Janio Ferreira Soares
Pra terminar, uma historinha que não conhecia. Conta o jornalista Oscar Pilagallo, que por cultuar o rock americano certa vez um crÃtico o chamou de laranjada. Aà Caetano, bem ao seu estilo, retrucou dizendo que de tão nosso, na verdade ele era uma espécie de guaraná. Assino embaixo e digo que, no meu caso, com o gostinho do Fratelli Vitta que tomei nas imediações da Rua Chile, num tempo em que o mesmo Sol que brilhava na estrada, projetava minha sombra flanando por caminhos onde nunca passei. Viva el Rey!
Janio Ferreira Soares, cronista, é secretário de Cultura de Paulo Afonso, nas barrancas baianas do Rio São Francisco.
Crônica com gosto de juventude. No final dos anos 60 e inÃcio dos anos 70 eu e o querido Joaquim éramos companheiros de UFF e voltavamos juntos na barca, trocando muita informação sobre música. O danado pegou meu LP do Caetano gravado em Londres e nunca devolveu. Maria Bethânia, please send me a letter…na praça XV pegavamos nossos ônibus para o subúrbio. Ao longo da vida profissional nos cruzamos muitas vezes. Vi o seu casamento com minha amiga Sandra e acompanhei o nascimento das filhas do casal. Mas era notório que o querido Joa seria mesmo um excelente cronista ligado principalmente à s artes. Num lançamento de um livro seu ele me fez uma dedicatória me chamando de ” musa da Cantareira”. Nosso tempo de faculdade era uma busca constante para equilibrar a alegria de viver com a repressão que nos rondava. A cada semana alguém da turma era preso ou sumido. Mas o Roberto Carlos cantava para neutralizar nossos medos. Havia esperança de acabar com a ditadura e redemocratizar o Brasil. O tal gosto da Mocidade ainda volta à s nossas lÃnguas em arremessos de maturidade preservada. Aquela viagem da turma São Paulo em 69 para ver a Bienal, é inesquecÃvel.
O grupo fez de tudo um pouco. Cruzamos com os hippies da praça da República, nos hospedamos no dormitório dos atletas no estádio do Pacaembu, vimos Pelé de perto, passeamos no Ibirapuera, tiramos fotos escalando o monumento dos Bandeirantes. Tudo passou depressa. Como pedir a alguém: please send me letter? Melhor acordar com o Rei, e amar de manhã, no aconchego de lembranças , algumas inenarráveis. Mas todos estamos a caminho dos 80, com vacina sim, e com saudades de abraços presenciais também.
Linda crônica, Janio, bem ao estilo do nosso Rei, Roberto Carlos, que, como você bem reconhece, tem gosto de Fratelli Vitta e de todas as boas memórias de nossa juventude e de nossa vida amorosa.
Cida, Lucia, que maravilha! Beijos.