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ARTIGO
Alô alô Realengo. 1969
Maria Aparecida Torneros
Final de janeiro de1969. Fui dar aulas na escola pública Senador Camará, em Realengo. Nas primeiras reuniões, uma professora chamada Matria Lúcia que era noiva de um oficial lotado na Vila Militar, pertinho da escola, nos traz a novidade: “carÃssimas, sabem quem estão detidos aqui no batalhão? Caetano e Gil.Burburinho geral!
Conseguimos escrever bilhetes carinhosos que jamais soube se chegaram à s mãos deles. Mas ficaram pouco tempo. Ela nos disse que estavam incomunicáveis. O A I 5, de dezembro de 1968, tinha nos deixado aflitas e medrosas. Mas nós oramos. Muitas vezes. Até que ela nos contou que tinham saÃdo da prisão.
Tempos depois, ao ouvir Alô alô Realengo, tive certeza de que a canção era pra nós que os velamos com fé para que não fossem torturados.
Agora, o resgate desse tempo. Com o filme sobre aquela fase da cadeia.
As jovens professoras e fãs daquela época, hoje tem 70 anos, mas jamais esquecerão aquele verão de injustiça.
Nosso silêncio era sagrado. Nosso direito de enfrentar, caladas também, era como um segredo de geração.
Cida Torneros é jornalista e escritora , autora do livro “A Mulher Necessária”, colaboradora e amiga do peito do Bahia em Pauta.
Vitor. Obrigada porpublicar meu comentário emocionado. Foram duas inesquecÃveis. Muitos medos. Em março eu começava a universidade. Janeiro fui dar aulas. Fiquei lá um ano. Os anos seguintes busquei estágios de jornalismo. Em 70 tive meu primeiro remunerado na assessoria de imprensa do velho Galeão. Peço pra Vc corrigir o1968 do AI 5. Pus errado 2968. Obrigada de novo. Os tempos difÃceis voltaram, infelizmente.
Maria Aparecida Torneros.
Parabéns pelo seu artigo. Tempos difÃceis, terrÃveis aqueles. Que Deus não permita que voltemos a eles como, sabemos, quer o atual presidente.
Oi Taciano. Vivemos esses tempos doidos no final da década de 60. Sinto-me num replay estranho. Fora de contexto. Mas, ontem um site de mulheres jornalistas que em sua maioria emigrou, me pediu para escrever sobre como é se avó na pandemia. Estou em BrasÃlia. Volto pro Rio amanhã. Ganhei uma neta . Fiz o texto. As avós da pandemia. Claro wuelembrei das avós da praça de maio. Continuamos em tempos de guerras ideológicas e insensatas. Mesmo assim há que confiar nas novas gerações.
E nas voltas que o mundo dá. Abraço forte.