Jornalista fundador do ‘The Intercept’ classificou ação do Ministério Público Federal como ataque à liberdade de imprensa. Vazamentos originaram série de reportagens, com participação do EL PAÍS

O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília denunciou o jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept, e outros seis investigados no âmbito da Operação Spoofing, que apura a invasão de celulares de autoridades como o ministro Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato. As mensagens privadas via Telegram das autoridades recebidas por Greenwald originaram uma série de reportagens feitas pelo The Intercept e um grupo de veículos, incluindo o EL PAÍS, que revelaram a proximidade entre Moro, então juiz da Lava Jato, e os procuradores e puseram em xeque a imparcialidade da operação.
“Glenn Greenwald, de forma livre, consciente e voluntária, auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta, o grupo criminoso, durante a prática delitiva, agindo como garantidor do grupo, obtendo vantagem financeira com a conduta aqui descrita”, diz o procurador Wellington Oliveira, sem maiores detalhes.
O jornalista do The Intercept sempre rejeitou ter auxiliado de qualquer forma os hackeamentos, citando o direito constitucional de sigilo de fonte. Nesta terça, em nota enviada à Folha de S. Paulo, declarou: “Há menos de dois meses, a Polícia Federal, examinando todas as mesmas evidências citadas pelo Ministério Público, declarou explicitamente que não apenas nunca cometi nenhum crime, mas também exerci extrema cautela como jornalista, nem cheguei de qualquer participação. Até a Polícia Federal, sob o comando do ministro Moro, disse o que está claro para qualquer pessoa: eu não fiz nada além do meu trabalho como jornalista —eticamente e dentro da lei.” “O Governo Bolsonaro e o movimento que o apoia deixaram repetidamente claro que não acreditam em liberdade de imprensa”, seguiu. Seus advogados disseram que vão tomar as medidas cabíveis e que pretendem acionar a Associação Brasileira de Imprensa.
Segundo a denúncia, Greenwald não era alvo das investigações inicialmente. Porém, ao longo das análises do material apreendido, foi encontrado um áudio em que o jornalista conversa com um dos investigados, Luiz Molição. A conversa teria ocorrido depois que a imprensa já havia noticiado a invasão ao celular de Moro. “Nesse momento, Molição deixa claro que as investigações e o monitoramento das comunicações telefônicas ainda eram realizadas e pede orientações ao jornalista sobre a possibilidade de baixar o conteúdo das contas do Telegram de outras pessoas antes da publicação de matérias pelo site The Intercept”, diz a denúncia. “Greenwald, então, indica que o grupo criminoso deve apagar as mensagens que já foram repassadas para o jornalista de forma a não ligá-los ao material ilícito”.
O procurador Wellington Oliveira entendeu então que Greenwald teria orientado o grupo, “caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção à fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”, segundo a denúncia. O MPF ainda ressalta que o jornalista não foi investigado pela Polícia Federal em respeito a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que vetou a implicação de Greenwald no caso.
Os outros denunciados são Walter Delgatti Neto, que já havia confessado ter invadido as contas de Telegram de pessoas públicas, e Thiago Eliezer Martins Santos, apontados como líderes do grupo. Além deles, Danilo Cristiano Marques, suposto “testa-de-ferro” de Delgatti, Gustavo Henrique Elias Santos, que teria desenvolvido técnicas que permitiram a invasão, a esposa dele, Suelen Oliveira, apontada como laranja, e Luiz Molição, que teria sido o porta-voz do grupo nas conversas com Greenwald, também foram denunciados. Se a Justiça aceitar a denúncia, as sete pessoas responderão por organização criminosa, lavagem de dinheiro —exceto para Greenwald— e interceptações telefônicas ilegais. Para a Procuradoria, os suspeitos utilizariam as invasões para ganhar dinheiro.
A publicação da série de reportagens marcou a agenda política brasileira desde junho de 2019 e abalou a percepção pública da Operação Lava Jato. Após as primeiras reportagens, o presidente Jair Bolsonaro chegou a sugerir que Greenwald poderia ser preso. As declarações provocaram protestos de entidades em defesa da liberdade de expressão no Brasil e no exterior.
O EL PAÍS, que assim como Folha, a Veja e outros veículos utilizou as mensagens para fazer reportagens, reitera que não paga para conseguir informações sigilosas nem estimula atos criminosos para tal, mas não se furta de apresentar a seus leitores um cabedal de notório interesse jornalístico, independentemente da forma que tenha chegado à imprensa protegido pelo sigilo de fonte.
ARTIGO
Uma guerra fratura a família Arraes
Vinícius Valfré
BRASÍLIA – O núcleo de uma das mais tradicionais famílias da política brasileira vive uma briga fratricida. Os atritos superaram o terreno privado do clã Campos-Arraes e a lavação de roupa suja se tornou pública. Antigas diferenças políticas se converteram em um fogo cruzado que é influenciado pela polarização nacional e se volta até mesmo contra o legado do seu quadro mais proeminente, o ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na campanha presidencial de 2014.
As divergências alcançaram outro patamar depois que o deputado federal João Campos (PSB-PE), filho de Eduardo, atacou o tio, o advogado Antônio Campos, o Tonca, em dezembro passado, na Câmara dos Deputados. Em reunião da Comissão de Educação, o ministro da área, Abraham Weintraub, lembrou ao parlamentar que Antônio contribui com o governo que ele critica porque é presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). “Eu nem relação tenho com ele, ministro. Ele é um sujeito pior que você”, retrucou o deputado, em referência ao tio.
Tão duro quanto o tom foi a forma. Em Pernambuco, “sujeito” pode não significar meramente uma pessoa indeterminada, mas alguém desqualificado socialmente. Nos bastidores, políticos da região disseram que essa expressão pesou mais do que qualquer coisa porque chamar alguém de sujeito, naquele Estado, equivale quase a um palavrão.
Mãe de Eduardo Campos, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes comprou a briga do filho e repreendeu o neto publicamente, numa rara entrevista concedida ao jornalista Magno Martins, na Rede Nordeste de Rádios, no início do mês. Disse ter ficado “entristecida” e “indignada” com a “má educação” e com a “prepotência” do neto, com quem parou de falar.
O presidente do TCU, José Múcio Monteiro, interferiu na tentativa de atuar como uma espécie de bombeiro. Amigo de Ana Arraes e também pernambucano, Múcio disse a Antonio e a João Campos, em conversas separadas, que era melhor serenar os ânimos porque em briga de família não há vencedores. Todos perdem, concluiu. Os conselhos, porém, não adiantaram. No rodízio do tribunal, Ana substituirá Múcio na presidência da Corte, no próximo ano.
Antes mesmo de a mãe tomar partido no conflito, Antônio Campos havia soltado uma nota por meio da qual acusava o sobrinho de ter sido “nutrido na mamadeira da empresa Odebrecht”. Antônio disse, ainda, que Pernambuco precisava conhecer o “lado obscuro” do sobrinho e da viúva de Eduardo, Renata Campos. João é considerado um representante da “nova política”, ao lado dos deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES).
‘Quis se mostrar para nova namorada’
Ao Estado, Antônio admitiu que a confusão não é boa para a família, mas continuou com as críticas e provocou o sobrinho. “Ele quis se mostrar para a sua nova namorada, a deputada Tabata Amaral”, disse o tio. “Foi um ataque gratuito porque estava fora do contexto. Fui o homem que mais defendeu o pai dele, inclusive no complexo caso dos precatórios, em que Eduardo teve denúncia rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal. E, hoje, eu o vejo abraçado e defendendo vários que chamavam o pai dele de ladrão. Não consigo entender.”
O PSB de João Campos atua no espectro da esquerda. Antônio, por sua vez, é crítico dos petistas e de alianças com o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Vejo o governo Bolsonaro saneando muita coisa errada feita na era PT. O Brasil precisava virar essa página, que a coragem de Bolsonaro tem realizado. Tenho mais convergências do que divergências com o presidente”, disse o advogado.
Políticos próximos de João Campos admitem que os dois lados da família saem perdendo com a briga, mas contam que as divergências são antigas. Tonca não tem boa relação com o núcleo de Eduardo desde antes de 2014. Mas, como o ex-governador emprestava sua habilidade política para apaziguar os ânimos, o clã permanecia unido.
O que não era tão ruim piorou em 2016, quando Antônio quis disputar a prefeitura de Olinda. Perdeu no segundo turno e se queixou da falta de apoio do PSB, além da suposta influência da viúva Renata contra ele. Na avaliação do irmão de Eduardo Campos, o seu crescimento político não interessava a uma parte da família e, por essa razão, ele teria sido alvo de isolamento e de perseguições.
Após a morte de Eduardo, o clã entrou em disputa pelo espólio eleitoral dele e do avô paterno, o ex-governador Miguel Arraes, o “Pai Arraia”, como o patriarca da família era conhecido na Zona da Mata. O PSB tratou de capitalizar, fazendo um esforço robusto para lançar João Campos e, mais do que isso, dar ao filho de Eduardo uma votação expressiva. Na eleição de outubro, por exemplo, ele é o favorito do grupo para suceder Geraldo Júlio (PSB) na prefeitura do Recife.
“A seção pernambucana é, sem dúvida, a mais forte do nosso partido. Por isso, penso que a situação do PSB em Pernambuco é muito boa e tem o candidato mais competitivo à prefeitura da capital, o deputado João Campos”, disse o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira. “No tocante a eventuais problemas familiares, não me compete falar. Eles devem ser separados da política e tratados no âmbito apropriado.”
Outros integrantes da família, no entanto, também se veem no direito de recorrer à memória de Eduardo e de Miguel Arraes. No Recife, a também deputada federal Marília Arraes, do PT, prima de João em segundo grau, quer entrar na corrida eleitoral deste ano. Além disso, a própria Ana Arraes não descarta abrir mão da cadeira no TCU para disputar o governo de Pernambuco, em 2022. Procurados, Ana, João e Renata Campos não se manifestaram. Marília Arraes, por sua vez, enviou nota na qual disse que a briga pública dos parentes é algo que não lhe diz respeito.
Para lembrar: a disputa por Recife
A disputa pela prefeitura do Recife na eleição municipal deste ano também deve colocar em lados opostos os dois principais herdeiros políticos do ex-governador Miguel Arraes, que morreu em 2005, como mostrou reportagem do Estado publicada em dezembro. O deputado federal João Campos (PSB), de 26 anos, foi escolhido pelo partido disputar a capital pernambucana. Sua principal adversária, no entanto, é a também deputada Marília Arraes (PT), 35 anos, que é neta de Arraes e prima de segundo grau de João. Essa disputa familiar só não deve ocorrer se o PT mantiver aliança com o próprio PSB no Estado e ‘rifar’ a candidatura de Marília para apoiar João.
“No meio da rua, no meio do povo”, Walter Queiroz: Waltinho mostra os caminhos da melhor trilha musical de qualquer estação do ano, mas principalmente do verão, da Lavagem ao Carnaval, para alegria geral da Bahia de Todos os Gênios!
BOM DIA!!!
(Gilson Nogueira)
Os 2.153 bilionários do mundo detêm mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas, que correspondem a cerca de 60% da população mundial. Os dados constam do novo relatório da organização não governamental Oxfam, Tempo de Cuidar – O trabalho de cuidado mal remunerado e não pago e a crise global da desigualdade, lançado nesse domingo (19), às vésperas do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
O estudo aponta que a desigualdade global está em níveis recordes e o número de bilionários dobrou na última década. Segundo o levantamento, o 1% mais rico do mundo detém mais que o dobro da riqueza de 6,9 bilhões de pessoas.
O relatório chama a atenção para o fato de que essa grande desigualdade está baseada em boa medida em um sistema que não valoriza o trabalho de mulheres e meninas, principalmente das que estão na base da pirâmide econômica. De acordo com a organização, no mundo, os homens detêm 50% a mais de riqueza do que as mulheres.
“Além de chamar a atenção para essa desigualdade extrema que não está sendo solucionada, resolvemos dar visibilidade a um tema que não tem visibilidade e que contribuiu para esse acúmulo de riqueza, que é o fato de o cuidado não ser remunerado ou ser mal remunerado”, disse a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia.
“Milhões de mulheres e meninas passam boa parte de suas vidas fazendo trabalho doméstico e de cuidado, sem remuneração e sem acesso a serviços públicos que possam ajudá-las nessas tarefas tão importantes”, completou.
Segundo cálculos da Oxfam, o valor monetário global do trabalho de cuidado não remunerado prestado por mulheres a partir dos 15 anos é de US$ 10,8 trilhões por ano, três vezes maior que o estimado para o setor de tecnologia do mundo.
Katia destacou a forte contribuição da questão de gênero na desigualdade mundial. “Se você juntar os 22 homens mais ricos do mundo, eles têm a mesma riqueza que todas as mulheres que vivem na África, que é em torno de 650 milhões”.
Segundo a Oxfam, as mulheres fazem mais de 75% de todo trabalho de cuidado não remunerado do mundo. Frequentemente, diz a organização, elas trabalham menos horas em seus empregos ou têm que abandoná-los por causa da carga horária com o cuidado de crianças, idosos e pessoas com doenças e deficiências físicas e mentais bem como o trabalho doméstico diário.
Alerta
A organização alerta que o problema deve se agravar na próxima década à medida que a população mundial aumenta e envelhece. Estima-se que 2,3 bilhões de pessoas, entre idosos e crianças, vão precisar de cuidado em 2030, um aumento de 200 milhões desde 2015.
De acordo com a pesquisa, no Brasil, em 2050, serão cerca de 77 milhões de pessoas que vão depender de cuidado, o que representa pouco mais de um terço da população estimada entre idosos e crianças, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O mundo enfrenta uma crise de prestação de cuidados devido aos impactos do envelhecimento da população, a cortes em serviços públicos e sistemas de proteção social e aos efeitos das mudanças climáticas – ameaçando piorar a situação e aumentar o ônus que recai sobre trabalhadoras de cuidado”, diz o documento.
O relatório também aponta que governos vêm cobrando alíquotas fiscais baixas dos mais ricos e de grandes corporações, “abandonando a opção de levantar os recursos necessários para reduzir a pobreza e as desigualdades”.
De acordo com o estudo, se o 1% mais rico do mundo pagasse uma taxa extra de 0,5% sobre sua riqueza nos próximos 10 anos, seria possível criar 117 milhões de empregos em educação, saúde e de cuidado para idosos.
“Em vez de ampliar programas sociais e gastos para investir na prestação de cuidado e combater a desigualdade, os países estão aumentando a tributação de pessoas em situação de pobreza, reduzindo gastos públicos e privatizando a educação e a saúde, muitas vezes seguindo o conselho de instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional (FMI)”, diz o documento.
Recomendações
A Oxfam recomenda que os governos devam investir em sistemas nacionais de prestação de cuidados para solucionar a questão da responsabilidade desproporcional pelo trabalho de cuidado realizado por mulheres e meninas.
Outra recomendação é valorizar o cuidado em políticas e práticas empresariais. “As empresas devem reconhecer o valor do trabalho de cuidado e promover o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras. Além disso, devem apoiar a redistribuição do cuidado oferecendo benefícios e serviços como creches e vales-creche e garantir salários dignos para prestadores de cuidado”, afirma o documento. (Agência Brasil)
A atriz e dubladora Andrea Arruti, que emprestou sua voz à Elsa na versão mexicana de Frozen – Uma Aventura Congelante, morreu aos 21 anos de idade.
Segundo informações da Forbes México, a jovem faleceu no dia 03 de janeiro, mas a notícia só foi divulgada na última semana. As causas da morte são desconhecidas até o momento.
Apesar da pouca idade, Arruti teve uma vasta experiência em dublagem emprestando sua voz a personagens como Brigette, em Phineas e Ferb, Diamond Tiara, em My Little Pony, e à Princesa Jujuba, em Hora da Aventura.
Arruti tinha vários projetos futuros, incluindo dar voz a Neeko, personagem de League of Legends, que acabou de entrar no videogame, e se preparar para incursão na carreira musical.
Foi a maior fuga de uma prisão na história do Paraguai, segundo o Governo. Na madrugada de domingo, 75 presos ligados à organização criminosa mais poderosa do Brasil escaparam de uma prisão perto da fronteira entre os dois países. Embora as autoridades tenham encontrado um túnel aparentemente cavado durante semanas, não descartam a possibilidade de que os presos tenham escapado pelo portão principal do presídio, com a cumplicidade dos guardas. A espetacular fuga evidencia o poder que o Primeiro Comando da Capital (PCC) adquiriu no Paraguai, onde obtém armas e maconha, e por onde transita a cocaína que compra na Bolívia e envia para a Europa por portos do Brasil.
Cerca de 40 dos que escaparam têm nacionalidade brasileira. O Governo de Jair Bolsonaro anunciou imediatamente o envio de 200 policiais para reforçar a fronteira e tentar impedir a entrada em seu território dos fugitivos da prisão de Pedro Juan Caballero, cidade onde o PCC deu há quatro anos o golpe com o qual deixou claro que pretendia ser o cartel hegemônico da região. Lá, matou em uma emboscada espetacular o chamado rei da fronteira, Jorge Rafaat Toumani, chefe local do contrabando e tráfico de armas e drogas que abastecia o PCC, mas também outros grupos. A organização criminosa tem um forte domínio territorial nos Estados fronteiriços brasileiros.
Seis caminhonetes usadas na fuga foram encontradas queimadas em Ponta Porã, cidade brasileira que fica no limite da fronteira, segundo uma porta-voz da polícia citada pela France Presse. Uma avenida liga as duas localidades. Entre os fugitivos, alguns envolvidos em uma batalha carcerária no Paraguai no ano passado que resultou em vários presos decapitados. Esse tipo de punição para aqueles considerados inimigos ou traidores é frequente nos motins nas prisões do Brasil.
O Brasil ofereceu ajuda ao Paraguai, que demitiu de modo fulminante o diretor da prisão e 28 guardas. Os prisioneiros cavaram o túnel durante semanas e, apesar de acumularem centenas de sacos de areia e entulho, ninguém deu o alarme.
As autoridades paraguaias não puderam impedir a fuga, embora, como admitiram, já tivessem informações em dezembro de que o PCC estava oferecendo uma recompensa de 80.000 dólares (335.000 reais) a quem o ajudasse na fuga de seus afiliados.
O PCC, criado em um presídio de São Paulo no início dos anos 90, tem cerca de 30.000 membros dentro e fora das prisões. Dada a fragilidade do Estado no sistema penitenciário, o grupo controla o funcionamento interno de dezenas de prisões.
“No Paraguai tudo é novidade. A presença do PCC é novidade, suas estratégias, os grandes subornos são novidade. E isso abre lacunas”, explicou ao jornal O Estado de S. Paulo o especialista na facção criminosa Bruno Paes Manso, da Universidade de São Paulo. “Embora [o Paraguai] seja um país importante para a maconha e como trânsito de cocaína da Bolívia, o PCC chega de modo muito truculento, com outra relação com o mercado das drogas e uma estratégia muito violenta de dominar as prisões para assustar o Paraguai”, segundo o especialista.
O cartel tem uma célula dedicada a organizar fugas. Por isso, o ministro da Justiça do Brasil, Sergio Moro, alertou na noite de domingo que “se voltarem para o Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal”. São muito poucas e as mais temidas pelos traficantes de drogas porque nelas não têm o espaço de manobra que exibem nas prisões estaduais. Logo após a posse de Moro, no início de 2019, a direção do PCC, com Marcos Camacho, conhecido como Marcola, à frente, foi transferida de prisões estaduais de São Paulo para outras administradas pelo Governo federal. O especialista Paes observa que “o PCC aprendeu a crescer e a ser forte com seus chefes presos. Mas a fuga é muito valorizada. Quem escapa ganha respeito e uma aura de mito”. O sistema penitenciário foi o primeiro palco de sua rápida expansão no Brasil. Depois, alastrou-se para as favelas e, nos últimos cinco anos, para os países vizinhos.
Na madrugada de domingo para segunda-feira, também foi registrada uma fuga em massa do lado brasileiro da fronteira, mais ao Norte. Ao menos 26 presos fugiram da Penitenciária Francisco d´Oliveira Conde, em Rio Branco, no Acre ?um deles, Adalcimar Oliveira de Almeida, foi recapturado logo depois?. Os fugitivos seriam da facção criminosa Bonde dos 13, aliada do PCC, e usaram lençóis amarrados para escalar o muro do presídio. As autoridades locais tentam se certificar de que os fugitivos não deixem os limites do Estado e a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Ministério Público foram acionados para auxiliar no caso.
Era uma das perguntas mais repetidas desde o início de janeiro, quando começou a temporada de prêmios: quando seria o reencontro entre Jennifer Aniston e Brad Pitt? A resposta veio na noite de domingo, durante a cerimônia dos prêmios concedidos pelo Sindicato de Atores, os SAG Awards. Foi quando Aniston e Pitt voltaram a se encontrar. É certo que isso já havia acontecido duas semanas antes, no Globo de Ouro, mas agora eles se cumprimentaram e posaram para fotos juntos. E o mundo inteiro foi testemunha dessas imagens.
Tanto Pitt como Aniston saíram vencedores: ele levou o prêmio de melhor ator coadjuvante num filme (por seu papel em Era Uma Vez em… Hollywood, de Quentin Tarantino) e ela, o de melhor atriz numa série dramática por seu papel de apresentadora em The Morning Show, uma das primeiras produções próprias da plataforma de TV da Apple. Mas a foto mais esperada não chegou no tapete vermelho, na plateia e nem no palco. Foi mais informal: aconteceu nos bastidores e deixou transparecer a emoção e o desejo de cada um dos membros do ex-casal de que o outro se saísse bem. E foi isso que enterneceu o mundo. Do mesmo jeito que as imagens em que Pitt está atrás do palco para escutar, com um sorriso nos lábios, o discurso de sua ex-mulher.
Era a conta oficial dos próprios prêmios SAG que publicava as imagens no Twitter. Pitt, de 56 anos, com terno preto, camisa branca e sem gravata, e Aniston, 50, com um vestido branco de cetim, acenavam um para o outro emocionados. Ele segurava a mão da atriz; ela, pelo gesto de seu braço esquerdo, parecia a ponto de abraçá-lo. Após essa foto, outra deu continuidade à sequência: ela saía dos bastidores enquanto ele segurava seu braço carinhosamente.