Ao eminente casal de magistrados Cenina e Baltazar Miranda Saraiva!
Em nenhum momento da história, as pessoas dispuseram de tanto poder, para forjar o próprio destino, quanto agora, em razão do aumento exponencial da possibilidade de construção do futuro pessoal, com sensível redução da imponderabilidade que continua pertencendo ao domínio dos deuses. Ao imponderável, como sinônimo de tudo que escapa ao nosso controle, costumamos dar o nome genérico de sorte ou azar. Por aí se vê, que não temos como escapar do que resultar da combinação desses dois tipos de futuro: um, que não dominamos e resulta das injunções do acaso, e outro que depende da qualidade de nossa conduta diante das demandas da vida. Esse raciocínio se aplica tanto às pessoas, quanto às organizações de toda natureza, inclusive aos países e às nações.
Descartando o imponderável, sobre o qual não temos controle, a construção do futuro presente ou o futuro que já aconteceu, por resultar quase que inelutavelmente dos atos de agora, como o cálculo do tempo de chegada ao solo de um corpo lançado de determinada altura, está ao alcance de todos, de que são prova o avanço e o atraso das sociedades modernas, regradas pela dimensão do conhecimento ou padrão educacional, sem qualquer exceção possível: são prósperos os países educados; instáveis os países que negligenciam o dever de colocar educação de qualidade ao alcance de todos.
Segundo a ótica desse raciocínio, as inegáveis conquistas alcançadas pelo povo brasileiro, nesse agonizante ano de 2019, apontam para a sensível melhoria de nosso bem-estar geral, no curso do ano que logo se iniciará. As reformas já materializadas, a moralização das contas públicas, a intolerância com a criminalidade de toda natureza, a redução da presença do Estado no domínio econômico, a crescente consolidação da opinião pública, a restauração da confiança internacional num Brasil que combate a corrupção, tudo isso aponta para a ampliação do processo de retomada do crescimento da economia nacional, cuja prova maior reside na gradual restauração dos postos de trabalho, fonte de grande infelicidade coletiva. A queda da inflação e dos juros aos níveis mais baixos da História, com o natural consectário da subida dos índices da Bolsa de Valores e estabilização do câmbio, ao lado de sensível redução da criminalidade violenta, completam o quadro que legitima o otimismo.
É preciso, porém, cuidar da carcaça em que habitamos e vivenciamos todas as nossas emoções: o próprio corpo. Para mantê-lo em boa forma, recomenda-se uma caminhada diária, entre vinte minutos e uma hora, a depender do conjunto das condições psicossomáticas do freguês, entre três e seis vezes, por semana, acompanhada de alimentação saudável, como sabem o que isso seja todas as pessoas de boa e de má vontade. No plano econômico-financeiro, dois cuidados: 1- fugir de endividamento que empana a alegria de viver e 2- manter rotina de atualização mínima de conhecimentos, de modo a nos habilitarmos a processar e interpretar de maneira inteligente e sistêmica a massa de informações diariamente recebidas. Em outras palavras: boas leituras e conversa com pessoas cultas.
No plano da afetividade, o grande conselho consiste em valorizar o universo das pessoas que nos são caras, familiares e amigos, sem perder de vista a manutenção de uma atitude permanentemente delicada, erga omnes, para elevar a cota de fraternidade e felicidade do mundo. Espiritualmente, além dos conhecidos exercícios de Ioga, a audição de músicas suaves e a prática de orar, regularmente, sugere-se a entrega pessoal, sob a forma da prestação de um serviço comunitário, a ajuda a pessoas carentes ou uma visita semestral a pacientes terminais, a visualização de cujos sofrimentos tende a reduzir a magnificação dos nossos. Cuidar de plantas ou de animais é de preceito, de valor reconhecido pela psicologia de todos os tempos. Os portadores de boa saúde sentirão inefável bem-estar se doarem uma ou duas vezes por ano um pouco do próprio sangue para devolver moribundos à vida. A todos recomenda-se formalizar a doação dos próprios órgãos, quando da grande viagem sem retorno. Sempre teve razão S. Francisco de Assis: É dando que se recebe.
Sobre nossos horizontes, há, apenas, uma sombra que se impõe apagar com a única luminosidade possível: a introjeção da consciência geral de que o acesso pelas massas a educação de qualidade é o único meio de reduzir de modo consistente os degradantes desníveis de desigualdade que nos infelicitam e infamam aos olhos do mundo. Fora daí, é dar razão a Stefan Zweig e continuarmos a achar que o Brasil é o País do Futuro!
“Quando o amor acontece”, Zizi Possi: Uma das mais belas e representativas composições de João Bosco, aqui em marcante interpretação de Zizi Possi, gravada no álbum Joao Bosco Songbook Vol. 1. Para ouvir, cantar e aplaudir.
Somente um feriado nacional cai num domingo no novo ano: 15 de Novembro, quando o Brasil celebra a Proclamação da República. Já para as mais de 1.000 cidades do país que consideram o Dia da Consciência Negra um feriado, há mais uma chance de prolongar a folga: 20 de novembro cairá numa sexta-feira em 2020.
Os únicos meses sem feriadões nacionais em 2020 são Março e Julho —embora os paulistas tenham neste mês mais uma possibilidade de esticar o fim de semana: o Dia da Revolução Constitucionalista de 1932, celebrado em 9 de Julho (válido no Estado de São Paulo) será uma quinta-feira.
Veja as datas comemorativas celebradas nacionalmente no país
25 de Fevereiro – Carnaval (Terça-feira): a segunda-feira, 24 de fevereiro, é ponto facultativo, bem como a quarta-feira de Cinzas (ponto facultativo até as 14h).
ABRIL
10 de Abril – Paixão de Cristo ou Sexta-Feira Santa
Em entrevista ao Valor Econômico, Bruno Covas voltou a pedir a expulsão de Aécio Neves do PSDB.
“Estou muito desconfortável de fazer parte de um partido que tem Aécio como quadro”, afirmou o prefeito de São Paulo. “Mas ainda está em tempo de o PSDB expulsá-lo.”
O tucano disse mais:
“Acusação até eu tenho, tenho um monte de processo do período que estou aqui como prefeito. Mas é muito difícil de explicar o motivo de um cara desses estar no PSDB. [O partido] comete o mesmo erro que apontamos no PT. Não expulsa quem foi condenado pela Justiça.”
O garoto de 14 anos não esperava descobrir a sua futura profissão naquele jornal deixado na porta de casa, numa manhã de 1956. A leitura da coluna do crítico de cinema Moniz Vianna, no Correio da Manhã, o desobrigou de testes vocacionais. “E isso que eu quero fazer da vida”, ele pensou alto.
O jornalista Sérgio Augusto (Foto: Chico Cerchiaro/Divulgação)
Perto de completar 60 anos de jornalismo, Sérgio Augusto, 77, ganha a primeira antologia de ensaios dedicados ao universo cinematográfico. Escritos em sua maioria entre 2000 e 2010, os 89 textos de “Vai Começar a Sessão”, lançado pela editora Objetiva, refletem a maturidade do crítico cultural, que não traiu aquela intuição na adolescência.
O ex-membro do Pasquim trabalhou em redações do Rio de Janeiro, onde mora, e colaborou por 15 anos com a Folha, tornando-se colunista d’O Estado de S. Paulo nos anos 1990. Em 1960, Sérgio Augusto
se integrou à geração do cinema novo no jornal estudantil O Metropolitano, sem medo de sair desta trincheira para frequentar críticos não alinhados ao movimento, como Moniz Vianna e Ely Azeredo.
“Não estranhava, não me constrangia. Relacionava-me com Moniz, Ely, os demais 365 críticos de cinema do Correio da Manhã e os colegas de outras redações da mesma forma descontraída como convivia com os cineastas”, diz Sérgio Augusto à reportagem.
“Cacá Diegues foi meu primeiro ‘professor de jornalismo’, pois chefiava a redação de O Metropolitano. Curiosamente, foi o único dessa turma de amigos que brigou comigo, por causa de minha crítica ao filme ‘Joanna Francesa’ na revista Veja. Mas não demoramos a fazer as pazes.”
Apesar das pressões, Sérgio Augusto não usou a crítica como uma etapa para realizar longas. O cineasta Walter Lima Jr., seu amigo, queria tê-lo como assistente de “Menino de Engenho”, de 1965. “Agradeci, não era a minha dirigir cinema, e lhe sugeri a contratação de um menino que me parecia especialmente talentoso, chamado Julio Bressane.”
Outro exemplo de sua autonomia veio em 1989, ao publicar “Este Mundo É um Pandeiro – A Chanchada de Getúlio a JK”, pioneiro resgate da história de filmes populares rejeitados pelos politizados cinemanovistas.
Desde a fase heroica da cinefilia, nos anos 1950 e 1960, ele se adapta às mudanças tecnológicas. “No início dos anos 1970 seria abusar muito do futurismo imaginar que um dia pudéssemos ver e ter em casa filmes de nossa preferência, mas aí veio o VHS, o DVD, e, agora, o streaming. Parafraseando o efeito do observador formulado por Heisenberg, o modo de consumir muda a percepção do consumidor. A cinefilia se expandiu, a ponto de justificar a instituição de cursos dedicados ao estudo teórico e prático de cinema em universidades”, afirma.
“Hoje existem milhões de críticos na internet, a atividade vulgarizou-se consoante ao truísmo de que qualquer um pode ser crítico de cinema. A tão lastimada infantilização do cinema americano é parte dessa mudança. Isso também explica a perda da aura do crítico de cinema.”
Sérgio Augusto firmou o seu espírito de ensaísta numa costura de história cultural e memórias de leitor e espectador. O Pasquim lhe deu, em boa medida, a ginga de vestir com humor os seus juízos críticos. Esse estilo tem a cara de seu próprio papo, que confere um sentido mais elevado ao esporte de jogar conversa fora, pois, em seu caso, melhor seria dizer jogar conversa dentro, pela erudição sem solenidade.
No prefácio, o crítico Paulo Roberto Pires aponta a sua filiação: “Sergio Augusto e, ate onde sei, o unico filho intelectual de um estranho casal formado pela Cahiers du Cinema e a New Yorker. Quem e o pai ou a mae nao faz diferenca, ja que puxou a ambos”.
Uma suspeita de maternidade pode recair sobre a americana Pauline Kael, “a Maria Callas da crítica de cinema”, cujas virtudes de estilo são listadas no livro. “Sua prosa era um luxo: viva, coloquial, distinta, esbravejante, isenta e alergica a modismos e jargao academico. Sintagma, significante e diegetico nao faziam parte do seu lexico.” À exceção de “esbravejante”, todo o resto também se aplica aos textos de “Vai Começar a Sessão”.
Nas leituras da revista francesa Cahiers du Cinéma, ele se divertia com o quarteto mágico Truffaut, Godard, Rohmer e Rivette, mas admirava sobretudo os críticos veteranos Andre Bazin, Jean Domarchi, Jean Douchet e Andre S. Labarthe.
A coletânea realça o prazer de ligar o cinema às demais artes. Há ensaios sobre o compositor alemão Richard Wagner nas trilhas de filmes, o fracasso de adaptações de Thomas Mann e o gosto cinéfilo do antropólogo francês Levi-Strauss.
A mescla de crítica e memória se manifesta, com mestria, nos textos sobre Moniz Vianna, Jeanne Moreau, a relação do cinema novo com os Cahiers, Sharon Tate, William Wyler e o fla-flu Jean Renoir x René Clair, ao passo que demonstra a sua força analítica no exame das obras de Luis Buñuel e Éric Rohmer e do crítico Paulo Emílio Sales Gomes.
Nos últimos anos, a escalada de uma “mentalidade fascista” vem preocupando Sérgio Augusto, observador diário da política. “Nunca houve um governo mais ostensivamente obscurantista que o de Bolsonaro. Nem a ditadura militar, que, afinal de contas, era explicitamente um regime autoritário, fruto de um golpe armado”, afirma.
“Collor quase acabou com a indústria de filmes. O estrago bolsonarista promete ser bem mais extenso e profundo. Nosso cinema, que vive uma das melhores fases de sua história, não merecia esse infortúnio.”
O cerco aos cineastas tem mais de um antecedente histórico. “No Estado Novo o governo também perseguiu filmes que exibissem nossas misérias sociais, incentivou o culto ao trabalho e a supostos heróis da pátria. Orson Welles sofreu pressões por filmar as favelas cariocas no malfadado ‘It’s All True’. Tais pressões são cíclicas”, avalia o crítico.
Ele lista outras vítimas da censura em períodos democráticos ou autoritários: “Rio 40 Graus”, de Nelson Pereira dos Santos, em 1955; “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, em 1964; e, no governo José Sarney, “Eu Vos Saúdo Maria”, de Godard. (Claudio Leal/FolhaPress)
VAI COMEÇAR A SESSÃO: ENSAIOS SOBRE CINEMA SÉRGIO AUGUSTO / Quando: Lançamento nesta quinta (19), às 19h / Onde: Livraria Argumento (R. Dias Ferreira, 417, Leblon, Rio de Janeiro) / Preço: R$89,90 (438 págs.) / Editora Objetiva.
O artista plástico recifense faleceu nesta quinta-feira , aos 92 anos
O artista plástico Francisco Brennand.Wikimedia Commons
Joana Oliveira
São Paulo
O artista plástico recifense Francisco Brennand faleceu nesta quinta-feira (19/12), aos 92 anos, “em decorrência de complicações de uma infecção respiratória”, segundo nota do Real Hospital Português, na capital pernambucana, onde Brennand estava internado há dez dias para se tratar de uma pneumonia. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), decretou luto oficial de três dias no Estado e, em nota, exaltou o legado do artista: “Francisco Brennand foi um artista notável, um homem à frente do seu tempo, como mostra o reconhecimento que obteve, ao longo da sua trajetória, no Brasil e no exterior. Ele pertence a uma geração de artistas que elevaram Pernambuco ao topo”.
Ceramista, escultor, desenhista, pintor, tapeceiro, ilustrador e gravador, Brennand é conhecido por criar gigantescos monumentos, como os do Parque das Esculturas, um dos principais pontos turísticos da capital pernambucana, que reúne 90 peças em homenagem aos 500 anos do descobrimento do Brasil. Uma das que mais chamam a atenção é a Torre de Cristal, feita em argila e bronze, com 32 metros de altura —inspirada em uma flor descoberta pelo paisagista Roberto Burle Marx— e que pode ser vista do Marco Zero de Recife.
A formação artística de Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, que nasceu em 11 de junho de 1927, começou em 1942, quando passou a trabalhar na Cerâmica São João como aluno informal do escultor Abelardo da Hora. Seus trabalhos refletiam sua preocupação com o meio ambiente e o futuro da humanidade na Terra e, já no fim da década de 1940, ele ganhou seu primeiro prêmio como mestre ceramista. Ficou conhecido como o homem que sabia dar forma aos sonhos e que transformou em arte a vida simples do povo.
No Colégio Oswaldo Cruz, onde se matriculou em 1943 para concluir o segundo colegial, conheceu Déborah de Moura Vasconcelos, que se tornaria sua mulher, e foi colega de sala do escritor Ariano Suassuna. Foi Suassuna quem percebeu o talento de Brennand para fazer caricaturas de professores e colegas, e o convidou para ilustrar poemas publicados no Jornal Literário do colégio.
Em seguida, recebeu influências (e aulas) de pintura de Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco, e de Murilo Lagreca. Em seus quadros, estão presentes flores e frutos que parecem flutuar no espaço, explorando o uso de linhas simplificadas e cores puras. O gosto pela cerâmica veio depois, incentivado pelas obras dos espanhóis Pablo Picasso e Joán Miró, além do francês Jules-Fernand-Henri Léger, com quem teve contato durante uma estadia em Paris.
A singularidade de suas obras rendeu-lhe o Prêmio Gabriela Mistral, concedido pela Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1994. Foi o primeiro brasileiro a receber tal honraria.
Veia de colecionador
Em novembro de 1971, o artista resolveu transformar as ruínas da Cerâmica São João da Várzea, (antigo Engenho São João), fundada em 1917 pelo próprio pai, Ricardo Brennand, e, nas ruínas, deu início a um projeto de esculturas de cerâmica que se multiplicaram nas áreas interna e externa do local. Assim nasceu o Instituto Ricardo Brennand, um espaço cultural cercado de mata atlântica preservada, que reúne um castelo, uma pinacoteca, biblioteca, galeria de arte e um jardim de esculturas. Inaugurado em 2002, o local é considerado um dos melhores museus do país, com um acervo permanente de objetos histórico-artísticos, incluindo extensa documentação histórica e iconográfica relacionada ao período colonial e ao Brasil Holandês.
O acervo inclui, por exemplo, a maior coleção do mundo de pinturas de Frans Post, o primeiro pintor da paisagem brasileira e o primeiro paisagista das Américas. Na biblioteca, encontram-se mais de 60.000 volumes —muitos raros—, datados do século XVI em diante.
Brennand era um colecionador dedicado. Descobriu essa vocação ainda na infância, ao ganhar um canivete de presente do pai. Começou, então, a colecionar armas brancas, um arsenal que hoje conta com mais de 3.000 peças, todas expostas no Instituto. Outros destaques do acervo são o conjunto de Armaduras Maximiliana de Campo para cavalo e cavaleiro, de 1515; a espada pistola alemã de 1590; as espadas que pertenceram ao Rei Faruk do Egito e o conjunto de fuzis pertencentes a Dom Pedro I e Dom Pedro II.