
ARTIGO DA SEMANA
Macron/Paris, Ciro/Brasília: flechadas em Bolsonaro e Lula
Vitor Hugo Soares
Revela-se, no final de abril de 2022, que a distância entre Brasília, pedaço em chamas, do planalto central do país, e Paris, na França, de coração republicano, mais uma vez demonstrado nas urnas, acima dos ódios e divergências internas, pode ficar ainda maior do que realmente é na geografia dos continentes. É o que se viu e ouviu, domingo, 24, na mensagem democrática e propositiva do discurso de Emmanoel Macron, ao comemorar a reeleição, com 58% dos votos – feito no Campo de Marte, aos pés da Torre Eiffel feéricamente iluminada.
Signos perceptíveis para quem tem olhos de ver, ouvidos de escutar e inteligência de entender. Fala expressiva em força e repercussão política e ideológica interna e mundial – ao lado de acenos sociais, ecológicos e advertência anti-belicista e contra as ameaças invasoras e expansionistas da Rússia de Putin no leste europeu, – de impacto imediato e tranquilizador. Bem diferente da banda de cá do oceano, nos dias de tumultos e estremecimentos institucionais. Fim de abril ácido, de ódios, recalques e ataques destemperados. De um lado, com a marca da insensatez e descontrole. A exemplo das grosseiras provocações do mandatário, candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, em sua agenda quase diária de “fakes” e ofensas no cercado do Alvorada:do outro, o incorrigível candidato do PDT, Ciro Gomes, ao fustigar partidários do ex- Luiz Inácio Lula da Silva, concorrente “de esquerda”, como ele, tachados de “seita de fanáticos lulistas”. Ou baixar ainda mais o nível, ao ofender a mãe de bolsonarista quinta-feira, na Agrishow em Ribeirão Preto.E por aí vai…
Com outras palavras, outros trajes (como pede a primavera parisiense) e outro tom e atitudes,– contrastantes com tudo que grassa por este lado debaixo da linha do Equador ,– merecem destaque vários momentos e trechos significativos da fala de Macron. Direto, elegante e sutil, mesmo quando precisou disparar flechadas contra alvos internos e internacionais que, em alguns casos, tem tudo a ver com o andar da carruagem da campanha do extremista de direita, Jair Bolsonro, que tenta a reeleição. “Tapas de luvas”, no dizer dos franceses mais sofisticados, mas que ardem. E muito, apesar dos disfarces por aqui.
Em um dos momentos mais relevantes de seu discurso da vitória contra Le Pen, histórica extremista de direita na França, em particular, e pedra no sapato da Europa liberal de centro, em geral, Macron delineou os diferentes campos – e motivações – dos que votaram para reelegê-lo. Ao grupo de esquerda que, no melhor espírito republicano francês, votou nele para “evitar o pior para a França” (o projeto de Le Pen), Macron afirmou que tem consciência de que a escolha o torna “depositário do apego à República”. Aos que se abstiveram, pontuou que “o silêncio desses eleitores também tem significado”. Quanto aos eleitores de Marine Le Pen, Macron afirmou que “ é preciso agora governar para todos em volta, e a raiva e os desentendimentos precisam encontrar respostas”. Quando os vencedores, no espaço simbólico de Paris, ensaiaram uma vaia, ao ser citado o nome de Le Pen, Macron foi enérgico ao cobrar, dos seus, “calma, acatamento e respeito, como pedi antes”. E arrematou sob aplausos, no luminoso espaço da festa democrática: “Os próximos cinco anos não serão uma continuidade dos cinco primeiros”. Que distância de Paris para Brasília nos dias que correm!.
Vitor Hugo Soares é jornalista, e-mail: vitors.h@uol.com.br
“Em Tempo”, Zé Keti: toda genialidade do compositor e intérprete do grande mestre do samba de verdade, em uma de suas belas e referenciais criações, porque hoje é sábado no BP. Salve o samba. Viva Zé Keti.
BOM DIA!!!
(Vitor Hugo Soares)
Em entrevista ao Papo Antagonista, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) comentou a migração de Sergio Moro para a União Brasil dizendo que “a política é esse campo minado, da inversão de valores, da incompreensão, da injustiça”.
Dias, no entanto, disse que prefere preservar a imagem do ex-juiz por causa dos serviços que ele prestou à nação e se recusou a fazer críticas sobre seu comportamento.
“Eu, sinceramente, em benefício do país e da luta contra a corrupção no Brasil, prefiro preservar a imagem extraordinária do juiz Sergio Moro. A política é esse campo minado, da inversão de valores, da incompreensão, da injustiça. Eu prefiro o legado do magistrado Sergio Moro do que ficar explorando fatos recentes. É fundamental que nós preservemos a imagem daqueles que prestaram serviço à nação. E poucos prestaram tão relevantes quanto prestou Sergio Moro. Por isso, meu respeito a ele e eu me recuso a fazer qualquer crítica em relação ao seu comportamento.”
Repetindo a mesma definição sobre política, o senador disse que a tentativa do centro democrático de construir uma candidatura única que pudesse fazer frente a Lula e a Jair Bolsonaro fracassou por causa da inexistência de um projeto.
“A razão essencial do fracasso é a inexistência de um projeto de nação. […] A política no Brasil é esse campo minado, da inversão de valores, da incompreensão, da injustiça. Eu poderia dizer também da traição, mas o que é fundamental é a inversão de valores. Ao invés de buscarmos um projeto, um conceito de administração pública, um sistema, estamos indo atrás de nomes.”
DO CORREIO BRAZILIENSE
O processo para conseguir cidadania portuguesa ficou mais fácil para os brasileiros a partir deste mês. As mudanças no Regulamento da Nacionalidade Portuguesa devem beneficiar, principalmente, netos e cônjuges de lusitanos.
A reformulação era esperada desde 2020, quando foi alterada a Lei da Nacionalidade Portuguesa. Agora, netos poderão requisitar a nacionalidade de maneira direta, não necessitando que os pais possuam o direito previamente ou comprovação de vínculo no país (abertura de conta bancária, criação do NIF — equivalente ao CPF — e frequência de visitas a Portugal).
O mesmo vale para quem for casado ou estiver em união estável com um português há mais de seis anos ou tiver um filho português. Para quem estiver casado ou em união estável há três anos, é possível pedir a cidadania se o laço for reconhecido em Portugal ou se a certidão de matrimônio for transcrita em um consulado lusitano em território brasileiro.
No caso dos bisnetos, é obrigatório que um dos avós ou pais faça o requerimento da cidadania, já que o direito só se estende até a terceira geração. Só aí, é possível dar entrada no processo.
O presidente da União Brasil, Luciano Bivar (foto), sinalizou há pouco que o partido pode abandonar o centro democrático na busca por uma candidatura única que possa fazer frente a Lula e a Jair Bolsonaro, como antecipado por O Antagonista.
A O Globo, Bivar disse que, se não houver um consenso, a União Brasil vai oferecer uma outra alternativa.
“Pelo tamanho que é, o União Brasil tem uma responsabilidade grande de oferecer uma alternativa e certamente vai oferecer uma alternativa. Não vamos ficar omissos na situação em que o país está.”
Ontem, a reunião entre dirigentes do União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania em Brasília terminou sem avanços sobre os critérios para a escolha do candidato único. Os partidos prometeram a definição até dia 18.
No início do mês, a União Brasil anunciou que Luciano Bivar seria o pré-candidato do partido à presidência.
“Gold Bird”, Yes! Trio:
BOM DIA!
(Gilson Nogueira)
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Se o presidente Jair Bolsonaro (PL) quiser agradar os servidores com reajuste salarial neste ano, como prometeu para os policiais, ele precisará correr contra o tempo para o enquadramento na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Bolsonaro prometeu reajuste apenas para os policiais neste ano, e, para isso, o governo reservou R$ 1,7 bilhão no Orçamento.
Contudo, devido à chiadeira das demais categorias que estão sem reajuste desde o início da pandemia, o Palácio do Planalto tem sinalizado um reajuste linear de 5%, que é abaixo da inflação acumulada nos últimos três anos, em torno de 20%, pelas estimativas de analistas. Essa sinalização não tem acalmado os ânimos do funcionalismo, que continua fazendo manifestações e paralisações em busca de um reajuste maior.
Oficialmente, contudo, de acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, Bolsonaro ainda não comunicou os técnicos da decisão.
O trecho de uma obra inaugurada por Jair Bolsonaro no Rio Grande do Sul há 20 dias desmoronou nesta quinta-feira (28), informa O Globo.
Com as fortes chuvas no estado, uma estrutura de concreto (foto) cedeu na BR-116, na altura do km 526 da rodovia. O desmoronamento ocorreu no chamado Contorno Rodoviário de Pelotas.
O trecho havia sido inaugurado pelo presidente em 8 de abril. As obras, ao todo, custaram R$ 690 milhões, de acordo com o Ministério da Infraestrutura.
O desmoronamento foi divulgado pelo Dnit, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, em suas redes sociais. O órgão informou que não houve necessidade de interromper o tráfego na estrada.