Delgatti, conhecido como Vermelho, disse ter entrado em contato com Manuela D’Ávila (PC do B) para obter o telefone de Glenn Greenwald.
Sim, a candidata a vice de Fernando Haddad –o poste de Lula na eleição presidencial passada.
Delgatti, conhecido como Vermelho, disse ter entrado em contato com Manuela D’Ávila (PC do B) para obter o telefone de Glenn Greenwald.
Sim, a candidata a vice de Fernando Haddad –o poste de Lula na eleição presidencial passada.
ARTIGO
Alaska e Bahia
Joaci Góes
Ao velho amigo e grande navegador, Aleixo Belov!
O conhecimento de outros povos e regiões do mundo desperta o desejo de comparações, como nos ocorre, agora, ao percorrermos a costa do Pacífico Norte, com ênfase no que estamos vendo no Golfo do Alaska, estado com cerca de um milhão e setecentos mil quilômetros quadrados, três vezes o Estado da Bahia, e mais do dobro do Texas, segundo maior estado americano. Com pouco mais de setecentos mil habitantes, tendo Anchorage como seu centro mais populoso, com pouco menos de trezentas mil almas, o Alaska é uma das áreas de menor densidade demográfica do Globo, com 0,4 habitantes por km², 65 vezes menor do que a da Bahia, com 26 habitantes por km². Apenas para efeito comparativo, Manhattan (Nova Iorque) tem uma densidade de 27 mil habitantes por km².
O rigoroso inverno do Alaska responde por sua baixa densidade populacional, apesar de ser a área de ocupação humana mais antiga do continente americano, segundo a teoria que explica a chegada do homem ao Novo Mundo, passando pelo estreito de Bering. Com todo o conforto, hoje disponível, com plena e generalizada calefação, acessibilidade midiática, de transporte e hospitalar, os que aí vivem hibernam, literalmente, ao longo dos sete meses invernais que alguns confundem com infernais. As rigorosas condições atmosféricas explicam o persistente êxodo de sua juventude. Para evitá-lo, as escolas passaram a oferecer bolsas de estudo universitário aos 10% de melhor desempenho, entre os concluintes de diploma de segundo grau que sobem a marcantes 91% da população acima de 25 anos, segundo percentual mais elevado entre as cinquenta unidades federadas do País. O Alaska desfruta, ainda, do nono mais alto IDH dos Estados Unidos.
Antes de integrar o território americano, o Alaska era parte da Rússia que o vendeu ao Colosso do Norte por pífios sete milhões de dólares, em 1867, valor que atualizado para os nossos dias, acrescido da rentabilidade financeira média do período, corresponderia a algo em torno de sete bilhões de dólares, mil vezes mais, nominalmente. Mesmo assim, essa compra foi a maior pechincha imobiliária de todos os tempos, comparável à aquisição que os americanos também fizeram do território da Luiziânia, das mãos dos franceses, então com área de 2.144.000 km², em 1804, pela bagatela de quinze milhões de dólares, e da Ilha de Manhattan, que Pierre Minuit, dirigente da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fez por magros vinte e quatro dólares, em meados do Século XVII. Nada, porém, suplanta, no imaginário popular, o incomparável êxito imobiliário do desenvolvimento da capital do jogo, Las Vegas, num deserto do Oeste Americano.
Registre-se que, apenas, nos dois primeiros anos da corrida do ouro no Alaska, os americanos auferiram mais de dois bilhões de dólares, valores que seriam exponencialmente acrescidos com os ganhos oriundos da extração de madeira, de zinco, carvão, pedras preciosas, além de ouro e prata, gás natural e petróleo, exportação de peles, e produção de pescado, campo em que, relativamente ao salmão, o Alaska é o campeão, tendo Ketchikan como sua capital mundial. Tudo isso sem levar em conta o turismo florescente. O atual PIB do Alaska, cinquenta e dois bilhões de dólares, confere aos seus habitantes uma renda média anual de mais de setenta mil dólares per capta, dez vezes superior à renda média dos baianos.
A demorada operação de transporte de um enfermo, de alto-mar para o Continente, via helicóptero, obrigou o cancelamento da nossa primeira parada, Juneau, capital do Alaska, com pouco mais de 37 mil habitantes, cidade que disputa com Victória, no Canadá, o posto de segunda mais populosa urbe da Região. Seguimos, então, para Skagway, um pouco mais ao Norte, aldeia com menos de mil habitantes, vila museu que preserva as mesmas características do antigo centro do acampamento de cem mil mineradores que aí se instalaram, na corrida do ouro de 1898. Todas as casas da encantadora pequena aldeia, transformadas em centro de compras, a céu aberto, recebem, ao longo do ano turístico de cinco meses, 500 mil visitantes, que irrigam a economia local com cerca de duzentos milhões de dólares. No frontispício de uma delas, consta a seguinte e eufemística inscrição: House of negotiable affection! Ketchikan, parada seguinte, com dez mil habitantes, recebe dois milhões de visitantes em seu ano turístico de cinco meses! Salvador, com três milhões, recebeu no último verão oitocentos mil visitantes, e a Bahia, com quinze milhões, recebeu, apenas, dois milhões de turistas!
Na estação “quente” do verão, são poucos os que se aventuram nas mansas e límpidas águas do labiríntico e extenso Golfo do Alaska, formado por arquipélagos com centenas de ilhas dos mais diferentes tamanhos, interligadas por canais das mais variadas larguras, onde a fauna abunda, tendo a baleia como a presença mais ostensiva e encantatória, aos olhos, até, do viajor mais azarado. Ao longo dos mil quilômetros da costa baiana, o banho de mar é agradável nas vinte e quatro horas de todos os dias do ano.
Com águas tépidas e temperatura estável o ano inteiro, a Bahia, um dos territórios de mais alta claridade do Planeta, ponto de encontro da humanidade de todas as procedências, berço do Brasil em múltiplos domínios, apresenta um desempenho medíocre em qualquer de suas promissoras vertentes. Como explicar tão gritantes diferenças, entre uma Bahia que tem muito e arrecada pouco e um Alaska efetivamente rico e promissor, não obstante sua adversidade ambiental? Educação é a resposta. Excelente educação no Alaska. Péssima na Bahia.
A distância abissal entre essas duas comunidades, Alaska e Bahia, é uma prova adicional de que não avançaremos, reduzindo desigualdades, enquanto as autoridades baianas e brasileiras não se compenetrarem de que o dever principal dos governantes consiste em educar a sua juventude para os embates permanentemente postos pela sociedade do conhecimento em que estamos inapelavelmente imersos.
Fora daí é discurso populista e eleitoreiro para continuar iludindo a patuléia ignara.
Joaci Góes, escritor, é presidente da Academia de Letras da Bahia, ex-diretor da Tribuna da Bahia. Texto publicado originalmente nesta quinta-feira, 25, na TB.
“I get a kick out of you”, Frank Sinatra e Natalie Cole: incrível dueto de Frank e Natalie, ao vivo,no show Sinatra and Friends. Simplesmente sensacional. Confira.
BOM DIA!!!
(Vitor Hugo Soares)
O Ministério da Justiça afirmou, por meio de uma nota divulgada à imprensa nesta quinta-feira, que os celulares do presidente Jair Bolsonaro também foram alvos da quadrilha suspeita de ter hackeado telefones de autoridades e jornalistas. A informação foi repassada pela Polícia Federal à pasta do ex-juiz Sergio Moro, ele mesmo apontado pelas investigações como uma das vítimas do grupo. As autoridades não informaram ainda se as mensagens privadas do mandatário brasileiro foram acessadas.
No Twitter, Bolsonaro qualificou as invasões aos seus celulares como “um atentado grave contra o Brasil e suas instituições” e afirmou que o país “não é mais terra sem lei”. O presidente também disse que jamais tratou de “temas sensíveis ou de segurança nacional via celular”.
A Operação Spoofing, autorizada pelo juiz Vallisney de Oliveira da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, e deflagrada na terça-feira, prendeu quatro pessoas em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto suspeitas de invadir também os aparelhos de um desembargador, de um juiz federal e de dois delegados da PF.
De acordo com a PF, mais de 1.000 pessoas, entre juízes, jornalistas, deputados e integrantes do Executivo podem ter tido seus celulares acessados ilegalmente. No computador de um dos investigados, as equipes policiais encontraram atalhos para contas em aplicativos de mensagens, entre eles o perfil do ministro Paulo Guedes no Telegram. As investigações continuam para saber as motivações do grupo, considerado pelos agentes uma “organização criminosa” especializada em estelionato virtual.
No dia 10 de junho, a força tarefa da Lava Jato anunciou que vem sofrendo ataques cibernéticos de um hacker desde o mês de abril deste ano. Segundo nota divulgada à imprensa, membros do Ministério Público Federal tiveram celulares e aplicativos de mensagens invadidos e clonados.
Diálogos mantidos no auge das investigações da Lava Jato entre o então juiz federal Sergio Moro e Dallagnol foram vazados e publicados pelo site The Intercept, e depois por outros meios de comunicação, o que levantou questionamentos sobre a imparcialidade do juiz, que aparece aconselhando a acusação. Ambos afirmam que não respondem pelos diálogos que dizem ser fruto de uma invasão criminosa de seus celulares e que seu conteúdo pode ter sido alterado. A PF já instaurou quatro inquéritos para investigar esses vazamentos e, apesar de que a operação Spoofing foi desencadeada a partir de um deles, ainda não está claro se os presos têm relação com as conversas divulgadas.
Entre os presos, está Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho, detido em Ribeirão Preto e já preso por falsidade ideológica e tráfico de drogas. De acordo com uma reportagem divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo, ele teria afirmado para os investigadores que deu ao site The Intercept acesso às afirmações capturadas pelo aplicativo Telegram. O depoimento dele, entretanto, é tratado com cautela, já que ele já tem passagem por estelionato. O site afirma que não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas.
Além de Delgatti Neto foram presos o ex-DJ Gustavo Henrique Elias Santos, que já havia sido detido antes por receptação e falsificação de documentos. Sua mulher, Priscila de Oliveira, que não tinha passagem pela polícia, e Danilo Cristiano Marques, condenado no passado por roubo, foi detido em Araraquara
Suspeito afirma ainda que diálogos entre procuradores e Moro foram entregues a site sem nenhum pagamento
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Para a Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, preso na terça-feira (23) sob suspeita de atuar como hacker, foi a fonte do material publicado pelo site The Intercept Brasil com conversas de autoridades da Lava Jato.
Em depoimento, Delgatti, um dos quatro presos na operação de terça, disse que encaminhou as mensagens ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira.
Os contatos com Greenwald foram, segundo o preso, virtuais, somente pelo aplicativo de conversas Telegram, e ocorreram depois que os ataques aos celulares das autoridades já tinham sido efetuados.
A polícia agora trabalha para confirmar se as informações dadas por Delgatti, de que agiu de forma voluntária e sem pedir dinheiro em troca, são verdadeiras.
Não há até agora indício de que tenha havido pagamento pelo material divulgado, segundo investigadores.
Em depoimento, Delgatti afirmou ainda ter agido neste caso por não concordar com os caminhos da Lava Jato. A apuração da PF é de que o grupo hackeava contas do Telegram e contas bancárias por dinheiro.
A perícia criminal da Polícia Federal copiou dados guardados pelo suspeito em plataformas de nuvens na internet que sugerem veracidade em pelo menos algumas das declarações de Delgatti.
Nesse material, estavam conversas entre procuradores da Lava Jato como as que foram divulgadas pelo The Intercept.
De acordo com envolvidos na busca e apreensão na terça, um celular de Delgatti estava na conta do Telegram do ministro da Economia, Paulo Guedes, quando agentes chegaram para realizar a operação.
O episódio, para a PF, reforça que era o mesmo grupo que agia.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, já havia associado a prisão dos quatro suspeitos à divulgação, pelo site de mensagens que mostram interferência do ex-juiz da Lava Jato nas investigações da força-tarefa.
“Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF [Ministério Público Federal] e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime”, escreveu Moro no Twitter nesta quarta-feira (24).
Quando as primeiras mensagens vieram à tona, em 9 de junho, o site informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo. O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram a partir de 2015.
Além de Delgatti, foram presos Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques.
Os quatro suspeitos foram detidos temporariamente (por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco) na terça-feira. As ordens de prisão foram cumpridas em São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Os envolvidos foram transferidos para Brasília.
Os jornalistas responsáveis pelo The Intercept Brasil rebateram a mensagem de Moro. Glenn Greenwald disse no Twitter que o ministro da Justiça “está tentando cinicamente explorar essas prisões para lançar dúvidas sobre a autenticidade do material jornalístico”.
“Nunca falamos sobre a fonte. Essa acusação de que esses supostos criminosos presos agora são nossa fonte fica por sua conta [Moro]”, acrescentou Leandro Demori, editor-executivo do Intercept.
Na decisão que fundamentou as prisões, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF, apontou “fortes indícios” de que os quatro investigados “integram organização criminosa para a prática de crimes e se uniram para violar o sigilo telefônico de diversas autoridades brasileiras via invasão do aplicativo Telegram.”
Segundo ele, os fatos demonstram que os suspeitos são “responsáveis pela prática de delitos graves”.
O inquérito em curso foi aberto em Brasília para apurar, inicialmente, o ataque a aparelhos de Moro, do juiz federal Abel Gomes, relator da Lava Jato no TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), do juiz federal no Rio Flávio Lucas e dos delegados da PF em São Paulo Rafael Fernandes e Flávio Reis.
Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também foi alvo do grupo. O caso dessas autoridades está sendo tratado em inquérito aberto pela Polícia Federal no Paraná.
A Folha de S.Paulo teve acesso ao pacote de mensagens atribuídas aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato e ao então juiz Sergio Moro e obtidas pelo site The Intercept Brasil.
O site permitiu que o jornal analisasse o seu acervo, que diz ter recebido de uma fonte anônima. A Folha não detectou nenhum indício de que ele possa ter sido adulterado. O jornal já publicou cinco reportagens decorrentes deste acesso.
A Folha de S.Paulo não comete ato ilícito para obter informações, nem pede que ato ilícito seja cometido neste sentido; pode, no entanto, publicar informações que foram fruto de ato ilícito se houver interesse público no material apurado.
ENTENDA A OPERAÇÃO
Qual o resultado da operação da PF?
Nesta terça (23), quatro pessoas foram presas sob suspeita de hackear telefones de autoridades, incluindo Moro e Deltan. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais 7 de busca e apreensão e 4 de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Os quatro presos foram transferidos para Brasília, onde prestariam depoimento à PF
As prisões têm relação com as mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato divulgadas desde junho pelo site The Intercept Brasil?
A investigação ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo sob investigação em São Paulo tem ligação com o pacote de mensagens. Também não há provas de que os diálogos, enviados ao Intercept por fonte anônima, foram obtidos a partir de ataque hacker
Como a investigação começou?
O inquérito em curso foi aberto em Brasília para apurar, inicialmente, o ataque a aparelhos de Moro, do juiz federal Abel Gomes, relator da Lava Jato no TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), do juiz federal no Rio Flávio Lucas e dos delegados da PF em São Paulo Rafael Fernandes e Flávio Reis. Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular de Deltan também foi alvo do grupo
Quando Moro foi hackeado?
Segundo o ministro afirmou ao Senado, em 4 de junho, por volta das 18h, seu próprio número lhe telefonou três vezes. Segundo a Polícia Federal, os invasores não roubaram dados do aparelho. De acordo com o Intercept, não há ligação entre as mensagens e o ataque, visto que o pacote de conversas já estava com o site quando ocorreu a invasão
O diretório nacional do DEM decidiu expulsar Walter Delgatti Neto do partido. Suspeitos de invadir telefones celulares, incluindo os aparelhos de autoridades públicas como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, Neto foi detido em caráter temporário nesta terça-feira (23), no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal (PF).
Em nota divulgada hoje (25), o DEM informou que a expulsão sumária foi determinada pelo presidente nacional da legenda, Antonio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador (BA). A investigação policial está em curso e tanto Walter, quanto os outros três suspeitos detidos na mesma operação são tratados com suspeitos. Ainda assim, para ACM Neto, está claro que Walter descumpriu dever éticos previstos no Estatuto do partido.
Admitindo a tese de que o filiado está “envolvido com o ataque hacker a celulares de autoridades”, o partido defende que a Justiça esclareça os fatos “e que os envolvidos no processo criminoso sejam punidos de forma efetiva e com todo o rigor”.
Walter era filiado ao diretório de Araraquara, cidade do interior de São Paulo onde reside. Segundo o DEM, ele não tem participação ativa no cotidiano partidário e a legenda não pode se responsabilizar pelas atitudes de seus milhares de filiados. “Condenamos, de maneira veemente e dura, o cometimento de qualquer ato de irregularidade por quem quer que seja – filiado ao DEM ou outras legendas”, acrescenta o diretório nacional na nota assinada por ACM Neto.
Hoje (25), o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Polícia Federal (PF) verificou que aparelhos celulares usados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, também foi alvo da ação do grupo que, de acordo com a PF, pode ter invadido ao menos mil linhas telefônicas.
Além de Walter, estão detidos, em Brasília, Danilo Cristiano Marques; Gustavo Henrique Elias Santos e sua companheira, Suelen Priscila de Oliveira. Ontem (24), o advogado do casal Gustavo-Suelen, Ariovaldo Moreira, revelou a jornalistas que seu cliente confirmou que, há alguns meses, Walter lhe enviou, pelas redes sociais, imagens de uma suposta mensagem enviada pelo então juiz federal Sergio Moro a outras autoridades públicas.
“Segundo Gustavo, Walter mostrou a ele algumas interceptações de uma autoridade há algum tempo. Essa autoridade era o hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, mas Gustavo negou qualquer envolvimento com a interceptação dessas mensagens. E, inclusive, chegou a alertar Walter que aquilo lhe causaria problemas”, disse o advogado, acrescentando que Gustavo não denunciou Walter pela relação de amizade que mantinham, embora já não se encontrassem há algum tempo.
O empresário, que tinha 41 anos, passou mal no começo do mês, em uma audiência na 13ª Vara Federal de Curitiba. Ele era investigado pelo suposto pagamento de propinas ao PT na construção de um prédio da Petrobras em Salvador.
Mata Pires estava respondendo a perguntas do juiz Luiz Antonio Bonat quando começou a se sentir mal e bateu com a cabeça em uma mesa.
Socorrido, ele foi hospitalizado e passou por um procedimento cirúrgico. Foi transferido para São Paulo, onde permaneceu internado e acabou morrendo.
O empreiteiro chegou a ser preso no ano passado e foi solto depois de pagar uma fiança de R$ 28,9 milhões.
“Esse trabalho não vai parar porque o crime de corrupção no Brasil não deve mais compensar. Esse é um dia de registro de que esse trabalho continua e continua em pleno vigor. A Lava Jato celebra mais um dia histórico, em que se tenta personalizar e desqualificar a Lava Jato. Esse trabalho é institucional e não para aqui”, discursou o coordenador da força-tarefa.
Foi uma das primeiras manifestações públicas do procurador desde que mensagens privadas suas e de outras autoridades, como Sergio Moro, foram divulgadas após terem sido roubadas.
“Porque estou de saco cheio de nudez.” A justificativa de Sharon Stone para não filmar uma cena sexual em O Especialista (Luis Lllosa, 1994) de nada adiantou. Seu companheiro de elenco, Sylvester Stallone, respondeu: “Vá ficar de saco cheio disso no filme de outro.” Os produtores pressionaram, e ela finalmente aceitou rodar uma das cenas de sexo mais incômodas e menos eróticas do cinema dos anos noventa. A atriz passou à posteridade como o mito erótico oficial daquela década graças a personagens que utilizavam sua sexualidade para manipular os demais. Por trás das câmeras, porém, ela nunca teve o controle.
A imagem pública de Sharon Stone (Pensilvânia, EUA, 1958) está associada à capa da Playboy de julho de 1990. Cansada de ser ignorada por Hollywood (seus papéis mais emblemáticos na época haviam sido o de “garota bonita no trem” em Memórias, de 1980, e um coadjuvante em Loucademia de Polícia 4, de 1987), ela decidiu vender a si mesma como um símbolo sexual.
Assim Sylvester Stallone explicou o incidente: “Chegamos ao set e ela decidiu que não queria tirar a roupa. Qual era o problema? ‘É que estou de saco cheio de nudez’, disse ela. Eu pedi que ficasse de saco cheio disso no filme de outro”
Tinha 32 anos e aquela capa, junto com seu papel de vilã em O Vingador do Futuro (1990), era sua última oportunidade de se tornar uma estrela. “Os executivos do estúdio se sentavam ao redor de uma mesa enorme e discutiam se cada uma de nós era comível. Consideraram que eu não era”, declarou a atriz numa entrevista de maio de 2019 à Vogue. “Pensei muito sobre isso porque queria trabalhar. Por isso, decidi estrategicamente posar seminua para a Playboy. Eu encaixava nesse papel? Obviamente, não. Utilizei meu cérebro para parecer comível? Claro que sim. Tenho certeza de que Marilyn Monroe não falava assim na vida real, mas aprendeu o jogo. Pessoalmente, jamais me senti como um símbolo sexual.”
Dois anos depois daquela capa da Playboy, sua cena cruzando as pernas sem calcinha em Instinto Selvagem (1992) imediatamente entrou para a história do cinema, levando milhares de adolescentes a estragar a fita de vídeo de tanto rebobiná-la. E transformou Instinto Selvagem no filme de maior bilheteria da história na Espanha, por exemplo. Haviam prometido a Sharon Stone que não daria para ver nada. Suas súplicas, suas ameaças de processo e suas bofetadas no diretor (Paul Verhoeven) quando viu seu púbis na telona pouco adiantaram.
No filme seguinte, Invasão de Privacidade (1993), Sharon Stone se negou a tirar a roupa quando soube que seu companheiro de elenco, William Baldwin, não precisaria fazer o mesmo graças a uma cláusula do contrato. O produtor do filme, Robert Evans, então lhe disse: “Nenhum ator chegou a ser uma estrela despindo-se, e nenhuma atriz chegou a ser uma estrela sem se despir.” Ante a reflexão de Stone de que “em Hollywood, a combinação de uma vagina e uma opinião é letal”, Baldwin exclamou: “E já vimos bastante de ambas as coisas por parte de Sharon.”
“Sharon tem um grande apelo. Meu personagem mergulha tão profundamente na mente do seu que, quando afinal se conhecem, há uma explosão erótica”, prometia Stallone. “Sharon já domina esse tipo de filme, então suponho que é a escolha adequada”, acrescentou o ator. Certo é que a cena em questão ainda não havia sido filmada, e os produtores precisavam dela para vender o filme. O final feliz foi descrito na época pelo ator desse modo: “No início ela não queria fazer essa cena de sexo. Então pensei que o melhor seria embebedá-la. Sharon tomou algumas taças e disse: ‘Ok, vou fazer!”
Em 2006, Stallone (Nova York, 1946) entrou em detalhes durante um encontro on-line no site Ain’t It Cool. Andrew, de Washington, perguntou: “Três palavras: Sharon Stone, chuveiro. Quantas vezes você boicotou a filmagem dessa cena para poder repeti-la?” O ator começou esclarecendo que não queria fazer a cena porque Sharon não cooperava. “Chegamos ao set e ela decidiu que não queria tirar a roupa. O diretor pediu à maioria da equipe que saísse do quarto, mas ela continuava se negando a tirar. Se eu havia prometido que não passaria do limite com ela, então qual era o problema? ‘É que estou de saco cheio de nudez’, disse ela. Eu pedi que ficasse de saco cheio disso no filme de outro. Como ela não se convencia, fui até o meu trailer e peguei uma garrafa de vodka Black Death que Michael Douglas tinha me dado. Após algumas doses, éramos puro tesão.”
A lógica de Stallone indicava que, como Stone havia tirado a roupa várias vezes, não tinha desculpa para se recusar a fazer isso agora. Ninguém nunca perguntou à atriz sobre sua versão do incidente, que talvez incluiria práticas comuns em Hollywood, como ameaças de processo por parte do produtor, advertências de que sua carreira corria perigo se não cedesse ou sugestões do tipo “vai ser mais rápido se você aceitar do que recusar”.
“No início ela não queria fazer essa cena de sexo. Então pensei que o melhor seria embebedá-la. Sharon tomou algumas taças e disse: ‘Ok, vou fazer!’”
O resultado são três minutos e cinquenta segundos tão sensuais quanto ver dois ímãs de geladeira enroscando-se. Acompanhados por uma música com saxofone (inevitável, eram os anos noventa), Sharon e Sylvester quase não se tocam nem se olham nos olhos enquanto a câmera se esbalda com os músculos venenosos do ator. No final, ela ensaboa as costas, ele tenta acariciar sua cabeça e ela esquiva sem dissimular.
“A cena está tão produzida que o sexo nunca pareceu tão vulgar e tão pouco sexy. Um monumento ao anticlímax. São duas pessoas desconectadas porque estão concentradas demais em si mesmas”, descrevia a crítica Lisa Schwarzbaum na Entertainment Weekly. “Parece um vídeo de exercícios: as estrelas oferecem seus corpos à câmera como se estivessem numa competição de fisiculturismo”, criticava Hal Hinson no Washington Post. “A estranha forma como Stallone acaricia a cabeça de Stone, com o braço esticado para trás revolvendo seu cabelo com a palma da mão enquanto olha para frente distraído, é a forma como um homem acariciaria seu gato enquanto pensa em outras coisas mais importantes”, dizia Quentin Curtis no The Independent.
O Especialista começa com Stallone olhando por um binóculo como um voyeur, mas o que observa é uma ponte prestes a explodir. É o tipo de filme dos anos noventa, em que a garota entra na casa do mafioso e exclama: “Da próxima vez que der cabo de alguém, deveria pensar em assassinar o seu decorador.” Um desses filmes concebidos para excitar os instintos mais primários do público, e para isso precisavam despir uma Sharon Stone que, apesar de ser 50% do apelo comercial, recebeu o equivalente a 19 milhões de reais contra os 44 milhões embolsados por Stallone. “Os homens pegam no saco, esfregam a sexualidade deles em você, te gritam do carro, são condescendentes”, contou a atriz. “As mulheres são ensinadas a ceder, com comportamentos que vão minando nossa autoestima, nossa integridade, nossa feminilidade. Não pretendo voltar a me esforçar para agradar os demais ou para evitar a confrontação.”
“A cena está tão produzida que o sexo nunca pareceu tão vulgar e tão pouco sexy. Um monumento ao anticlímax. São duas pessoas desconectadas porque estão concentradas demais em si mesmas”, escreveu a crítica de ‘Entertainment Weekly’. “
Em seu filme seguinte, Rápida e Mortal (1995), Stone foi produtora e não se despiu. Exigiu que contratassem um australiano desconhecido que nunca tinha trabalhado em Hollywood, Russell Crowe, e cedeu parte do salário a Leonardo DiCaprio porque considerava que o sujeito merecia mais dinheiro. Mas em 2001 Stone sofreu um derrame e ninguém da indústria a apoiou. Há duas semanas, aos 61 anos, ela falou sobre a etapa mais difícil da sua vida. “As pessoas me trataram de uma forma brutalmente desagradável. Inclusive outras mulheres da indústria e a juíza do caso em que lutei pela guarda do meu filho [acabou perdendo: deram a guarda ao ex-marido, o jornalista Phil Bronstein]. Levei sete anos para me recuperar [do derrame], tive que hipotecar minha casa, perdi tudo. Perdi minha posição no negócio. Eu era a estrela do cinema, sabe? A princesa Diana e eu éramos as mais famosas. Então ela morreu e eu tive um derrame. E se esqueceram de nós.”
Afogada em dívidas, Stone aceitou protagonizar Instinto Selvagem 2 (2006). Era de se esperar que, sendo a estrela imprescindível para aquela sequência sem Michael Douglas, desta vez ela teria controle sobre o trabalho. Mas o diretor pediu que se sentasse no seu colo enquanto lhe dava indicações de câmera. Como Sharon se recusou, ele se negou a rodar mais cenas com ela.
Há um ano e meio, em plena reflexão pelo #MeToo, Hollywood quis olhar para trás e revisar a própria história. Isso incluía perguntar a Stone se alguma vez havia se sentido agredida ou usada sexualmente. A atriz se limitou a soltar uma gargalhada durante vários segundos. Ao terminar de rir, concluiu: “Espero ter respondido à sua pergunta.”