
Nas vésperas do aniversário de um ano da morte de Francisco Brennand, falecido em 19 de dezembro de 2019, obras do célebre ceramista, escultor e artista plástico foram furtadas do Parque de Esculturas, localizado em frente ao Marco Zero, no Bairro do Recife, e com acesso pelo bairro de BrasÃlia Teimosa. A Serpente Marinha, com 22 metros de comprimento e feita com bronze, o Pelicano e alguns Atobás sumiram do espaço, ponto turÃstico da capital, durante essa semana. A Serpente Marinha contava com placas de metal que sustentavam o monstro marinho no chão e dava a impressão de um movimento ondulatório criado pelo rabo, cinco arcos formando o corpo e cabeça.
A Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer (Seturel) informa que já fez o levantamento das obras que foram furtadas do Parque das Esculturas e acionou a Secretaria de Defesa Social para que os fatos sejam apurados e a segurança do Parque reforçada. Com relação à s denúncias, eles afirmam que uma equipe irá ao local para analisar os reparos imediatos necessários. “A iluminação do parque foi alvo de investimento recente da Prefeitura do Recife, sendo concluÃda a instalação de luminárias LED no último dia 9 de novembro e de ações para evitar o furto das fiações. A limpeza do local é feita diariamente”, diz a nota.
A Secretaria ainda ressaltou que “a Guarda Civil Municipal do Recife monitora o Parque das Esculturas via câmera instalada no Marco Zero e da Ronda do Turismo, que pode ser acionada em caso de necessidade, bem como trabalha em parceria com a PolÃcia Militar”. A PolÃcia Civil informou que “abordagens são feitas com frequência, especialmente à noite”. “Nas últimas semanas, pessoas suspeitas de furtos e vandalismo do patrimônio foram detidas. Outras pessoas foram abordadas pela PMPE logo após o ocorrido, mas a escultura ainda não foi localizada. A Delegacia de Boa Viagem já iniciou as investigações, para, no menor tempo possÃvel, identificar possÃveis responsáveis”, completa a nota.
Relato
Roderick Jordão, 40, é responsável pelo projeto de cicloturismo urbano La Ursa. Foi ele quem publicou as primeiras imagens que repercutiram nas redes sociais sobre o ocorrido. “Foi exatamente fazendo as atividades de ciclismo, que tinham ponto de encontro no Parque, que vimos as esculturas se deteriorando e depois sendo furtadas”, diz o recifense. “Em relação à Serpente, primeiro sumiram os moldes do corpo. Na última segunda-feira (30) levaram o resto. Eu acreditava, na verdade, que fazia parte de uma manutenção. Mas na segunda-feira pela noite, durante um passeio de barco na lua cheia, desembarcamos no Marco Zero e eu comecei a escutar um barulho metálico e vi uma luz, que parecia ser uma lanterna. Perguntei aos barqueiros o que era. Eles disseram que provavelmente estavam roubando as esculturas”, continua.
O Parque das Esculturas foi inaugurado em 2000 como parte do projeto “Eu vi o mundo… ele começava no Recife”, em comemoração aos 500 anos do descobrimento do Brasil. Antes dos roubos e da depredação, o espaço reunia 90 obras de Brennand, com destaque para a Coluna de Cristal, que tem 32m de altura e foi confeccionada em argila e bronze. O local pode ser acessado pela água, usando embarcações que saem do Marco Zero, e por terra, pela Avenida BrasÃlia Formosa.
Vandalismo constante
A última revitalização completa do Parque foi realizada em 2013. Na época, a obra foi viabilizada pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) e contemplou a recuperação das peças, além de serviços de iluminação. Francisco Brennand, ainda vivo, participou do processo de requalificação. Nesses seis anos sem uma grande ação de manutenção, o parque foi depredado pelo tempo e pelo vandalismo, com várias lâmpadas, fios e materiais diversos furtados e destruÃdos. Como já mencionado, uma nova instalação de luminárias LED foi realizada em novembro.
“Este importante atrativo é constantemente alvo de vandalismo. Somente para recuperar monumentos, pontes e edificações públicas que sofreram ações de pichação e vandalismo a Prefeitura chega a gastar aproximadamente R$ 2 milhões por ano “, diz a nota da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, divulgada nesta sexta-feira (4).
“É com profunda indignação, mais uma vez, que o Instituto Oficina Cerâmica Francisco Brennand tomou conhecimento de novo ato de vandalismo ao Parque das Esculturas Francisco Brennand, dessa vez o inconcebÃvel furto de conjunto único de esculturas doadas pelo artista Francisco Brennand.
Projetado pelo artista a pedido da Prefeitura do Recife no marco dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, o Parque das Esculturas Francisco Brennand foi inaugurado em 2000 – com mais de 90 obras – tornando-se um dos mais visitados pontos turÃsticos da cidade.
Desde sua inauguração, o espaço sofre recorrentemente com ações de vandalismo e depredações pela falta de zelo e manutenção do poder público, transformando o que seria um cartão postal da cidade em um lugar de abandono e insegurança.
O descaso com um patrimônio dessa dimensão, sÃmbolo de uma cidade e situado no seu marco zero, é uma ofensa à população de Recife e um sintoma da incapacidade do poder público de zelar pelo bem comum.