Trem: O aceno que o tempo não apagou
Gilson Nogueira
Até hoje, o aceno de uma mulher, com o braço direito, da janela de um trem da Leste Brasileiro, que ia em direção a Juazeiro, presumo, tem um efeito tranquilizador extraordinário. Ele mora na lembrança e no coração do coroa que nasceu ouvindo Orlando Silva e outros cantores do mesmo naipe em ondas curtas, no rádio de um gênio da raça, meu pai.
As vozes dos bambas dos anos 50 do século passado dominam meu sentir saudade daquele dia, na Baixa da Bela Vista, da inigualável Serrinha, cidade do interior da Bahia que, um dia, segundo ouvi
em uma das viagens para o berço de uma brava famÃlia sertaneja, recebeu a visita de Ruy Barbosa, advogado retado, sinônimo de inteligência mundial, que tem um Museu, em Homenagem à Sua Memória, na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, bem pertinho do Humaitá.
Pois bem, como diria um velho contador de estórias, nascido em Petrolina, que deixou de ser soteropolitano por causa de um tostão, vou continuar viajando no expresso das boas lembranças. Quem foi aquela criatura que, ao avistar-me, caminhando, em direção à Praça LuÃz Nogueira, na Serra querida, flechou-me com um adeus?
O destino irá apresentar-me a ela, imaginei, na subida da Avenida Antonio Rodrigues Nogueira. ” Alô, tudo bem? Tudo! Lembra-se de mim? Lembro! Pois é, você me fez acreditar mais na vida! Você, também! E aÃ? Bem, acho que poderemos nos ver! De novo! Na Estação!” O tempo passou! Sem ela.
Gilson Nogueira é jornalista, colaborador da primeira hora do Bahia em Pauta.