Texto de ISAAC AVERBUCH. Reproduzido pelo Bahia em Pauta do endereço do maestro e professor da Escola de Música da UFBA. Leitura que o BP recomenda. Com entusiasmo!!! (Vitor Hugo Soares, editor).
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Greta e Malala
Nos últimos tempos duas meninas chamaram a atenção do mundo e ambas foram parar na ONU. Duas histórias muito diferentes e duas personalidades totalmente distintas. Uma falou com pleno conhecimento de causa e outra sem conhecimento algum. Uma trazia um sentimento nobre, palavras sensatas e um semblante humilde; a outra exibe uma face arrogante, um discurso malcriado e interesses ocultos nada admiráveis (e que por isso precisam permanecer ocultos).
A que surgiu mais recentemente, a sueca Greta, que nem completou o ensino médio, pretende dar ao mundo aulas de ecologia. A ela não faltou, jamais, qualquer suporte material, desde antes de nascer. Nascida num dos países mais ricos do mundo, nunca viu a miséria de perto, não faz a mínima ideia do que sejam as dificuldades da vida, mas do alto da sua ignorância quer ditar como a humanidade deve viver. O excesso de conforto material não evitou que a mocinha se transformasse num pequeno poço de revolta. Em tom quase histérico anuncia que estamos às portas de uma “extinção em massa”. Com o olhar injetado de ódio e rosto crispado, questiona, sabe-se lá quem: “vocês roubaram a minha infância e os meus sonhos!”.
Como assim? O que lhe faltou na sua infância? Pelo jeito, carinho da família ou dos amigos e uma educação que lhe abrisse os olhos para o fato (evidente) de que o mundo é complicado mesmo e que as coisas não se resolvem do dia para a noite. Talvez conselhos no sentido de não ser tão agressiva e rancorosa. Se foi isso que lhe “roubaram”, garota, procure os culpados na sua casa e na sua escola, não no resto do mundo. Ah,…. mas à escola a menina-que-sabe-tudo não vai mais, exatamente porque já sabe tudo….
Eu me pergunto: roubaram seus sonhos? Foi mesmo? Aos 16 bem vividos anos já não há mais com o que sonhar? Se alguém lhe “roubou” esses sonhos e você não tem mais nenhum, o problema está em você, não no resto da humanidade. Se você não sonha em ter uma profissão ou uma carreira, ganhar a sua vida, ter uma família e, quem sabe, colaborar para construir um mundo melhor, o problema está só em você, que espera que seus “sonhos” lhe sejam entregues sem esforço. Isso não vai acontecer, menina. Melhor se acostumar com a ideia, por frustrante que ela seja. Talvez até hoje seus pais e financiadores ocultos tenham feito o possível para realizar esses tais “sonhos”, mas à medida que o tempo passa, o esforço precisa, cada vez mais, ser seu mesmo. E não adianta inchar a veia do pescoço enquanto esbraveja na ONU, sob os aplausos de uma plateia de idiotas que, avidamente, tentam sorver os ensinamentos que você não tem para lhes oferecer, porque isso não vai trazer seus “sonhos” de volta.
A outra garota anda meio desaparecida, mas não pode, jamais, ser esquecida. Em tudo difere da petulante suequinha. Refiro-me à paquistanesa Malala. Ela, sim, teve a infância roubada (e quase a vida se foi junto). Malala nasceu nos confins mais atrasados do Paquistão, onde predominam costumes tribais e o fundamentalismo islâmico. Malala tinha um sonho, estudar, e foi esse sonho, tão singelo, que lhe tentaram roubar. Sofreu ameaças, levou um tiro na cabeça. Sua família teve que fugir do país e ela chegou entre a vida e a morte na Inglaterra (num antiecológico avião a jato, não num barco a vela), onde foi salva. Malala sobreviveu para contar a sua história, para prosseguir no seu sonho e para ajudar a fazer um mundo melhor, para si e para todas as mulheres que sofrem perseguições e discriminações e, com o seu exemplo, dar-lhes maiores oportunidades. Malala tinha mil razões para odiar e para se queixar, mas sua presença, por onde passa, transmite uma mensagem de serenidade e firmeza na defesa de ideais nobres. Malala não exala ódio, desejo de vingança, ao contrário, cativa pela sua modéstia e seu sincero desejo de fazer o bem.
O contraste entre as duas é brutal. Uma sempre teve tudo e acha que nada presta. A outra, teve uma origem extremamente humilde, não tinha sequer liberdade e quase perdeu a vida por um sonho tão modesto. Não se abateu, não se vitimiza e não se diz “roubada”. Malala quase morreu porque desejava estudar, mas foi em frente. Greta posa de vítima e não vai mais à escola porque, tolamente, pensa que já pode dar lições ao mundo”. (texto de Isaac Averbuch)
“Si fa sera”, Gianni Morandi: É como diz a italiana Mara Barchielli , na área de comentário dos vídeos do youtube: “Mamma mia quanti ricordi!!!!! Tempi migliori e indimenticabili!!!!!! “
Sim, tempos melhores e inesquecíveis, pelo menos no plano musical, mesmo para os que, longe de Roma, se deliciavam com a música romântica da Itália, que se ouvia intensamente na Cidade da Bahia e no Brasil nos anos 60/70. Como na canção de Chico e Tom: “insanos dezembros, mas quando me lembr, são anos dourados”. Que venha outubro!!!!
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma carta na tarde desta segunda-feira (30) na qual diz que não aceita barganhar seus direitos para sair da prisão. “Não troco minha dignidade pela minha liberdade”, afirmou. “Quero que saibam que não aceito barganhar meus direitos e minha liberdade”, disse. A carta foi divulgada após a força-tarefa da Operação Lava Jato ter recomendado à Justiça Federal que conceda a progressão de regime ao petista, que está preso desde abril de 2018.
“Não troco minha dignidade pela minha liberdade”, afirmou o ex-presidente (Foto: AFP)
Lula atingiu a marca de um sexto da pena por corrupção e lavagem no caso tríplex, principal requisito para que ele saia do regime fechado de prisão.
Em documento protocolado na tarde de sexta-feira (27), a equipe da Lava Jato afirma que Lula já cumpre as condicionantes para que progrida de regime.
A recomendação, assinada pelos 15 procuradores do grupo de Curitiba, incluindo o coordenador Deltan Dallagnol, agora será avaliada pela juíza Carolina Lebbos, responsável por administrar o dia a dia do cumprimento da pena.
Lula já havia manifestado anteriormente que só pretendia deixar a prisão sendo considerado inocente pela Justiça. O petista resiste, por exemplo, à possibilidade de usar tornozeleira eletrônica.
Na carta desta segunda, Lula afirma que “tudo que os procuradores da Lava Jato realmente deveriam fazer é pedir desculpas ao povo brasileiro, aos milhões de desempregados e à minha família, pelo mal que fizeram à democracia, à Justiça e ao país”.
“Já demonstrei que são falsas as acusações que me fizeram. São eles e não eu que estão presos às mentiras que contaram ao Brasil e ao mundo”, afirma.
O novo PGR disse que a operação se deixou levar por “personalismo” e até citou o site de Glenn Greenwald e sua turma.
“A Lava Jato ficou personalizada. Esse personalismo gerou, como revela o ‘The Intercept’, ainda que com contestações à sua idoneidade, projetos de poder estranhos ao MPF e estranhos principalmente para quem tem o dever constitucional de não exercer atividade política. Então, o projeto de poder em uma instituição que não deve passar por política partidária, principalmente eleitoral, revela uma disfuncionalidade a ser corrigida. Isso tudo decorre da quebra do dever de impessoalidade”, afirmou Aras.
É tudo o que os inimigos da Lava Jato gostariam de ouvir.
Aulas de boas práticas empresariais, serviços comunitários e estudos da bolsa de valores: o que fazem os réus da Lava Jato que são monitorados 24 horas por dia
Imagem que a doleira Nelma Kodama publicou em seu Instagram em julho deste ano.Reprodução / Instagram
“Eu sou a aula de vocês na prática”. Assim começou o primeiro dia de aula de um curso de compliance em uma escola na zona sul de São Paulo. Aos novos colegas de turma, o aluno experiente levantou a barra da calça jeans até a altura da canela e mostrou a tornozeleira eletrônica que usava. Condenado pela Operação Lava Jato por crimes de corrupção, ele é um dos ao menos três ex-diretores da Odebrecht obrigados a cumprir 40 horas anuais de aulas de boas práticas corporativas, o chamado compliance, segundo determinação da Justiça. Na sala de aula, engenheiros, promotores de Justiça e muitos advogados, dentre eles Joana D’Arc da Silva, ex-mulher do doleiro Alberto Youssef, também condenado. Assim como os demais alunos —exceto o delator—, Joana D’Arc fazia o curso livremente, e não por determinação da Justiça.
Além dos cursos e do uso das tornozeleiras eletrônicas, em São Paulo, 24 réus da Lava Jato são obrigados a prestar serviços comunitários como parte da pena, que varia entre eles. Semanalmente, delatores se esbarram na sede administrativa da Justiça Federal de São Paulo, onde realizam trabalhos burocráticos, como a produção de planilhas de Excel no computador. O programa de prestação de serviços comunitários é coordenado pela Central de Penas e Medidas Alternativas da Justiça Federal de São Paulo, a CEPEMA, e vale para qualquer pessoa condenada a até quatro anos por crimes não violentos —corrupção, lavagem de dinheiro, contrabando e fraudes no INSS e outros sistemas, por exemplo.
Ao todo, 923 condenados cumprem algum tipo de serviço à comunidade em locais conveniados com a CEPEMA, como o Hospital das Clínicas, a USP, a Defensoria Pública, além de ONGs, totalizando 50 instituições. Em todos os casos, o réu passa primeiro por uma entrevista com um psicólogo e um assistente social, para então ser direcionado ao trabalho mais condizente com seu perfil. Não há distinção entre os apenados, afirmou à reportagem o juiz federal Alessandro Diaferia, coordenador da CEPEMA. “Os réus da Lava Jato são tratados como todos os demais”, disse. “Com os mesmos direitos e deveres”.
Condenado a mais de 100 anos, o doleiro Alberto Youssef dedica parte do seu tempo a “fazer estudos do mercado financeiro” livremente, já que sua pena não inclui cursos nem serviços obrigatórios. Desde março de 2017, o paciente zero da Lava Jato cumpre pena em regime domiciliar, com tornozeleira eletrônica, no pequeno quarto-e-sala onde vive na Vila Nova Conceição, região do metro quadrado mais caro de São Paulo. A agenda restrita inclui conversas com seus advogados, apresentações à Justiça, exercícios físicos na academia do prédio —Youssef tem problemas cardíacos— e a narração de suas histórias ao jornalista que escreve sua biografia.
No bairro vizinho ao do doleiro, o também nobre (e caro) Itaim Bibi, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, vivia até o início deste ano, quando foi preso e condenado a 145 anos pela Lava Jato. Antes de ser preso, apontado como operador de caixa dois de campanhas do PSDB, Paulo Preto estava dedicado a organizar as contas do condomínio onde vivia. O luxuoso prédio em uma nobre esquina contava com o expertise do ex-diretor da Dersa, carismático e bom de conta, para organizar a contabilidade.
Assim como Youssef, outros personagens centrais condenados pela Lava Jato também já estão em casa, monitorados pela tornozeleira eletrônica. Na semana passada, Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS e testemunha-chave nos casos que incriminam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou ao regime de prisão domiciliar depois de passar três anos preso. Condenado em cinco ações na Justiça do Paraná, o empreiteiro teve a pena progredida depois que sua delação premiada foi homologada.
O mundo das tornozeleiras eletrônicas
Um sapato Chanel vermelho sob um pé com uma tornozeleira eletrônica. Foi essa a foto que a doleira Nelma Kodama, a primeira pessoa presa na operação Lava Jato, publicou em julho deste ano em sua conta na rede social apenas com as hashtags #picture #chanel #valentino. Muito adepta do Instagram e pouco da discrição, a doleira cumpria pena em casa desde 2016, depois de ser pega com 200.000 euros (cerca de 910.000 reais) na calcinha no Aeroporto de Guarulhos (SP) e ser presa em flagrante em 2015.
No início de agosto, ela recebeu permissão da Justiça para deixar seu objeto–fetiche, beneficiada pelo indulto concedido pelo ex-presidente Michel Temer (PMDB). Novamente, foi à rede social, para comemorar e publicar um verdadeiro tutorial de como retirar a tornozeleira eletrônica sozinha. Levou bronca pública do juiz Danilo Pereira Junior, da Vara de Execuções Penas de Curitiba, que classificou a atitude como um “desserviço à sociedade brasileira”.
Estar com uma tornozeleira eletrônica significa ser monitorado 24 horas por dia, por uma empresa privada que elabora relatórios com a periodicidade determinada pela Justiça. O raio em que cada réu pode circular depende também de pessoa para pessoa. “Se vivem em uma região com muitos prédios espelhados, esse raio pode ser maior, porque o sinal pode refletir nos espelhos”, explica o juiz Alessandro Diaferia. Resistentes e à prova d’água, podem durar até cinco anos e sua bateria resiste a até 24 horas, dependendo do tipo de monitoramento. Também é de acordo com o serviço requerido que o valor é definido, mas varia de 150 a 250 reais por mês cada tornozeleira. Em muitos casos, é o próprio réu quem paga esse boleto. O advogado de um delator afirmou que ele paga a mensalidade do ano todo de uma vez, no início de cada ano. “Mas se o réu não tiver condições de pagar, o Estado arca com os custos”, explicou o juiz Diaferia. Não costuma ser o caso dos delatores da Lava Jato.
A exibição da tornozeleira eletrônica —seja nas redes sociais, seja numa aula de compliance— coloca em evidência um aparelhinho cujo mercado vem crescendo exponencialmente. A empresa paranaense de monitoramento Spacecomm, que afirma dominar até 90% do mercado nacional, começou a prestar esse tipo de serviço em 2009, com 4.800 sentenciados de São Paulo. Hoje, são 42.000 monitorados por dia em mais de 15 Estados. Por telefone, o diretor Sávio Bloomfield, disse que esse crescimento se deve pouco à demanda da Lava Jato. “A Lava Jato é muito pequena nesse processo”, diz. “Não representa nem 1% das quantidades de presos [que a empresa atende]”.
Ainda que indiretamente, porém, a Spacecomm tem ao menos um pé, ou um tornozelo, fincado na bandeira anticorrupção. A empresa faz parte da holding Spacecomm Participações Ltda., cujo sócio é Mario Celso Petraglia, um dos maiores cartolas do futebol brasileiro e presidente deliberativo do Atlético Paranaense. O Atlético, do ex-juiz Sergio Moro e também de Luciano Hang, o grande entusiastas de Bolsonaro no setor empresarial, é um verdadeiro time de torcedores pelo Brasil. O clube viveu um capítulo especialmente particular na última eleição: na véspera do primeiro turno quase todos os jogadores – exceto o zagueiro Paulo André – entraram em campo, em uma partida contra o América de Minas Gerais pelo Campeonato Brasileiro, vestindo uma camiseta inteira amarela. Em vez do brasão do time, ela levava, em verde, os dizeres patriotas “Vamos todos juntos por amor ao Brasil”. A equipe foi multada em 70.000 reais por ter entrado em campo com a camiseta amarela sem autorização prévia da CBF.
No início dos anos 1920, quando começa a história de “Éramos Seis”, nova novela das 18h da Globo, era considerado normal que o homem tivesse uma amante. E era também ele que tinha a obrigação de ser o provedor da casa. Para Gloria Pires, 56, e Antonio Calloni, 57, que fazem Lola e Júlio, o casal protagonista da trama, a nova versão joga luz sobre como esse machismo podia ser prejudicial para as relações familiares.
Éramos Seis: Lola (Gloria Pires) será mulher de Júlio (Antonio Calloni) (Foto: TV Globo)
Ao mesmo tempo, a trama escrita por Ângela Chaves, destaca o papel feminino. “As mulheres sempre foram as locomotivas, mas ninguém sabia, porque elas não podiam aparecer”, afirma Gloria Pires.
Na história, Júlio sofre com o peso de não conseguir o progresso financeiro que ele tanto almeja para dar conta da educação dos quatro filhos e bancar o financiamento da casa em que eles moram na avenida Angélica, em São Paulo.
Repetindo a mesma educação que recebeu do pai, ele é muito rígido com os três filhos homens, Carlos (Xande Valois /Danilo Mesquita), Alfredo (Pedro Sol/Nicolas Prattes) e Julinho (Davi de Oliveira/André Luiz Frambach), e não consegue demonstrar o amor por eles. É só com Isabel (Maju Lima/Giullia Buscacio), a sua preferida, que ele é carinhoso.
“Às vezes, ele desconta na família as frustrações que ele tem no trabalho (…) Ele não é bom nem é mau, é simplesmente uma pessoa que está em busca da felicidade”, diz Calloni.
A partir de todos esses conflitos, Julio adoece e desenvolve uma úlcera grave, já mostrada logo no primeiro capítulo. O alcoolismo, que funciona como uma válvula de escape para ele, agrava essa situação. O personagem tem também na amante Marion (Ellen Rocche) uma confidente para desabafar sobre os seus problemas e inseguranças.
“O Júlio, coitado, é um homem que não dá conta do peso que colocaram nele”, diz Gloria. Ela conta que desde que foi fazer o filme “Se Eu Fosse Você” (2006) reflete sobre como o machismo também é maléfico para o homem. “Pode parecer, a grosso modo, que esse lugar [do homem] é confortável e de privilégios, o que é também. Mas, por outro lado, é um peso enorme, sem espaço para esse homem chorar, para dizer: ‘olha, eu estou mal, estou precisando de ajuda, não estou dando conta”, afirma a atriz.
Para Calloni, nos quase cem anos que separam o início da novela dos dias atuais, muita coisa mudou e comportamentos machistas foram sendo contestados, mas ainda há muito a ser melhorado. “O empoderamento feminino está cada vez mais presente, ainda bem. Mas os homens ainda têm dificuldades de entender e assimilar isso”, diz.
Esta é a quinta versão da trama, que já foi adaptada outras quatro vezes por outras emissoras – em 1958 na Record, em 1967 e em 1977, na TV Tupi, e em 1994 no SBT.
A versão atual é baseada no texto de 1994, escrito por Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho. Todas são inspiradas no livro de Maria José Dupré, de 1943.
O ator diz esperar que “Éramos Seis” seja sempre remontada ao longo dos anos, por ter como tema a família que, na visão dele, é um assunto “inesgotável e atemporal”. “Fora isso, [a novela] tem uma afetividade que está faltando um pouco hoje em dia. Está faltando humanidade. Temos que retomar esses sentimentos que são tão legais. Se relacionar bem com as pessoas é fundamental para a felicidade de todo o mundo”, diz.
SORORIDADE
O termo sororidade é novo, mas o que ele representa, a união feminina, é um dos destaques da atual versão de “Éramos Seis”, segundo Gloria Pires. “Essa coisa da mão amiga, do ombro, da vizinha, da empregada, que foi criada junto, que está ali para o que der e vier, que segura as pontas, que está junto no sacrifício, na dor. Isso a gente não via e essa versão enaltece essas qualidades que as mulheres sempre tiveram”, diz a atriz.
Na novela, Lola tem na vizinha Genu (Kelzy Ecard) a sua amiga mais fiel, e conta com o apoio constante da empregada Durvalina (Virgínia Rosa).
O tempo é outro fator importante na trama, que começa nos anos 1920 e segue até 1940. Com o agravamento da doença de Júlio (Antonio Calloni), o personagem morre no capítulo 48 da trama. A partir daí, Lola tem que seguir sozinha na missão de manter a família unida.
Gloria Pires diz que vê muito da sua avó paterna, Deolinda, em Lola. “Ela ficou viúva e teve de lidar sozinha com a criação dos dois filhos”, contou a atriz, que fez questão de usar uma pulseira da avó no evento de lançamento da trama, no dia 16 de setembro, no Rio.
Para a atriz, aliás, estar na novela tem trazido muitas coincidências e memórias afetivas. “No banheiro da Lola, a pia é igual a pia da minha casa. Na casa do Afonso [Cássio Gabus Mendes], que é o dono do armazém, que sempre a ajuda, deixa ela comprar fiado, segura as contas dela, tem um móvel que é igual ao dessa minha avó”, conta.
A própria casa de Lola e sua família, que tem uma importância fundamental na trama, é também muito parecida com a da avó de Gloria. “É parecidíssima com a que minha avó tinha, que eu vi na foto e quase não acreditei”, diz.
Desde a mais antiga de Londres, localizada em Picadilly há 200 anos, até um lugar que propõe ler com calma em Lisboa, uma rota inspiradora entre livros que também inclui restaurantes e cafés
1Shakespeare and Company (Paris, França) Sylvia Beach, a primeira a editar o ‘Ulysses’ de James Joyce, fundou em 1919 a que é provavelmente a livraria mais famosa da capital francesa. Localizada primeiro na Rue de l’Odéon, depois na Rue de la Bûcherie e desde 1951, quando a assumiu George Whitman, no Quartier Latin de Paris, próximo ao Sena. Seu objetivo era que escritores e leitores encontrassem um local para comprar as novidades editoriais em inglês, bem como um local de encontro. Por seus cômodos passou o trabalho de Joyce, Hemingway, Stein, Fitzgerald, Eliot, Cortázar, Lawrence Durrell, James Jones… Uma livraria e também uma biblioteca, com história e charme que já apareceu em filmes como ‘Before Sunset’ ou ‘Meia-noite em Paris ‘, de Woody Allen. Endereço: 37 Rue de la Bûcherie, Paris. Mais informações: shakespeareandcompany.comLINDA CHINGgetty images
2El Ateneo Grand Splendid (Buenos Aires, Argentina) A capital argentina é uma das cidades do mundo que possui mais livrarias per capita. E entre eles se destaca El Ateneo Grand Splendid. Em janeiro passado, a ‘National Geographic’ a nomeou a livraria mais bonita do mundo. Seu nome e seu interior lembram que antes dos leitores havia espectadores, porque nos anos vinte do século passado era o teatro Gran Splendid. E também foi um cinema. A reforma foi realizada no ano de 2000, e a cúpula decorada com afrescos, as grades originais e a decoração quase intacta permaneceram. Hoje ela vende livros, CDs, DVDs, tem um bar no palco e é um enclave turístico a mais na cidade. Segundo os dados, um milhão de pessoas visitam esta livraria todos os anos no bairro da Recoleta. Endereço: Av. Santa Fe 1860, Buenos Aires. Mais informações: yenny-elateneo.comRONALDO SCHEMIDTgetty images
3Livraria Acqua Alta (Veneza, Itália) Quando chove mais do que a conta em Veneza, seus cidadãos e turistas sabem que é hora de calçar as botas porque o fenômeno conhecido como ‘Acqua Alta’ inunda ruas e praças. E também o interior desta biblioteca. Então aqui, na Livraria Acqua Alta, os livros são exibidos em baldes, cadeiras, banheiras, botes e até mesmo em uma gôndola que ocupa o centro da loja, onde você pode encontrar livros em segunda mão e títulos já descontinuados. E, no fundo do estabelecimento um tanto caótico, duas surpresas: uma pequena poltrona para sentar e ler enquanto vemos as gôndolas passarem e um pátio no qual, depois de subir uma escada de livros antigos, você tem uma bela vista. Endereço: Rua Lunga Santa Maria Formosa, 5176b, Veneza. Mais informações: libreriaacquaaltavenezia.myadj.itPaul Heyesalamy
4Selexyz Dominicanen (Maastricht, Países Baixos) Esta antiga igreja gótica do século XIII é agora um templo para leitura. Para tentar proteger ao máximo a história do local, em sua reconversão, em 2006, a Satijnplus Architects e o estúdio de design de interiores Mekx + Girod adicionaram uma estrutura de aço de dois andares na nave central, onde a maioria dos livros é exibida. Hoje existem cerca de 50.000 cópias entre afrescos originais, vitrais e abóbadas. E no altar antigo, uma mesa em forma de cruz onde você pode sentar e tomar um café e ler. Um espaço localizado no centro da cidade, onde também são organizadas exposições, debates, apresentações… e recebe anualmente cerca de 700.000 visitantes. Endereço: Dominicanerkerkstraat 1, 6211 CZ. Maastricht. Mais informações: libris.nl/dominicanenSergio Azenhaalamy
5Livraria Lello (Porto, Portugal) Quem frenquenta a Livraria Lello está mais impressionado com os visitantes do que com os compradores de livros. Aberta em 13 de janeiro de 1906, sua fama é enorme porque os amantes da saga de Harry Potter não querem perder a visita a um dos lugares que inspiraram a escritora J.K. Rowling a criar o universo Howards. Portanto, antes de entrar, é necessário comprar um bilhete (5,50 euros, que você pode comprar ‘online’), cujo preço será descontado se uma compra for feita. Para quem não quer fazer fila, vale a pena parar em sua colorida fachada neogótica com pinturas de José Bielman que simbolizam arte e ciência. Endereço: R. das Carmelitas 144, Porto. Mais informações: livrarialello.ptHORACIO VILLALOBOSgetty images
6Cook & Book (Bruxelas, Bélgica) Cada tipo de livro possui uma sala com a configuração correspondente. E em seus 1.500 metros quadrados existem nove atmosferas incríveis. Na que se dedica à literatura anglo-saxônica, não faltam as bandeiras do Reino Unido; no espaço para quadrinhos, réplicas em tamanho real de Batman ou Superman são exibidas; próximo às estantes com livros de viagem, há uma pequena caravana da Airstream; Na seção de literatura, 800 livros estão pendurados no teto e os títulos gastronômicos são encontrados em uma sala definida como “trattoria” (com um Fiat 500 como decoração), na qual você pode comer. Aqui não se pode apenas se perder entre livros, você também encontrará nove espaços de restauração. Endereço: Place du Temps Libre 1, Bruxelas. Mais informações: cookandbook.bêCook & Book
7Cafebrería el Péndulo (Cidade do México, México) Livraria e cafeteria ao mesmo tempo, entre suas prateleiras e mesas, os livros se misturam com plantas e árvores, oferecendo um espaço agradável com muita luz natural. Aqui, o viajante pode se divertir lendo as últimas notícias, tomando um café ou saboreando uma enchilada ou um sanduíche Coetzee ‘veggie’ em seu restaurante. Além disso, eles organizam manhãs de narração de histórias e café da manhã musical, além de shows e cursos de literatura. Hoje, na cidade mexicana, existem sete filiais da Cafebrería el Péndulo. Endereço: Alejandro Dumas 81, Cidade do México. Mais informações: pendulo.com
8The Last Bookstore (Los Angeles, EUA) Abrir uma livraria em 2005, em pleno declínio do livro impresso, não parecia a melhor aposta comercial. Mas, nos últimos anos, a The Last Bookstore se estabeleceu como uma das renomadas livrarias da cidade da Califórnia. Localizada no chamado Downtown, vende, compra e troca livros. Tem uma sala inteira dedicada a ficção e fantasia. Poucos relutam em deixar essa loja de 2.000 metros quadrados sem passar (e fotografar) pelo túnel do livro. Endereço: 453 S Spring St, Los Angeles. Mais informações: lastbookstorela.comMATTHEW MICAH WRIGHTgetty images
9Ler Devagar (Lisboa, Portugal) Uma parede forrada de livros do chão ao teto (14 metros de altura) e, ao lado, uma imponente impressora já em desuso. Ler Devagar está localizada em um dos armazéns da LX Factory, um antigo complexo industrial recuperado da capital portuguesa, onde coexistem deliciosas pastelarias com lojas de grife, galerias de arte e um terraço com vistas espetaculares do rio Tejo. Nesse antigo armazém, as pessoas passam um tempo percorrendo suas passarelas em busca de sua próxima leitura, entre 40.000 novos títulos e outros 10.000 livros em segunda mão, daí a sugestão de calma no nome da loja. Apresentações, palestras literárias e exposições também são realizadas aqui. Endereço: LX Facgtory, R. Rodrigues de Faria 103. Mais informações: lerdevagar.compaul abbittalamy
10Bart’s Books (Ojai, EUA) Uma livraria ao ar livre só pode ser uma boa idéia em um lugar como na cidade californiana de Ojai, onde a temperatura média anual é de cerca de 17ºC e as chuvas são bastante escassas. A história deste local remonta a 1964, quando Richard Bartinsdale decidiu compartilhar sua enorme biblioteca instalando livrarias na fachada de sua casa, para que aqueles que passassem fossem incentivados a pegar um livro. Como pagamento, cada um poderia deixar o dinheiro que considerasse apropriado em algumas latas colocadas para isso. Quase 50 anos depois, hoje vende exemplares a partir de 35 centavos, que também podem ser deixados em latas, até primeiras edições avaliadas em milhares de euros. Endereço: 302 W Matilija St, Ojai. Mais informações: bartsbooksojai.comDavid Litschelalamy
11Barter Books (Alnwick, Reino Unido) O que torna a Barter Books especial é principalmente a sua localização: uma antiga estação de trem vitoriana nesta cidade britânica de 8.000 habitantes. E dentro desta livraria de segunda mão, um trem em miniatura que percorre toda a loja em trilhos elevados lembra seu passado. Entre as prateleiras, há pequenas lareiras para sentar e ler no calor do fogo, um restaurante perfeito para um chá com biscoitos ou uma sala com brinquedos para crianças serem entretidas por um profissional enquanto os mais velhos se empenham em procurar livros. Endereço: Estação Alnwick, Wagon Way Rd, Alnwick. Mais informações: barterbooks.co.ukSheila Halsallalamy
12Carturesti Carusel (Bucareste, Romênia) Seis fábricas dedicadas a livros nas quais, se o cliente não consegue encontrar o título perfeito para um presente, sempre tem a opção de entrar na loja de presentes, onde também pode comprar uma ‘lembrança’ da capital romena, vinho ou comida ecológica. A livraria é um estabelecimento moderno, com uma bela cobertura de vidro que ilumina todo o espaço, que ocupa um antigo edifício do século XIX pertencente à família dos banqueiros Chrissoveloni até seu confisco durante o período comunista. E, no último andar, uma cafeteria com belas vistas da cidade. Endereço: Strada Lipscani 55, Bucareste. Mais informações: carturesti.roalamy
13Hatchards (Londres, Reino Unido) Inaugurada em 1797, seu site garante que é a livraria mais antiga da capital britânica e também o local escolhido por muitos autores para apresentar seus trabalhos mais recentes. Lá dentro, assinaram livros desde Margaret Thatcher até a famosa modelo dos anos sessenta Twiggy. A Hatchards ocupa o mesmo prédio há mais de 200 anos em uma das ruas mais famosas do mundo, Picadilly, e ostenta o Royal Warrant ou autorização real, a distinção que o credencia como fornecedor oficial da rainha da Inglaterra. Endereço: 187 Piccadilly, St. James, Londres. Mais informações: hatchards.co.ukOlivier Guiberteaugetty images
14Daikanyama T-Site (Tóquio, Japão) Não é uma única loja ou apenas um edifício, mas três quarteirões no moderno bairro de Daikanyama, em Tóquio. Inaugurada em 2011, esta sede da gigantesca livraria Tsutaya (com mais de mil locais no país) se estende por cerca de 5.000 metros quadrados para se perder entre títulos de literatura, cinema e música. E, no meio, uma área de jardim e espaço para uma cafeteria e até uma grande papelaria. O projeto do estúdio Klein Dytham Architecture, e sua fachada na qual as letras T estão entrelaçadas, recebeu vários prêmios de arquitetura. Endereço: 16-15 Sarugakucho, cidade de Shibuya, Tóquio. Mais informações: store.tsite.jpalamy
15San Ginés (Madri, Espanha) A rua de San Ginés, em Madri, merece uma visita por dois motivos: a loja de chocolates com o mesmo nome (aberta 24 horas por dia, 365 dias por ano) e a pequena livraria localizada na esquina da movimentada rua Arenal. É uma das livrarias mais antigas da cidade espanhola. Fundada entre os séculos XVII e XVIII (a data exata é desconhecida), neste pequeno espaço estão livros, gravuras e outros itens curiosos em segunda mão. Todos os dias do ano, exceto no Natal e no Ano Novo, eles levam centenas de livros de segunda mão (de narrativa a manuais técnicos de medicina ou filosofia) do galpão de madeira para colocá-los nas prateleiras antes que madrilenhos e turistas se encontrem por ali. Endereço: Pasadizo de San Ginés, 2, Madri. Mais informações: Facebook San Ginésalamy
16Poplar Kid’s Republic (Pequim, China) As livrarias não precisam ser espaços sóbrios. E a Poplar Kid’s Republic é um bom exemplo disso. Projeto de estúdio da Sako Architects, esta loja foi projetada especificamente para o prazer de crianças, com escadas, escorregadores e até esconderijos para ler, tudo em cores marcantes. Inaugurada em 2005 em nome da editora infantil Poplar Publishing CO, também possui uma sala de atividades onde são organizadas leituras e animações e um clube de leitura infantil. Leitura e diversão nunca andaram tão juntas. Site: www.poplar.com.cnMINORU IWASAKI
17Word on the Water (Londres, Reino Unido) Se há uma livraria em Veneza onde os livros flutuam, o Word on the Water é diretamente uma livraria flutuante. Ela começou a velejar no Regent’s Canal, embora agora esteja sempre atracada no auge da Granary Square. Este barco de 1920, carregado de livros, navega pelas águas de Londres desde 2011. Além disso, organiza palestras sobre política, feminismo ou tecnologia e, no convés, os shows alternam com leituras de poesia. Endereço: Regent’s Canal Towpath (perto da estação King’s Cross). Mais informações: facebook.com/wordonthewaterRobert Evansalamy
18Albertine Books (Nova York, EUA) Dentro da histórica mansão renascentista Payne Whitney, de Manhattan, é a única livraria da cidade que vende exclusivamente livros em francês e inglês e possui mais de 14.000 títulos clássicos e contemporâneos. Um estabelecimento inaugurado em 2014, que depende dos serviços culturais da Embaixada da França em Nova York e que fascina seus visitantes tanto pela quantidade de estantes de livros e livros quanto pela impressionante decoração projetada pelo francês Jacques Garcia, que inclui uma grande mural de constelações, planetas e estrelas no telhado pintado à mão, além de bustos de Voltaire, Benjamin Franklin, Tocqueville e Descartes. Endereço: 972 5th Ave, Nova York. Mais informações: albertine.comTIMOTHY FADEKgetty images
19Livraria Zhongshuge em Chongqing (China) A cadeia Zhongshuge abriu nos últimos anos em várias cidades chinesas estabelecimentos impressionantes nos quais espelhos e simetrias brincam com a idéia de que estamos em uma livraria infinita. Uma declaração de intenção de enfrentar a era das compras com o clique a partir de um sofá. O estúdio de arquitetura e interiores X + Living lidera as mais recentes aberturas de Zhongshuge, como a loja de Chongqing, inaugurada em fevereiro passado (foto). E em todos eles a mesma estética é a seguinte: jogos ópticos, graças a grandes espelhos e um interior com uma atmosfera acolhedora, com áreas para leitura, espaços que parecem túneis de livros e salas para crianças que estão transformando suas bibliotecas em uma das mais populares do país. Endereço: 3º e 4º andares do Zodi Plaza (Yangjiaping, distrito de Jiulongpo). Mais informações: xl-muse.comZUMA Pressalamy
20Livraria Zhongshuge em Yangzhou (China) Uma das fotografias mais repetidas entre quem visita a livraria da rede Zhongshuge na cidade chinesa de Yangzhou é este impressionante túnel de livros. Esse estabelecimento de 1.000 metros quadrados também foi desenhado pelo estúdio de arquitetura e interiores X+Living. E, neste caso, os espelhos no chão quiseram lembrar o rio que é tão importante na vida desta cidade. Mais informações: xl-muse.com
21Librería (Londres, Reino Unido) O estúdio espanhol Selgascano assina o projeto desta nova livraria localizada a leste da capital britânica. Na Librería, os livros não são divididos por gêneros, mas por conceitos com o objetivo de que o comprador encontre um título sugestivo com que não teria cruzado. Assim, aqui se encontra a estante de livros ‘Utopia’, ‘A Cidade’ ou ‘Encantamento para os Desencantados’. A ideia nasceu no Second Home: “Todos os aspectos da Librería são projetados para ajudar a descobrir novos livros e ideias e impulsionar o pensamento entre as disciplinas”. É assim que a empresa britânica descreve o espaço focado em projetos criativos. Endereço: 65 Hanbury St, Spitalfields. Mais informações: libreria.ioIwan Baan