Da mesma forma que o comunista enganado talvez não soubesse compreender as necessidades da mulher, que sem outra hipótese de amor carinho e afago, nada mais pudera fazer que entregar-se nos braços do amante, assim os EUA, a NATO, a Europa, o Ocidente não souberam compreender as necessidades da Rússia. Por favor!
Num caso como noutro há uma menorização. No caso da mulher chama-se machismo, marialvismo ou o que quiserem aos que entendem que a mulher não pode ter livre arbÃtrio e que as suas escolhas são motivadas pelas escolhas do marido. Em polÃtica internacional não há uma palavra precisa… talvez ignorância descreva a situação.
Invertamos os argumentos: a Ucrânia, desprezada pela Rússia depois do fim da URSS não viu outra hipótese senão querer ser europeia e membro da NATO. A Rússia não soube aliciar os paÃses que saÃram da sua esfera, dando aos povos poder de escolha, pluralismo, possibilidade de seguirem as suas tradições. Ninguém fala nisto, certo? Mas onde está Rússia ponham NATO e EUA e vejam a procissão de comentadores que afirmam ter sido os EUA e o Ocidente a humilhar a Rússia… há muitos, há de mais.
O que se passou – neste momento, e não quando Vladimiro se converteu – foi um paÃs soberano, superpotência (mas apenas militarmente, pois nem uma torradeira decente sabe fabricar, como escreveu Gorbachev) invadir outro paÃs soberano que não tinha incomodado ninguém, salvo talvez o orgulho do senhor Putin. De quem é a culpa? Fecha-se a porta e apedreja-se os EUA.
Felizmente, estas análises bacocas, pretensamente eivadas de conhecimento histórico (António Filipe, excelente pessoa, mas amarrado ao PCP, ia buscar o Kosovo e a implosão da Jugoslávia para falar ‘noutras guerras’ na Europa, pretendendo desconhecer a diferença entre guerras civis e guerras de invasão), estas análises, dizia, não têm adesão popular. Na sua santa ignorância histórica, o povo português, como o Europeu, percebeu imediatamente o que estava em jogo: uma invasão de um paÃs (pacifico e democrático) por outro (enorme e belicamente poderoso). Instintivamente, fosse nos estádios de futebol, ou em frente da embaixada russa, apoiou um dos lados! Ah! Ignaros que não ouviram os peritos da geoestratégica que sabem que no seculo XVII os cossacos massacraram não sei quem…
Meu Deus (em todas os idiomas e religiões!) O que se passa em Kiev é a maior brutalidade desde que Hitler invadiu a Polónia; as ameaças de Putin à Suécia e à Finlândia, de que os geoestrategas muito eruditos nunca falam, jamais tinham acontecido desde Hitler; a ameaça explÃcita da bomba nuclear, nem com Krushev ocorrera.
Esta é a situação que temos. Um ataque que não é só à Ucrânia motivado por não sei quê (ou melhor, não me interessa sequer discutir) fosse uma bebedeira de Krusuhev, os maus fÃgados de Catarina, a Grande, ou as necessidades de poder de Lenine. O que se passa é um ataque à Europa e à democracia, que partia do princÃpio de que os Estados democráticos e livres não se sabem defender e caem aos pés de um ditadorzeco. Enganaram-se! O EspÃrito da Liberdade existe e uma vez mais há de prevalecer, como contra Napoleão,  Guilerme II (II reich), Hitler, e muitos outros por todo o mundo.
Tentar compreender o fascismo de outro modo é legitimá-lo historicamente. Afinal Hitler quando falava da Großdeutschland (a Grande Alemanha) também tinha aspetos históricos em que tinha razão. O problema é que entretanto, acordos, tratados, leis internacionais e cartas livremente aceites por todas as partes, estabeleceram novos contornos. E Putin, vitimizando o povo da Ucrânia e o seu próprio povo, mais do que europeus e americanos, rasgou aquilo com que a Rússia se comprometera, voluntariamente e nunca pela força das armas, e decidiu tentar um novo sistema em que o seu Império comanda.