ARTIGO DA SEMANA
Batistti na Itália, armas, Trump e Davos: Talento à moda Bolsonaro
Vitor Hugo Soares
É inevitável reconhecer, frente ao recente episódio e as repercussões da prisão de Cesare Battisti – o condenado fugitivo precariamente disfarçado, apanhado durante prosaico passeio de fim de tarde na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra: Bolsonaro e seu governo, à moda e seu jeito próprios, têm demonstrado Talento (com maiúscula mesmo) e senso de direção, em seguida à largada mambembe e o bate-cabeça inicial dos novos donos do poder. Destaques exemplares, além do caso Batistti: a assinatura do decreto da posse de armas e o encontro com o colega argentino, Maurício Macri, de forte impacto político continental, que balançou o inerte Mercosul e fez tocar o alarme no regime de Maduro, na Venezuela.
E a cereja do bolo pode estar ainda à espera do mandatário brasileiro, semana que vem, na distante e fria Suíça. Neste domingo, Bolsonaro embarca para participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, onde fará sua estréia internacional. Na comitiva leva estrelas de primeira grandeza: os superministros Paulo Guedes, da Economia; Sérgio Moro, da Justiça e Segurança; e o agitador chanceler Ernesto Araújo, de polêmicas garantidas com “as esquerdas” .
Sem as presenças dos presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos (declarado fã do capitão) e da França, Emmanuel Macron, a expectativa é que o mandatário do Brasil se transforme em uma das principais atrações de Davos 2019.
Sei que muita gente – principalmente a turma ligada aos donos do poder nos últimos quase 15 anos, ou deles beneficiária em seus interesses, mamatas e falcatruas – vai torcer o nariz, mas cito fatos jornalísticos. Faço também um esclarecimento de ordem política, conceitual e de princípios, retirado do livro “Rompendo o Cerco”, cujo exemplar recebi pessoalmente das mãos de Ulysses Guimarães – com honrosa e inestimável dedicatória -, depois da cobertura pelo Jornal do Brasil (cuja redação da sucursal eu chefiava então em Salvador), na “noite dos cães selvagens” açulados pelas tropas de elite da PM contra o presidente do MDB, em dramático e insano 1º de Maio, na Bahia, nos Anos 70 de embates contra a ditadura e de quase todas as loucuras.
Talento é o terceiro mandamento do Estatuto do Estadista, cujo enunciado diz: “Não há estadista burro. Há de ser talentoso, embora possa não ter cultura. Tiradentes e Juarez não tiveram cultura, mas foram estadistas porque tiveram talento político. Talento é o dom de acertar”…
Fatos. É disso que se trata aqui e agora. Goste-se ou não do que pensa, diz e faz o capitão da reserva do Exército, eleito com mais de 57 milhões votos para mandar no Palácio do Planalto, nos próximos quatro anos (pelo menos). O caso Batistti é exemplo cabal de visão em perspectiva política e histórica, atributo em falta na maioria dos políticos e governantes do País.
Com negociações diplomáticas ágeis e objetivas dos três governos diretamente envolvidos no caso, desde a prisão, no sábado, até o embarque do criminoso, em vôo direto, Santa Cruz de La Sierra/Roma, patrocinado pelo governo italiano, para – depois de 37 anos de fugas e estranhos benefícios, – o condenado pela justiça da Itália começar efetivamente a cumprir pena de prisão perpétua, em penitenciária de máxima segurança, numa ilha na Sicília, de onde ninguém até agora conseguiu fugir.
É isto, por enquanto, e não é pouco. Agora esperemos o que virá em Davos, e depois. A conferir.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitor_soares1@terra.com.br
Um dos maiores anseios da população brasileira, mesmo daqueles que não votaram no Bolsonaro é, sem nenhuma dúvida, o combate de todos os tipos de crimes, tanto o crime organizado como os crimes de corrupção que, desde há muito tempo, assola a sociedade brasileira em níveis sempre crescentes. Além de eleito, Bolsonaro, começa agora, mesmo aos trancos e barrancos, a tomar as providências prometidas. E pelo que se deduz o povo está do lado dele, pois não aguenta mais tanta violência. O povo também sabe que em 19 dias não existe condições para acabar com a insegurança pública que vem de muitos anos e piorando como no caso do Ceará. Só nos resta torcer para que tudo dê certo e o Brasil volte a prosperar, recuperando o tempo perdido.
Estamos na torcida para ouvir o Queiroz e saber como familia Bolsonaro aumentou seu patrimonio. Pode comecar Ja ir acostumando.
Como dona Marisa, ex de Lula, aumentou seu patrimônio?
Esse louvavel artigo vem ao encontro do que sempre pensei de você, caro Vitor, de sua análise lucida e arguta sobre os fatos e de sua coragem em verbalizar seu pensamento. Também partilho com você uma grande admiração por Ulysses Guimarães,
um exemplo da política em nosso país. Concordo com tudo o que disse. Vamos aguardar os próximos acontecimentos.
Lucia:
Grato por suas considerações, sempre lúcidas e com a marca da generidade genuína. Sim, vamos confiar e aguardar. Quanto a Ulýsses é verdadeiramente uma admiração antiga e lastreada em situações concretas de vida, princípios e coragem cívica. Forte abraço.