Há mais de 50 anos venho ao Rio. Desde o primeiro dia em que coloquei meus pés no seu solo abençoado por Deus uma força estranha provoca-me arrepios. Sei lá, algo como se houvesse um piano, um contrabaixo e uma bateria dentro de mim anunciando a bossa nova antes dela fazer Copacabana conhecer chuva de garrafas ou eu ter olhado para o céu e beber um gole divino, sob um temporal que deu-me a impressão de testemunhar um novo dilúvio!
Após o pernoite no bairro da Tijuca, indo de Salvador para Santos, o Rio carimbou-me uma paixão que só Ele Poderia Traduzir. Agora, por exemplo, fitando a estátua do Cristo Redentor, no Alto do Morro do Corcovado, enquanto tento contar o número de Biguás, que voam imitando a Esquadrilha da Fumaça, e nuvens de chuva no céu Azul Arpoador cobrem a Cabeça de uma das sete maravilhas do mundo, diagnostico uma dorzinha na barriga por culpa exclusiva da saudade que começa a bater forte no coração do velho bossanoveiro, próximo à viagem de volta para a Capital do Berimbau, a amada Salvador do mundo inteiro.
Mais uma lágrima vai rolar no asfalto de Botafogo, na Praia de Ipanema ou na Cinelândia, onde estive na quarta-feira passada e, alí, levei um susto de fazer-me pensar que o VLT era uma flecha atirada pelos Tamoyos em cima de um soteropolitano que estava pensando, naquele momento, em criticar, com os seus botões, a decadência geral da Cidade Maravilhosa. E agora, lendo o noticiário da Capital da Bossa Nova, admito, o Rio que mora no mar não é mais aquele. Procuram-se os cariocas!
Só para exemplificar a mudança de humor de sua gente hospitaleira: estou com uma dor de ouvidos, braba. O motivo? As buzinas fluminenses! E o risco de atropelo, da fila das farmácias ao ciclista que não pára para a criança atravessar uma rua estreita, saindo da escola. O sorriso do carioca virou artigo de luxo. O Rio tem que dar a volta por cima, antes que os pilotos de helicópteros morram de fome.
Gilson Nogueira, jornalista, é amigo do peito e colaborador de raiz do Bahia em Pauta.
“Brisa do mar”, Os Cariocas: suntuosa canção, retrat0 do Rio de outro tempo, mas sempre um antídoto seguro contra qualquer depressão, em qualquer dia e em qualquer tempo.Mesmo em tempo ruim, uma melodia como esta nos arranca um sorriso de contentamento e esperança.
A mudança de nome do PPS para Cidadania provocou polêmica.
Joice Hasselmann (PSL), líder do governo no Congresso, foi ao Twitter para dizer que “o partido ainda consta como membro do Foro de São Paulo”.
O deputado Daniel Coelho, líder do agora Cidadania na Câmara, reagiu:
“Estou sem acreditar que tenha tratado com tom de ironia um partido que trata de forma responsável os assuntos do país, sem pedir nada em troca, sem toma lá, dá cá, que faz mais defesa da necessidade da reforma da Previdência do que os deputados do seu PSL.”
Presidente voltou a alfinetar presidente da Câmara na batalha em torno da articulação da reforma da Previdência
Ao terminar sua primeira visita oficial ao Chile, o presidente Jair Bolsonaro enfatizou, neste sábado, 23, que não vai entrar em um “campo de batalha” que não é o seu, ao se referir à cobrança do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que ele assuma a liderança pela articulação da reforma da Previdência. Além disso, Bolsonaro voltou a jogar a responsabilidade da proposta sobre Maia e o Congresso e disse não saber por que o parlamentar anda tão “agressivo”.
“Não serei levado para um campo de batalha diferente do meu. Eu respondo pelos meus atos no Executivo, Legislativo são eles, Judiciário é o Dias Toffoli. E assim toca o barco, isso se chama democracia”, disse Bolsonaro a jornalistas ao deixar o Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, ao lado do presidente do Chile, Sebastián Piñera. “Não queiram me arrastar para um campo de batalha que não é o meu”, insistiu.
Jair Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo (Foto: Marcos Corrêa/PR)
O presidente disse não saber por que Maia anda tão “agressivo” contra ele e ainda declarou que perdoa o parlamentar fluminense, citando problemas pessoais do parlamentar. Na quinta-feira, 11, o ex-ministro Moreira Franco, sogro de Maia, foi preso pela Operação Lava Jato do Rio. “Eu lamento. Até perdoo o Rodrigo Maia pela situação pessoal que ele está vivendo. O Brasil está acima dos meus interesses e do dele. O Brasil está em primeiro lugar.”
Bolsonaro repetiu que a “bola” pela votação da reforma está agora com Maia e com o Congresso, e não mais com o Planalto. Questionado sobre as razões que teriam levado o presidente da Câmara a disparar publicamente contra ele, Bolsonaro disse que “a temperatura está alta lá no Senado”, sem explicar a que se referia.
Ao se dirigir ao carro que o levou para o aeroporto, Bolsonaro declarou que não existe atrito com Maia. “Da minha parte, não houve atrito. Estou pronto para conversar com ele.”
Velha política
Bolsonaro voltou a culpar a “velha política” pela insatisfação de Maia e de outros parlamentares com o governo. “O que é articulação? O que falta eu fazer? Eu pergunto para vocês. O que foi feito no passado? Eu não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes, pode ter certeza nisso”, declarou.
Venezuela
Além da reforma da Previdência, Bolsonaro criticou Maia pela declaração ao Estado de que o Brasil não teria condições de “segurar” 24 horas de confronto com a Venezuela. “Ele está desprestigiando as Forças Armadas dessa maneira? Ele falou isso mesmo? Não queremos guerra com ninguém, [Maia] está desprestigiando as Forças Armadas. Em algum momento eu falei em guerra? Não falei. Ele está completamente desinformado.”
Em nota, a bancada do DEM na Câmara, formada por 27 deputados, repudiou “qualquer ataque virtual” contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e disse que o respeito às instituições e seus representantes é a única saída para a crise. A manifestação ocorre em meio à troca de farpas entre o presidente da Câmara e o presidente Jair Bolsonaro. No texto, os democratas afirmam que Maia tem “capacidade de diálogo”, “responsabilidade” e está “empenhado” em fazer o ajuste fiscal e aprovar as reformas econômicas.
Rodrigo Maia (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
“Conhecedores do espírito público, da capacidade de diálogo e da responsabilidade de Rodrigo Maia com o País, os deputados Federais que compõem a bancada do Democratas na Câmara repudiam qualquer ataque virtual ao presidente da Câmara e às instituições democráticas. É público o respeito de Rodrigo Maia aos Poderes constituídos e à hierarquia característica de cada um deles e a busca incessante pela harmonia e independência, preceitos constitucionais”, diz a nota assinada pelo líder da bancada, Elmar Nascimento (BA).
“Para os deputados Federais do Democratas, em qualquer contexto, governado por qualquer grupo político, as instituições e o respeito a seus representantes devem prevalecer. Não acreditamos que a saída para a crise possa ser outra”, afirmam os democratas em outro trecho.
Além de ter conquistado a presidência na Câmara e no Senado, o Democratas é o único partido com assento no Congresso com três representantes chefiando pastas na Esplanada dos Ministérios – entre eles o principal articulador político do governo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Esta semana, Maia ficou irritado com publicações de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), e a reação de bolsonaristas contra ele em redes sociais, ameaçando abandonar a articulação para aprovação da reforma da Previdência. Em entrevista ao Estado, publicada neste sábado, Maia disse que “o governo é um deserto de ideias”. Bolsonaro por sua vez, afirmou que “perdoa” Maia “pela situação pessoal que ele está vivendo”, o que foi interpretado como referência à prisão do sogro do presidente da Câmara, o ex-ministro Moreira Franco.
No texto divulgado hoje, os parlamentares do DEM afirmam que a implementação de “regras duras e necessárias que cortem privilégios dependem de posturas corajosas e de defesas enfáticas” e que Maia é figura central neste cenário. “O mundo real é assim. O virtual aceita ataques que só geram ódio, não o desenvolvimento. A coragem e o diálogo franco, ambos na vida real da política que visa um Brasil melhor, fazem Rodrigo Maia ser reconhecido como uma das figuras centrais neste difícil processo de reconstrução nacional, devolvendo à Câmara, que representa a vontade de cada brasileiro, um papel de protagonismo, necessário ao momento que estamos vivendo.”
Os deputados também reforçam que as portas do gabinete de Maia e da residência oficial “sempre estiveram – e estarão – abertas para qualquer corrente política”. “À sua mesa, há lugar garantido para todos aqueles que queiram contribuir de forma respeitosa com o ambiente democrático. Sua interlocução com todos é feita de forma direta e franca.”
“O Presidente Rodrigo Maia orgulha a nossa bancada e sintetiza com as suas atitudes os valores democráticos que o nosso Partido cultua e defende. Para os deputados Federais do Democratas, em qualquer contexto, governado por qualquer grupo político, as instituições e o respeito a seus representantes devem prevalecer. Não acreditamos que a saída para a crise possa ser outra. A Câmara dos Deputados, sob a liderança de Rodrigo Maia, não se furtará a cumprir o seu papel na história”, concluem os deputados na nota.
Muitos artistas, amigos e parentes foram ao velório que começou às 22h de sábado. Viúva conta que Domingos deixou carta para a família sobre a própria morte.
Por Alba Valéria Mendonça e Victor Ferreira, G1 Rio e GloboNews
Corpo de Domingos Oliveira é velado no Rio
Amigos, parentes e artistas foram prestar uma última homenagem ao ator, autor e diretor Domingos Oliveira, de 82 anos, que morreu na tarde de sábado (23). Ele sofria de Mal de Parkinson. O velório está sendo realizado desde a noite de sábado, no Teatro Maria Clara Machado, no Planetário do Rio, na Gávea, na Zona Sul do Rio.
O enterro está marcado para as 13h deste domingo (24), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul.
Durante toda a noite de sábado e madrugada deste domingo (24), foram projetadas em um telão fotos e vides de Domingos.
Foram realizadas projeções de fotos e vídeos durante toda a madrugada no velório de Domingos Oliveira — Foto: Alba Valéria Mendonça / G1
A viúva Priscilla Rosembaum e a filha Maria Mariana contam que receberam ontem uma carta que Domingos tinha escrito há 20 anos sobre a morte dele.
“Chorei e ri muitas vezes, a carta é incrível. Ele fez a dramaturgia do próprio enterro. Agora, minha missão é descobrir a criatividade dele dentro de nós”, disse a filha.
Priscila contou que até sexta-feira ele estava trabalhando e que representar, contar histórias era a vida dele. “Ele dizia que só a arte salva e sem arte não há salvação”, disse a viúva.
Vviúva Priscilla Rosembaum e a filha Maria Mariana — Foto: Alba Valéria Mendonça / G1 Rio
Domingos Oliveira tinha uma relação profunda com este teatro. Ele foi diretor da casa durante oito anos, na década de 90. Vários artistas que contracenaram lá, falaram desse período de riqueza do teatro.
A atriz Fernanda Montenegro fez um discurso emotivo sobre a importância de Domingos Oliveira para a arte e a cultura no Brasil. Ela contou que conheceu o diretor há uns 60 anos.
“É uma época de sonhos que vai com ele. Era um poeta, de uma sensibilidade que a gente não vê todo dia. Arregimentador de cultura, de humanidade, de juventude. Um homem da cidade, com mais de 80 anos, absolutamente jovem trazendo ainda uma esperança daqueles anos que se foram. Nós tínhamos esperanças de um país melhor, uma crença no nosso futuro, na nossa responsabilidade como brasileiros, como o caráter do brasileiro. Hoje não estamos nem na entressafra, estamos numa baixaria absoluta. Ele simbolizava tudo isso para mim”, disse Fernanda Montenegro, muito emocionada.
Fernanda Montenegro esteve no velório do diretor Domingos Oliveira — Foto: Reprodução / TV Globo
O ator João Vitor Oliveira, sobrinho-neto de Domingos, disse que começou no teatro aos 14 anos, em 2010 com o tio.
“Tive a sorte de ter bebido dessa fonte bem de perto. Pena que Tive pouco tempo. Até então ele era apenas o tio Mingão. Minha missão é propagar a palavra e o amor dele”, disse João.
Ator João Vitor Oliveira chega ao velório de Domingos Oliveira — Foto: Alba Valéria Mendonça / G1
A mãe de João, a sobrinha e diretora do Teatro Gláucio Gil, Bia Oliveira, disse que Domingos era gênio e que sempre dizia que queria morrer no teatro. “Meu tio era um gênio. Deixou mais de 150 textos. Ele deixa um legado de amor e da palavra.”, disse Bia, que está remontando dez anos depois a peça “Os melhores anos de nossas vidas”.
Também estiveram no velório as atrizes Maitê Proença e Fernanda Torres, o ator Caio Blat, que também fez uma despedida emocionada.
“Tem muita gente aqui que só conheço por causa, Domingos. Você foi imensamente generoso, sempre transbordando o seu amor, sua sabedoria imensa, seu carinho. Muito obrigado por ter juntado todas essas pessoas aqui”, disse Blat.
Caio Blat esteve no velório do diretor Domingos Oliveira, na noite deste sábado (23) — Foto: Reprodução / TV Globo
A filha do diretor, a atriz Maria Mariana disse que ele era um homem digno e que morreu com muita dignidade, como ele quis: com tranquilidade, sem precisar passar por hospital, em casa ao lado das pessoas que amava.
“Ele teve amigos, sempre ligava para os amigos, mesmo no meio daquela trabalheira. Só tenho uma palavra para dizer: gratidão”, disse a filha.
O atual diretor do teatro, Antônio Gilberto, falou sobre a morte do amigo. “O Brasil perde a presença física de um artista ímpar. Domingos foi um gênio no teatro, no cinema e na televisão, onde dirigiu e adaptou obras incríveis da literatura mundial e do teatro. Foi um período fantástico da nossa televisão, nos anos 70, e o legado dele continua”, garantiu o diretor.
O diretor de teatro Amir Haddad lembra que junto com Aderbal Freire Filho e Alcione Araújo sempre se reunião para conversar sobre seus respectivos trabalhos. “Ele deixa uma herança de amor. Era a vida dele. Ele tinha sempre uma palavra de afeto, delicada, era atencioso, gentil e sedutor. Deixa um grande legado cultural”, disse Haddad.
Amir Haddad (de boné) chega ao velório de Domingos Oliveira — Foto: Alba Valéria Mendonça / G1
Sobrinha de Domingos e diretora de teatro Bia Oliveira — Foto: Alba Valéria Mendonça / G1