

A CPI que o PT, o Centrão e o bolsonarismo estão tentando instaurar contra Sergio Moro (foto) não é inevitável, e pode até se transformar num tiro pela culatra.
Tudo dependerá da reação de Moro, de seu partido, o Podemos, e dos grupos que o apoiam, como o MBL.
Há fartos elementos para mostrar que não há pretextos justos para a instauração da comissão de inquérito. Em seus dez meses como consultor do escritório de advocacia Alvarez & Marsal, Moro não trabalhou nos casos de empresas que condenou como juiz. Além disso, sua remuneração, que os inimigos tratam como se fosse pecado, não envolveu um tostão sequer de dinheiro público.
A CPI também quer incorporar ao seu rol de argumentos a tese “Mariz-Lewandowski”, assim batizada em homenagem ao advogado e ao ministro do STF amigos de Lula. Ela sustenta que punir a corrupção política é um erro, porque não resolve nada, e que a Lava Jato é culpada pelos problemas financeiros enfrentados por empreiteiras como a Odebrecht, que cresceram por décadas graças à cartelização de seus serviços e aos subornos pagos a autoridades. Não poderia ser mais absurdo.
Vamos repetir: a instauração da CPI não é inevitável. Se ela for instaurada, não é impossível virar o jogo. Quaisquer que sejam as circunstâncias, não se pode acreditar que o ódio à Lava Jato vai se extinguir com as eleições. Ele vai perdurar, até mesmo num eventual governo Moro, que será repleto de enfrentamentos e ameaças de CPI. O ex-juiz e sua equipe precisam cerrar os dentes e revidar, porque o jogo é mesmo bruto.