DO CORREIO BRAZILIENSE/COM FRANCE PRESS
Para Armando Manzanero, o romantismo surgiu ainda quandi criança e foi a sua marca. Evocando o pôr do sol na praia vieram “Somos novios”, “Esta tarde vi chover” e “Adoro”, joias que o colocam entre os grandes nomes da música mexicana.
Paradoxalmente, a quarentena permitiu-lhe fazer coisas que “não sabia fazer”, como descansar e dar uma pausa a sua maior virtude: compor.
Também o ajudou a “colocar em ordem” seu catálogo de mais de 400 obras e a não deixar “uma única música ficar por aÔ, como afirmou ao jornal Milenio em abril, em pleno confinamento.
Nascido na cidade de Mérida, (estado de Yucatán), em 7 de dezembro de 1934, mas registrado um ano depois, Armando Manzanero Canché também se destacou como intérprete e produtor, uma carreira multifacetada que lhe rendeu uma figura de destaque no cenário musical na América Latina.
Ele também recebeu o Prêmio de Excelência Musical da Academia Latina da Gravação, em 2010.
– Muitos prêmios –
Nos últimos dias, o bolerista tinha sido homenageado pessoalmente pelo governo de Yucatán com a inauguração de um museu dedicado à sua vida e obra.
“A gratidão é a memória do coração, e a música é a melhor memória que você pode carregar no bolso”, afirmou Manzanero durante a homenagem.
O maestro mexicano construiu uma carreira de seis décadas, com cerca de trinta álbuns e canções como “Vou apagar a luz” e “Contigo aprendi”, hinos do cancioneiro romântico hispânico acompanhados do seu piano.
Entre os cantores internacionais que deram voz a suas letras estão Luis Miguel, Andrea Bocelli, Frank Sinatra, Christina Aguilera, Chavela Vargas, Julio Iglesias e Raphael.
Orgulhoso de sua origem maia, Manzanero veio ao mundo envolto na música: seu pai, Santiago, era trovador, e ganhava a vida cantando nas cidades, embora o romantismo – contou várias vezes – tenha sido herdado de sua avó Rita.
Casou-se cinco vezes, número que o incomodava, e teve sete filhos.
Quem o conheceu intimamente afirma que o Prêmio Nobel de Literatura de 1982, o colombiano Gabriel GarcÃa Márquez, queria fazer um bolero com ele, mas isso nunca se concretizou.
O escritor e cronista mexicano Carlos Monsiváis, com quem o cantor-compositor tinha um programa de rádio, disse certa vez que “Manzanero só seria substituÃdo por Manzanero”.
“A vida dele é a canção de um homem que não será alcançado”, escreveu recentemente o colunista Carlos DÃaz no Milenio.