Horas depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar em entrevista, na última sexta-feira (23), que as Forças Armadas podem ir às ruas para, segundo ele, “acabar com essa covardia de toque de recolher”, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reagiu afirmando que “a postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia”. Um dos alvos principais de Bolsonaro, o governador paulista reafirmou p papel dos governadores e prefeitos no combate à pandemia de covid-19, em contraste com Bolsonaro. “Ele (o presidente) selou uma pacto com a morte que só não é maior no Brasil por conta da ação de governadores e prefeitos”.
Na entrevista em que ameaçou as autoridades que enfrentam a pandemia com ações mais duras de distanciamento, Bolsonaro voltou a criticar as medidas de restrição adotadas pelos governadores para conter o coronavírus e a defender o uso da cloroquina, remédio ineficaz contra a covid-19.
o PRIMEIRO governador que reagiu a Bolsonaro foi o do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Bolsonaro insiste em afrontar o Supremo, que já decidiu que as três esferas de governo podem e devem atuar contra o coronavírus. E também reitera essa absurda ameaça de intervenção militar contra os Estados, que não existe na Constituição.”
A entrevista de Bolsonaro foi concedida ao programa Alerta Especial, da TV A Crítica, do Amazonas, apresentado por Sikêra Jr. “Se tivermos problemas, nós temos um plano de como entrar em campo. E eu tenho falado: eu sou o chefe supremo das Forças Armadas”, disse Bolsonaro.
Ele concluiu: “Se precisar, iremos às ruas, não para manter o povo dentro de casa, mas para restabelecer todo o artigo 5.º da Constituição. E se eu decretar isso, vai ser cumprido esse decreto.”
Bolsonaro criti ncou as medidas de isolamento social decretadas pelos governos locais, que, segundo o presidente, estariam descumprindo a norma.