
Morreu nesta sexta-feira (15) o general Newton Cruz, 97, chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) durante a ditadura militar e um dos acusados pelo atentado a bomba no Riocentro em 1981.
Ele estava internado no Hospital Central do Exército, na zona norte do Rio de Janeiro. A morte foi confirmada pelo Comando Militar do Leste.
” Neste momento de consternação, os integrantes do CML solidarizam-se e rogam a Deus pelo conforto de familiares e amigos do General Newton Cruz”, diz a nota.
Newton Cruz era um dos principais críticos da abertura dos arquivos do regime militar. Foi também um dos poucos generais a ser formalmente acusado por crimes cometidos durante a ditadura.
O general foi um dos seis acusados pelo atentado a bomba no Riocentro em 1981.
O plano deu errado, e uma bomba explodiu no colo do sargento Guilherme do Rosário, que morreu no local.
O inquérito original, que correu na Justiça Militar em 1981, tentou culpar organizações de esquerda pelo episódio. A farsa foi desmontada, mas ninguém foi punido até hoje.
A tentativa de responsabilização do general foi iniciada em 1999, quando um novo inquérito policial militar do Exército o indiciou. Ele foi acusado de falso testemunho na Justiça Militar, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) trancou o processo.
Em 2014, uma nova denúncia contra Cruz foi aberta na Justiça Federal, desta vez sob acusação de tentativa de homicídio doloso, associação criminosa armada, transporte de explosivos e favorecimento pessoal.
O TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) trancou a ação penal por considerar o crime prescrito.
Cruz foi considerado coautor do atentado pelo Ministério Público Federal por não ter tomado atitudes para evitá-lo. A denúncia dizia que, ao saber do plano e de sua execução, ele omitiu-se diante da possibilidade de que pessoas fossem mortas e feridas.
Após a abertura da ação penal, ele admitiu que foi avisado com duas horas de antecedência de que militares estavam deixando a sede do DOI-Codi carioca para detonar uma bomba no centro de eventos.
Ele disse que não tomou nenhuma atitude por entender que a explosão ocorreria na casa de força do Riocentro, sem machucar ninguém. Também afirmou que, por estar na ocasião em Brasília, sede da agência central do SNI, não teria como impedir as explosões à distância.
“Em 30 de abril de 1981, era noitinha, mais ou menos 19h, o coronel Ary [Pereira de Carvalho], que era meu chefe de operações, recebeu um telefonema do Rio. O [capitão Freddie] Perdigão foi ao DOI saber se havia alguma novidade.”
“Quando chegou, viu um grupo que estava planejando partir para o Riocentro a fim de jogar uma bomba para marcar presença. Seria um protesto contra o que estava se passando lá. O Ary saiu dali: ‘Chefe, eu acabei de receber um telefonema’. Quando ele contou, eu raciocinei até dez. O que fazer? Avisar a quem?”, disse o general, na ocasião.
Uma primeira bomba foi lançada na caixa de força do Riocentro. A segunda explodiu no colo de Rosário. Newton Cruz disse que não sabia deste segundo artefato.
“Fui escalado o bode expiatório da revolução de 1964. Avisar a quem? Aí cerca tudo, e tal, e tinha um tumulto lá? Era o que eles queriam. Não havia nem celular nessa época. A bomba da casa de força não tinha possibilidade de prejudicar ninguém. Tanto que não foi nem ouvida no auditório. Foi um ato de presença. Não ia fazer nada”, afirmou ele na entrevista.
“Ninguém podia fazer nada. Eu tinha que aguardar. Isso foi uma decisão minha. Minha. Tomada por minha conta, e por que eu achava que para o caso era a melhor decisão.”
“Agora tem o seguinte: tempos depois [do Riocentro], recebi a informação de que havia um grupo lá no DOI (Destacamento de Operações e Informações) tentado fazer coisa parecida. Era da mesma natureza”, disse ele.
“Isso não pode. Pela primeira vez saí da minha função. Disse: eu vou pessoalmente acabar com isso. Pedi para marcar encontro com dois elementos do DOI-Codi.”
O general também foi acusado pela morte do jornalista Alexandre van Baumgarten, sua esposa, Jeanette Hansen e o barqueiro Manoel Valente, ocorrida em 1983.
Baumgarten era um dos sócios da revista O Cruzeiro e teria preparado um dossiê sobre um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o SNI. Cruz foi absolvido no julgamento.
Nini, como era chamado por seus colegas de farda na época da ativa, também foi um dos principais críticos da abertura dos arquivos da ditadura militar.
“Eu acho que não se deve falar mais nisso. Vão achar papéis esparsos, se houver alguma coisa ainda, o que conduzirá a coisas erradas e a generalizações. Se aparecer alguma coisa, não vai esclarecer a história, vai confundir a história”, disse ele à Folha em 2004.
Cruz foi o responsável pela destruição de aproximadamente 19,4 mil documentos secretos produzidos ao longo da ditadura militar (1964-1985) pela agência.
Dentre os documentos, estavam relatórios sobre personalidades famosas, como o ex-governador do Rio Leonel Brizola (1922-2004), o arcebispo católico dom Helder Câmara (1909-1999), o poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913-1980) e o poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999).
Alguns papéis podiam causar incômodo aos militares, como um relatório intitulado “Tráfico de Influência de Parente do Presidente da República”. O material era relacionado ao ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, que governou de 1969 a 1974.
Ele defendeu a destruição dos papéis em entrevista à Folha.
“Foi tudo de acordo com a lei da época. O SNI existia para assessorar o presidente da República na política do governo. É um órgão de informação, e a informação nascia de um processamento doutrinariamente resolvido. Ele cumpriu o papel dele e terminou aí”, afirmou.
Em 1994, ele se candidatou para o Governo do Rio de Janeiro pelo PSD. Ficou em terceiro lugar, com quase 874 mil votos (14% dos votos válidos).
Doria-Memória: Bahia em nome do pai (e da mãe)
Vitor Hugo Soares
O ex-governador de São Paulo, João Doria Jr (PSDB), não poderia ter escolhido roteiro melhor e mais exemplar do que cumpriu, semana passada na Bahia, se queria fazer uma viagem sentimental, política e cultural às suas origens, como declarou, no vídeo postado nas redes sociais, no voo com destino a Salvador, depois de deixar o governo paulista para mergulhar no redemoinho de campanha presidencial que se anuncia feroz e devoradora. Da multicultural capital baiana à lendária cidade de Rio de Contas, na Chapada Diamantina: reencontro com a memorável história do pai, João Agripino Doria Costa Neto, ex-deputado cassado e exilado político no governo João Goulart, deposto pelo golpe de Abril de 64; e da mãe, Maria Sylvia Vieira de Moraes Dias, a grande heroína do filho.
Sexta-feira, 8, na entrevista evocativa de mais de uma hora, transmitida para o estado pela Rádio Metrópole, de Mário Kertész – ex-prefeito de Salvador –, os baianos foram postos frente a frente da reconstituição de uma dramática epopeia política e familiar que, para muitas testemunhas da época, “daria um belo romance ou grande novela da TV”. Na verdade, o retrato doce amargo de um tempo de muitos pontos ainda obscuros, à espera de luz dos fatos e da história.
Neste caso, os rumos imprevistos tomados pela família do ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, ao lado do pai deputado, pelo Partido Democrata Cristão (PDC), impetuoso e de ideias transformadoras, para além de sua época, principalmente no campo do marketing, aliado e amigo leal do ex-presidente João Goulart, derrubado do governo legal e constitucionalmente eleito, por militares (e civis), golpistas de 64.
Dória lembrou duros dias de infância, quando sua família teve que deixar o país. Com a ajuda crucial do deputado Ulysses Guimarães, o pai entrou na embaixada da então Tchecoslováquia, em Brasília, com a esposa Maria Sylvia e os dois filhos, João Doria Junior, de seis anos, e Raul, de um ano. Dali seguiram para o Rio de Janeiro, e foram colocados em um voo para Paris, onde a família viveu entre 1964 e 1966. Enquanto o pai estudava psicologia na Sorbonne, sustentava a todos vendendo, um a um, quadros de sua coleção de pinturas de Di Cavalcanti, que Maria Sylvia havia arrancado das molduras, levada na bagagem para a Europa.
Tem mais da conversa na Metrópole: paradas comovidas, momentos de risos e boas lembranças, de provas de resistência, de amizade solidária de companheiros da política, de parentes, conterrâneos e de velhos amigos, também abandonos, traições e deserções. Mas o relato é longo e não cabe neste espaço. Registre-se que o postulante ao Palácio do Planalto achou tempo para reunir-se com as bases tucanas no estado, e trocar abraços com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e o atual, Bruno Reis. À Neto, do UB, líder das pesquisas ao Palácio de Ondina, o visitante rasgou sedas: “Ele que já foi grande prefeito será também um grande governador do estado da Bahia.”
Depois, Dória pegou a estrada para completar o seu roteiro. Na lendária Rio de Contas, visitou o cartório que guarda registros da família e a casa do avô, construída no século XIX. “Teve até dancinha na minha visita a Rio de Contas… Beijos carinhosos aos meus conterrâneos. Em especial a Simone Reis. Excelente dançarina”, postou o tucano, na legenda do vídeo em que aparece dançando ao som de fanfarra. Precisa desenhar?
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br
“Lero lero”, Edu Lobo: um dos maiores artistas do mundo, para domingar na rede da paz de todos os dias!
BOM DOMINGO E BOA PÁSCOA A TODOS
(Gilson Nogueira)
O outro envolvido no esfaqueamento do jornalista Gabriel Luiz, 28 anos, chegou à 3ª DP (Cruzeiro Velho), na noite desta sexta-feira (15/4), no Sudoeste. O rapaz, que ainda não teve a identidade revelada, tem 19 anos.
A reportagem apurou que o maior de idade era morador do Sudoeste, e se mudou há cerca de dois meses para outra cidade do DF. Um menor de idade suspeito de esfaquear o jornalista foi apreendido, na tarde desta sexta-feira (15/4), e encaminhado à Delegacia da Criança e Adolescente (DCA 1), da Asa Norte.
Na tarde desta sexta-feira (15/4), Gabriel foi encaminhado do Instituto Hospital de Base de Brasília (IHBB) a um hospital particular do Lago Sul, onde segue em estado grave, mas consciente e estável.
O editor do telejornal DFTV Gabriel Luiz, 28 anos, foi esfaqueado, na noite dessa quinta-feira (14/4), em frente ao Pão de Açúcar do Sudoeste. O caso ocorreu por volta de 23h, quando ele retornava para casa. Segundo informações preliminares, dois homens ainda não identificados atacaram o jornalista.
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) detalhou que, ao chegar ao local, Gabriel estava debaixo de uma marquise, tentando conter o sangramento das perfurações no abdômen, no pescoço e na perna esquerda. “Devido à proximidade do Grupamento de Bombeiros do Sudoeste e o local do atendimento, os militares chegaram muito rápido, fato que reduziu consideravelmente a perda de volume sanguíneo”, explicou o CBMDF.
O editor do telejornal DFTV Gabriel Luiz, 28 anos, foi esfaqueado, na noite desta quinta-feira (14/4), em frente ao Pão de Açúcar do Sudoeste. O caso ocorreu por volta de 23h, quando ele retornava para casa. Segundo informações preliminares, dois homens ainda não identificados atacaram o jornalista.
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) detalhou que, ao chegar ao local, Gabriel estava debaixo de uma marquise, tentando conter o sangramento das perfurações no abdômen, no pescoço e na perna esquerda. “Devido à proximidade do Grupamento de Bombeiros do Sudoeste e o local do atendimento, os militares chegaram muito rápido, fato que reduziu consideravelmente a perda de volume sanguíneo”, explicou o CBMDF.
A equipe conteve o sangramento e levou o jornalista para o Hospital de Base, onde passou por cirurgias para estabilizar o quadro de saúde. Segundo a equipe médica, o estado de saúde dele é considerado estável. As intervenções cirúrgicas mais importantes foram feitas ao longo da madrugada. Agora cedo, os médicos fazem as cirurgias vasculares.
A família não sabe dizer qual o motivo do ataque ao jornalista. O que sabem é que ele sofreu “um possível roubo com faca”. O crime é investigado pela polícia.
Os áudios de Ciro Nogueira e Paulinho da Força divulgados nesta sexta-feira (15) por O Antagonista podem acelerar uma possível retirada do apoio nacional do Solidariedade a Lula — nos estados, o partido já liberou seus diretórios, conforme apurou este site.
Paulinho não gostou de ter sido vaiado ontem durante um evento com o ex-presidente petista e centrais sindicais em São Paulo. Aproveitando-se da situação, Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro, convidou o colega deputado a aderir ao bloco de apoio à reeleição do atual presidente. Como noticiamos mais cedo, Paulinho (foto à direita) respondeu que está pensando sobre o assunto.
Diante dessa situação, é cada vez mais real a possibilidade de Paulinho e seu grupo político pularem fora do barco do PT também em âmbito nacional.
O deputado Aureo Ribeiro, do Solidariedade do Rio de Janeiro, disse que o ocorrido no evento de ontem e os áudios divulgados hoje “foram bons para o partido repensar” a aliança formal com os petistas.
“O Bolsonaro tinha um cercadinho. E o PT tem um quadradinho. A gente está vivendo com dois mundos, cada um falando para o seu público. Mas o Bolsonaro está sendo mais objetivo, desde que ‘incorporou a política’ e levou o Centrão para dentro. Já o PT está naquela mesma discussão de falar para sindicalistas, indígenas… e se esquece de falar daquilo que o Brasil quer mais discutir hoje, que são assuntos como família, fome, emprego para jovens. O PT continua naquela mesma política sindical de antigamente.”
Aureo emendou:
“Se o PT quiser fazer um plano para governar o país sozinho, que faça, não precisa do Solidariedade. Eu quero fazer parte de uma discussão que encontre soluções para os problemas reais do Brasil.”
O deputado Zé Silva, do Solidariedade de Minas Gerais, afirmou que em seu estado o partido já decidiu que não apoiará nem Lula nem Bolsonaro. “O partido já liberou todos os diretórios estaduais para tomar uma decisão. Aqui, já decidimos: o diretório já está liberado. Não vamos com nenhum dos dois: nem com Lula (foto, à esquerda) nem com Bolsonaro.”
Na última terça-feira, O Antagonista já havia mostrado como Lula estava com dificuldades para ampliar seus apoios, até mesmo entre os partidos aliados.