O presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que será inevitável que a Câmara ou o Congresso criem uma comissão parlamentar de inquérito para investigar as mortes e a falta de planejamento do governo federal durante a pandemia do novo coronavírus. Outro tema que, segundo ele, deverá surgir no plenário, é o do impeachment do presidente. A fala aconteceu no início da tarde desta segunda-feira (18/1), após uma reunião da Mesa Diretora que decidiu que as eleições da Casa serão presenciais e ocorrerão na noite de 1º de fevereiro.
Maia falou da CPI e de Pazuello após ser questionado sobre o posicionamento da Advocacia Geral da União (AGU), que afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que havia notificado o Ministério da Saúde do risco de colapso na capital do Amazonas em 3 e 4 de janeiro e, novamente, seis dias antes do ocorrido.
“Eu sei de laboratório que mandou e-mail durante várias semanas no ano passado, para vender vacina, e não foi nem respondido. E essa vacina está imunizando os Estados Unidos, a Grã Bretanha. Não há planejamento e não se acreditava na importância da vacina. O que me estranha é que quando o ministro Pazuello foi escolhido, acho que ele é um bom militar, o motivo que o levou ao ministério era ser bom de logística, o que se provou um fracasso. Pelo menos até o momento. Se ele fosse bom de logística, teria organizado e planejado, acompanhando os indicadores de crescimento do problema em Manaus e outras regiões, de forma a não faltar insumos para o trabalho dos profissionais de saúde”, criticou Maia.
De acordo com o parlamentar, o ocorrido “vai virar uma grande investigação”. “É inevitável que a gente tenha, pelo menos, uma grande CPI, que seja da Câmara ou do Congresso, a partir de um pouco mais na frente, e certamente essa investigação vai chegar aos responsáveis pelo não atendimento ao e-mail de uma indústria farmacéutica querendo vender vacina para o Brasil, e que agora já não tem mais essas vacinas para vender”, disse.
Toda essa desorganização, toda essa falta capacidade de logística e de entrega de equipamentos e insumos aos estados e municípios, isso tudo vai ficar claro mais na frente”, voltou a disparar.
Sob ataque virtual
Maia também parabenizou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o Instituto Butantan pela vacina. Destacou que o governador paulista chegou a sofrer ataques nas redes, por planejar e garantir a compra e a vacinação da população do estado, enquanto Jair Bolsonaro afirmava que não compraria a vacina e trabalhava contra a distribuição do imunizante no país. Para o parlamentar, Doria foi desrespeitado por conta da parceria com o laboratório chinês que produziu a CoronaVac.
“O presidente da República disse, várias vezes, que não compraria a vacina chinesa, que quem mandava era ele. Mas, na hora da verdade, a coragem não é tão grande. É corajoso até uma parte da história. Pelo menos, apesar do papelão do ministro Pazuello, querendo capturar o tema das vacinas, pelo menos eles compraram as vacinas e, para nossa felicidade, pelo menos, 6 milhões de brasileiros estarão imunizados nas próximas semanas. Espero que o Instituto Butantan comece uma produção maior, para que a gente possa, nos próximos meses, ter todos os brasileiros imunizados. Para que a gente possa voltar, minimamente, à nossa normalidade. Mas, principalmente, que a gente possa reduzir a muito pouco o número de vidas perdidas daqui para frente”, posicionou-se.