro, entre eles, a repórter da TV Globo , Delis Ortiz, atingida com um so co no peito, dado por um dos brutamontes da segurança do ditador venezuelano, que levou a jornalista necessitar dos serviços médicos de emergência no Itamaraty. Lástima completa.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br
Uma resposta
Mestre Vitor, além de oportuno e brilhante, seu artigo é também verdadeiramente cirúrgico ao abordar e analisar com singular proficiência os disparates cometidos por Lula neste começo de governo, algo que nem seus inimigos conseguiriam esperar que ocorreria.
O maniqueísmo talvez nunca tenha sido praticado com tanta contundência, em nenhuma parte do mundo nem em outro qualquer momento da história, como acontece hoje em nossa(?) Pindorama.
Chega a beirar a insanidade mental – sob minha ótica e com respeito a ponto de vista divergente do meu – , o desvario praticado por Lulistas e Bolsonaristas na defesa dos atos e atitudes praticados por aqueles senhores.
De minha parte, considero Bolsonaro a escória do ser humano, até falta adjetivos pra qualificá-lo – não me canso de repetir.
Já Lula, em quem votei diversas vezes, mas que hoje não faço mais, tenho-o agora como um mentiroso, cínico, farsante e corrupto.
Realmente, o Brasil não dá certo.
Além do respeito a quem de mim divergir, no tocante a este meu ponto de vista, deixo claro que não responderei a eventual crítica que aqui me seja dirigida.