Pedro Bial comentou, em entrevista à Rádio Gaúcha, o documentário “Democracia em Vertigem”, peça de propaganda petista dirigida por Petra Costa que disputará o Oscar no próximo domingo.
O jornalista disse que Petra é uma “ótima cineasta”, mas acabou transformando o documentário em uma “ficção alucinada”.
“Você cria uma relação de causa-consequência entre coisas que não tem a menor relação causal. O filme é todo assim”, criticou. “Vai contando as coisas, me desculpem a expressão, num pé com bunda danado.”
Bial disse mais:
“É uma menina querendo dizer para a mamãe dela que ela fez tudo direitinho, que ela está ali cumprindo as ordens de mamãe, a inspiração de mamãe. ‘Somos da esquerda, somos bons. Nós não fizemos nada’.”
“Doce Viver”, Emílio Santiago:Belíssima canção de Marcos Valle e Nelson Motta, de rica melodia e pungentes versos que recordam um Rio de Janeiro que não há mais. A interpretáção de Emílio Santiago, ao vivo, é simplesmente mágica e excede a tudo de melhor que se possa imaginar.Bravo!!!
A música vai com dedicatória especial para Douglas Dourado, aposentado mas sempre lembrado locutor de pista de grandes tranmisõões esportivas no estádio Agauto Moraes, em Juazeiro, na margem baiana do Rio São Francisco, colega de ginasial , cunhado e amigo de uma vida inteira deste editor.Parabéns!
O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos Michael Bloomberg propôs neste sábado grandes aumentos de impostos sobre corporações e indivíduos norte-americanos abastados, incluindo um novo tributo voltado a pessoas que ganham mais de 5 milhões de dólares por ano.
Bloomberg (Foto: Bill Pugliano/Getty Images north america/afp)
A campanha de Bloomberg estima que as medidas vão levantar cerca de 5 trilhões de dólares ao longo de 10 anos.
Todos os principais candidatos democratas defendem impostos maiores sobre os ricos e o plano de Bloomberg ajuda a situar o bilionário ex-prefeito de Nova York como um moderado entre os democratas que esperam desafiar o candidato republicano à reeleição, Donald Trump, na eleição de novembro.
As propostas de Bloomberg são parecidas com as apresentadas pelo candidato democrata mais bem cotado, Joe Biden.
Como Biden, Bloomberg defende a retirada de cortes de impostos introduzidos por Trump para norte-americanos ricos, bem como cobrar deles tributos maiores sobre lucros obtidos com vendas de ativos. Também como Biden, Bloomberg quer elevar o imposto cobrado de corporações de 21% para 28%.
Mas Bloomberg também disse que está mirando sobre a renda dos hiperricos como ele, adotando uma estratégia similar à proposta pelos progressistas Bernie Sanders e Elizabeth Warren.
Bloomberg construiu sua fortuna de 60 bilhões de dólares vendendo informação financeira para Wall Street. Ele se diferencia de Sanders e Warren pois sua proposta é taxar a renda em vez dos ativos. Enquanto Sanders propõe novos impostos sobre a fortuna dos 0,1% mais ricos dos EUA, Bloomberg quer uma sobretaxa de 5% sobre a renda anual dos que ganham acima de 5 milhões de dólares, atingindo o mesmo 0,1% mais rico do país.
A campanha de Bloomberg afirma que o plano vai ajudar a combater a desigualdade econômica e bancar as principais propostas de investimento do candidato, que incluem a expansão da cobertura do sistema de saúde e reforma de estradas e pontes.
“Estes investimentos precisam de nova receita, um sistema tributário mais justo, progressivo que pede para os norte-americanos ricos como eu pagarem mais”, disse Bloomberg.(Reuters)
Um grupo de brasileiros que está na China gravou um vídeo com um apelo a Jair Bolsonaro e ao chanceler Ernesto Araújo para a retirada de cidadãos do país afetado pelo surto do novo coronavírus.
Na gravação, eles dizem estar dispostos a passar pelo período de quarentena fora do território brasileiro e mencionam a evacuação feita por outros países.
“No momento em que essa carta está sendo escrita, não há, entre nós, quaisquer casos de contaminação comprovada ou até mesmo sintomas de infecção por coronavírus”, afirma um dos brasileiros em vídeo.
Como registramos, o governo brasileiro estuda estratégias para buscar os brasileiros na China.
Ele é apontado como chefe do Escritório do Crime, grupo suspeito de ter ligação com a morte de Marielle Franco.
Por G1 Rio
Adriano Magalhães da Nóbrega, miliciano e chefe do Escritório do Crime — Foto: Reprodução
Após uma denúncia recebida pela subsecretaria de inteligência, a Polícia Civil do Rio enviou um delegado e dois agentes à Bahia para realizar uma operação em busca de Adriano Magalhães da Nóbrega, que não foi encontrado. A ação ocorreu na sexta-feira (31).
De acordo com a própria polícia, ele é o miliciano que chefia o Escritório do Crime. O grupo de matadores de aluguel atuante no estado do Rio é suspeito de ter ligação com o assassinato de Marielle Franco.
Em nota, a polícia baiana diz que uma equipe prestou apoio à operação realizada na Costa do Sauípe.
Adriano está foragido há mais de um ano, após a Operação Intocáveis. Na ocasião, cinco foram presos acusados de grilagem de terra, agiotagem e pagamento de propina em Rio das Pedras, Zona Oeste.
Histórico do capitão
Adriano Magalhães da Nóbrega aparece nas escutas telefônicas do Ministério Público como “Capitão Adriano” ou “Gordinho”.
Adriano é considerado por policiais e investigadores como um indivíduo violento. Ex-capitão da tropa de elite da PM, Adriano foi preso duas vezes suspeito de ligações com a máfia de caça-níqueis.
Em 2011, foi preso na Operação Tempestade no Deserto, que mirou a cúpula do jogo do bicho. Na época, a investigação apontou que ele era segurança de José Luiz de Barros Lopes, bicheiro conhecido como Zé Personal, morto no mesmo ano.
Segundo o MP, o ex-capitão também era o responsável pela segurança da esposa de Zé Personal, Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Waldomir Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004.
Um ano antes, Adriano chegou a ser homenageado pelo hoje senador e então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Caso Queiroz
Adriano, segundo investigações do Ministério Público, era amigo do ex-PM Fabrício Queiroz, ex-funcionário do gabinete de Flávio Bolsonaro. A mulher e a mãe de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega e Raimunda Veras Magalhães, trabalharam no gabinete de Flávio.
O ex-PM teria inclusive recebido repasses de duas pizzarias controladas por Adriano. Dois repasses vieram das empresas controladas por Adriano, de acordo com os investigadores:
a Pizzaria Tatyara Ltda repassou R$ 45.330 mil
o Restaurante e Pizzaria Rio Cap Ltda enviou R$ 26.920 mil
O MP suspeita que Adriano seja sócio oculto dos dois restaurantes. Formalmente, o ex-policial não aparece no quadro societário das empresas. Quem aparece é a sua mãe, Raimunda.
Os promotores investigam se o saque de R$ 202 mil das contas de Danielle e Raimunda foram entregues em mãos a Fabrício Queiroz, evitando assim qualquer rastro dos repasses
Filmes nacionais exibidos na 23ª Mostra de Tiradentes apontam para um 2020 com narrativas que tratam da esperança no futuro em meio ao caos. Tem realismo fantástico, paródia, afeto e sorrisos
A atriz Léa Garcia em cena do longa ‘Um dia com Jerusa’.Divulgação
Em uma época de incertezas na cultura, o cinema brasileiro vive um momento de efervescência criativa e de calorosa recepção do público. Se 2019 consagrou a distopia (para alguns, utopia) nordestina de Bacurau como fenômeno cultural e ficou marcado pela crise política retratada em Democracia em Vertigem, de Petra Costa —que agora concorre ao Oscar—, 2020 começa com uma safra de filmes que refletem a realidade do país para além do caos sociopolítico. É o que mostrou a 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontece na cidade mineira de 24 de janeiro até este sábado. O evento, que inaugurou o calendário do audiovisual brasileiro, trouxe 113 filmes (entre curtas e longa-metragens), dentro do tema “A imaginação como potência”. São obras que projetam, na beira do abismo, realismo fantástico, sátiras, ambição estética e —por que não?— risadas.
“O que emerge na atual produção do país é o desejo de interpretar nossa experiência hoje, de projetar caminhos possíveis, de provocar imagens que nos remetam a uma perspectiva sobre o passado, tendo em vista não só um olhar original sobre as fraturas sociais e políticas, mas também uma superação destas num desejo de futuro”, explica o crítico Francis Vogner dos Reis, coordenador da Mostra Tiradentes.
Um dos longas que refletem esse momento é Pacarrete, do diretor Allan Deberton, que voltou seu olhar para sua pequena cidade natal, Russas, no interior do Ceará, para contar a história ingênua, engraçada e real de uma professora de balé (seu nome vem do francês pâquerette, que significa margarida) apaixonada por todas as artes e que brigava com a prefeitura para que seus projetos fossem realizados, o que nunca ocorreu. O filme é uma síntese do artista brasileiro, incompreendido pelo povo —Pacarrete era considerada louca— e subestimado pelo Governo, que não valoriza o poder da cultura. Apesar dos momentos tristes, é dessas obras às quais se assiste com um sorriso nos lábios durante uma hora e meia.
A atriz Marcélia Cartaxo em cena de ‘Pacarrete’.Divulgação
O alívio cômico também é a marca de Sofá, uma paródia tropical de Bruno Safadi que, apesar de ser cinema independente, é estrelado pelos globais Chay Suede e Ingrid Guimarães. A história, contada com imagens tingidas de diferentes cores que evocam estados emocionais, é a da ex-professora de escola pública Joana D’Arc e de Pharaó, um misto de bandido e herói, que circulam pelos escombros do Rio de Janeiro, convertido em cidade-ruína depois das remoções violentas que abriram espaço para as Olimpíadas, buscando uma reconciliação com um território usurpado. É humor em meio à destruição.
“2020 tem tudo para trazer uma produção muito heterogênea, com filmes que criam essas alegorias sobre o Brasil”, comenta a crítica Camila Vieira, uma das curadoras da Mostra. O ano passado já dava mostra de que os ventos começavam a soprar ares mais leves quando Pacarrete, visto como um patinho feio dentre as obras em competição, levou os principais prêmios do Festival de Gramado, incluindo melhor filme e direção.
Dentro do repertório heterogêneo, a surpresa é O Lodo, longa dirigido por Helvécio Ratton e baseado em um conto de Murilo Rubião, que leva para a tela um toque de realismo fantástico. Manfredo é um burocrata que sofre de depressão e procura um psiquiatra de métodos pouco ortodoxos para ajudá-lo. Com uma estética tradicional, o filme mergulha o espectador em uma espiral em que sonho e realidade, alucinação e espantos se misturam. Aqui, o cinema brasileiro coloca em segundo plano as crises nacionais e põe o foco na angústia e nos traumas do indivíduo.
A proposta de novos olhares também está presente em Sertânia, que conta a jornada de um cangaceiro com planos e cortes mergulhados no delírio do homem que agoniza. Filmado em preto e branco, com uma fotografia estourada —e impecável—, a obra de Geraldo Sarno é daquelas cuja beleza arrebata já na primeira cena. O filme é um retorno ao sertão que apresentam o cenário e o cangaço sob outra estética. Já não estão o chão rachado e o estonteante amarelo solar. Mas é possível sentir cada espinho de mandacaru na pele quando Antão Gavião rasteja na caatinga —e, com ele, a câmera—.
Em um exercício de vanguarda, Sertânia se constrói como um quebra-cabeça opaco, em uma narrativa não linear, um teatro moderno que faz lembrar Darren Aronofsky ou David Lynch. Em algumas cenas, a equipe de produção aparece ao fundo. É o ensaio do frenesi em que o protagonista mergulha, fazendo do espectador uma testemunha e cúmplice de sua via crucis.
Imaginário do afeto
Apesar das novas apostas estéticas e temáticas, os curadores da Mostra Tiradentes receberam muitas inscrições de filmes ainda mergulhados na ressaca dos acontecimentos dos últimos anos —perseguição contra liberdades, aumento do desemprego, instabilidade política— e que refletiam uma sensação geral de desesperança. Decidiram apostar, no entanto, no imaginário do afeto.
“Recebemos, principalmente nos curtas, muitos filmes de personagens enclausurados, tristes, sem enxergar nenhuma possibilidade de futuro ou saída do caos. E aí surgiram outras produções de grupos e coletivos com narrativas de opressões, mas apontando possibilidades de existência apesar disso. Optamos por selecionar esses filmes”, conta a curadora Camila Vieira.
Um dia com Jerusa, longa de estreia de Viviane Ferreira, é o melhor exemplo dessa aposta, já que está centrado na formação de laços afetivos a partir de uma ancestralidade compartilhada. O encontro se dá quando Silvia, uma jovem pesquisadora de mercado bate à porta da solitária Jerusa, que se prepara para a celebração do aniversário de 77 anos. Tendo como cenário o bairro do Bixiga, em São Paulo, o fluxo cotidiano das personagens é suspenso com o relato das reminiscências de Jerusa e as visões mediúnicas de Silvia de seu passado ancestral.
Daí surge o afeto, também presente no curta A Felicidade Delas, de Carol Rodrigues, que mostra corpos negros e lésbicos que pulsam, se encontram, se amam e se impõem aos perigos de existirem em uma sociedade que os quer excluídos. A brandura como reação à violência.
Para Camila Vieira, essa mudança de paradigma presente em muitas obras reflete o panorama do fazer cinema no Brasil. Ela coloca o pé no chão ao refletir sobre as ameaças que pairam sobre o setor —desde o corte de patrocínios e orçamentos até a eventual extinção da Ancine (Agência Nacional do Cinema). “Penso que não estamos mais na era Collor, quando também houve a extinção do Ministério da Cultura e da Embrafilme [empresa de economia mista estatal, produtora e distribuidora de filmes] e vivemos um momento sombrio de paralisação do cinema brasileiro. Hoje, o cinema é digital, o que dá uma possibilidade de realizadores fazerem seus filmes mesmo sem muito dinheiro. Quem sempre fez cinema, continuará fazendo.”
Um dos curtas da Mostra dá o tom do momento: Estamos todos na sarjeta, mas alguns de nós olham as estrelas.