Entre 11 e 25 de novembro, após receber alta da clínica e ser internado no que deveria ser um lar, Maradona morou com duas enfermeiras 24 horas por dia. O gerente do turno noturno verificou às seis da manhã da última quarta-feira, quando seu turno de trabalho terminou, se o ex-jogador ainda respirava.
O outro profissional de saúde mentiu em sua primeira declaração perante o tribunal, quando assegurou ter ouvido Maradona se levantar no meio da manhã para urinar. O craque, conforme constatado pela Justiça, morreu durante o sono de uma insuficiência cardíaca que gerou um edema agudo de pulmão, embora a hora exata ainda não seja conhecida.
A ausência de sinais vitais no ídolo foi descoberta pela psiquiatra e pelo psicólogo, que chegaram à casa de Tigre, ao norte da Grande Buenos Aires, às onze da manhã. Diante do alerta da dramática situação, Luque chegou ao local poucos minutos depois e avisou após o meio-dia que um paciente de 60 anos havia morrido. Ele não disse quem era.
Um dos enfermeiros declarou à Justiça que o último encontro entre Maradona e Luque terminou com uma forte discussão e um empurrão do ex-jogador de futebol no médico, embora ao mesmo tempo relativizasse essa situação: costumava ser relutante com os médicos e assistentes de saúde, muitos às vezes com episódios violentos. “Falei com o Diego no fim de semana e ele me disse: ‘Eles me trancaram aqui, eu quero sair”, disse Hugo, um de seus irmãos.
Por sua vez, as enfermeiras explicaram aos promotores que não haviam conseguido entrar no quarto de Maradona e que lhe passavam os comprimidos prescritos pelas auxiliares. Segundo os investigadores, essa falta de verificação exata de quais medicamentos o paciente estava tomando e quando não pode marcar uma suposta irregularidade na permanência no domicílio. Assim, o caso, que havia sido iniciado como uma “investigação das causas da morte”, foi provisoriamente elevado à categoria de homicídio culposo. Nas próximas horas, os resultados toxicológicos no sangue e na urina serão conhecidos.