Bolsonaro recebe Netanyahu no Forte de Copacabana (Rio) às véperas da posse…
…e o PT, de punhos cerrados, avisa que não participará da festa em Brasília.
ARTIGO DA SEMANA
A presença de Ulysses na chegada de Bolsonaro
Vitor Hugo Soares
A três dias da festa da posse do presidente Jair Messias Bolsonaro – que juntamente com os quase 58 milhões de votos nas eleições de outubro passado , obteve também a legitimidade para comandar a República pelos próximos quatro anos – é sempre bom e oportuno recordar pensamentos de Ulysses Guimarães, mestre da política, do discurso e da ação democrática, em sua concepção mais elevada e civilizada, principalmente na luta parlamentar. Escolho um deles, do tempo da ditadura, por mais estranho e contraditório que pareça, para abrir este artigo de fim de 2018 e de expectativas da chegada do novo governo.
É a primeira do ranking das 100 melhores frases selecionadas por Dona Mora e publicadas no livro “Rompendo o Cerco”, lançado em 1978, pela Editora Paz e Terra (coleção Documentos da Democracia Brasileira). Em seguida à histórica noite dos cães enfurecidos da PM, na Praça do Campo Grande, em Salvador, açulados contra Ulysses, então líder maior das oposições no Brasil, durante a proibida celebração do 1º de Maio na Bahia. “No que concerne ao primeiro cargo da União e dos Estados, dura e triste tarefa esta de pregar numa “república” que não consulta os cidadãos e numa “democracia” que silencia a voz das urnas”, pregava o desaparecido presidente do MDB. No largo contexto do espaço e do tempo, eis aí toda diferença na citação, aparentemente contraditória, em relação à chegada do novo mandatário ao Palácio do Planalto, e ao que ele fala e promete fazer a partir da posse: “a consulta aos cidadãos” e a “voz das urnas”.
Isso faz – ou deveria fazer – toda diferença, para o bem ou para o mal. Para os vencedores e para seus oposicionistas, indistintamente. Afinal é esta a regra número um do jogo nas verdadeiras democracias: o respeito à alternância de poder determinado pelo veredicto das urnas. É certo – ou quase – que nenhum dos lados irá muito longe, nem a nação dará passos adiante, se prevalecer a retórica e práticas odientas e burras dos projetos das “facadas”, do “é golpe”, de políticos abatidos a tiros no meio da rua – a exemplo de Marielle França, no Rio, há quase 10 meses, e de Gerson Camatta, nesta quarta-feira, 25, de quase fim de dezembro. Ou as “manobras e truques; favorecedores da corrupçã o sistêmica que alimenta a aparentemente interminável teia de corruptos e corruptores insaciáveis. Vários deles já recolhidos à cadeia.
Nesta quinta-feira, 27, talvez tenha sido o prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do DEM, quem melhor conseguiu sintetizar o quadro que temos e o que se espera depois da festa de posse em Brasília. Em entrevista publicada na Tribuna da Bahia ele disse, por exemplo, não acreditar que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), perseguirá a Bahia ou o Nordeste, domínios que permanecem petistas, ou “de esquerda” em seus governos estaduais, depois das eleições passadas.
“A eleição tem que encerrar as disputas. Não creio, pelo que conheço do presidente eleito, que ele tenha o espírito de perseguir a Bahia porque Rui Costa (PT) não o apoiou na eleição. Por outro lado, Rui Costa precisa descer do palanque. Não adianta o governador estar aqui na Bahia esculhambando o presidente, e depois ir à Brasília e querer portas abertas do governo federal. Rui (e o PT) precisam colocar os interesses do estado em primeiro lugar”, avisa o prefeito de Salvador. O resto é pagar para ver. Feliz Ano Novo a todos.
Vitor Hugo Soares, jornalista, é editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitor_soares1@terra.com.br
A decisão da Justiça saiu no início da tarde, durante o velório da ialorixá, realizado na Câmara de Vereadores de Nazaré. A cerimônia era aberta ao público e contava com a participação de filhos de santo, que tiraram o corpo do local após saberem da determinação judicial. No local, o clima ficou tenso.
Após decisão judicial, corpo de Mãe Stella de Oxóssi é transferido para Salvador
O corpo de Mãe Stella foi levado do velório direto para Salvador. Ao chegar na capital baiana, foi levado para uma funerária e, em seguida, transferido para o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, no bairro de São Gonçalo do Retiro. No local, filhos de santo participam de uma cerimônia em homenagem à ialorixá.
Mãe Stella será enterrada no sábado (29). A cerimônia será realizada no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Campinas de Brotas, após cortejo, que partirá por volta das 9h do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. A previsão é de que o corpo chegue no cemitério às 11h.
Corpo de Mãe Stella em Salvador — Foto: Giana Mattiazzi/TV Bahia
Desde 2017, Mãe Stella morava na cidade de Nazaré, que fica a cerca de 210km de Salvador. Ela se mudou de Salvador para lá por conta do desentendimento entre os filhos de santo e a companheira dela, Graziela.
Corpo de Mãe Stella de Oxóssi foi retirado de velório em Nazaré e trazido para Salvador — Foto: Reprodução/ TV Bahia
Com a morte da ialorixá, o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá ficará fechado por um ano, de luto. Neste período, não haverá cultos nem festividades, segundo o que determina a tradição do candomblé sempre que morre uma ialorixá ou um babalorixá.
Só no fim do ano que vem, que o terreiro terá nova ialorixá. A substituição será determinada pelos orixás, com jogo de búzios. A liderança é dada a uma mulher porque o Ilê Axé Opó Afonjá é uma casa de tradição feminina.
Biografia
Mãe Stella lançou aplicativo e canal no YouTube — Foto: Alan Tiago Alves
Considerada uma das maiores ialorixás do país, Mãe Stella nasceu no dia 2 de maio de 1925, em Salvador. Foi a quarta filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo Santos.
Aos 13 anos de idade, foi levada pela tia, que a criava, para o terreiro de mãe Aninha, a fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá. Um ano depois, foi iniciada no candomblé. Na juventude, sempre gostou de ler. Formou-se enfermeira, profissão que exerceu durante 30 anos. Em 1976, aos 51 anos de idade, foi escolhida pelos orixás para ser a nova líder do terreiro de São Gonçalo do Retiro. Mãe Stella foi a quinta ialorixá a comandar o Ilê Axé Opó Afonjá.
Em 1999, Mãe Stella conseguiu que o terreiro fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 2005, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Quatro anos depois, recebeu o mesmo título pela Universidade do Estado da Bahia. Além disso, Mãe Stella foi agraciada com a Comenda Maria Quitéria, da Prefeitura de Salvador, com a Ordem do Cavaleiro, do Governo do Estado, e a Ordem do Mérito, do Ministério da Cultura.
Estudiosa e divulgadora da crença religiosa africana, Mãe Stella foi a primeira ialorixá no Brasil a escrever livros e artigos sobre o candomblé. Em 2013, foi eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira de número 33 cujo patrono é o poeta Castro Alves.
A líder religiosa, cultural e social do seu povo sempre condenou o sincretismo religioso. Para a mãe de santo Stella de Oxóssi, candomblé é candomblé, e catolicismo é catolicismo. Não concordava com a fusão entre santos e orixás.
Sempre preocupada em garantir a preservação da cultura negra, Mãe Stella participava de conferências e dava palestras. No Ilê Axé Opô Afonjá, montou o primeiro museu aberto em uma casa de candomblé, onde podem ser vistas as roupas e os objetos usados pelas mães de santo da casa e pelos orixás.
O livro “Mãe Stella de Oxóssi – Estrela nossa, a mais singela!”, obra organizada pelo escritor Marcos Santana, conta a história de vida da ialorixá com poesias, depoimentos, resenhas e análises de algumas de suas produções intelectuais. A obra foi lançada em 2014, no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá.
O livro é uma coletânea que reúne resgate histórico e cultural, com textos de diversos autores, como: Edivaldo Boaventura, Muniz Sodré, Antonio Olinto, Jorge Amado, Fernando Coelho, Padre Arnaldo Lima, Dorival Caymmi, Jorge Portugal, Menininha dos Gantois, Detinha de Xangô, Marcos Santana e da própria Mãe Stella.
Mais do que uma sacerdotisa de um dos mais importantes terreiros de candomblé do país, Mãe Stella de Oxóssi foi uma militante do resgate cultural de um povo.
Mais Médicos é um programa de improvisações, diz futuro ministro
O futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o programa Mais Médicos é caracterizado por improvisações “desde o dia em que foi instalado” e será revisto “como um todo”, relata o Estadão.
“Vamos aguardar o que esse governo vai concluir, porque a gente já fez reuniões. O entendimento deles começa de um jeito, depois muda”, disse Mandetta, para quem o programa tem “inúmeras situações de distorção”.
O futuro ministro afirma que o Mais Médicos promoveu substituição completa do quadro de profissionais em cidades que têm IDH alto e que, em tese, não precisariam disso, como Brasília.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, fará visita oficial a Israel até março, conforme pronunciamento conjunto após uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na tarde desta sexta-feira, 28, no Rio. Bolsonaro e Netanyahu almoçaram e se reuniram no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio.
Após o encontro, os dois líderes fizeram um pronunciamento – apenas a imprensa israelense e as TVs puderam acompanhar a declaração. Bolsonaro começou dizendo que Brasil e Israel, mais do que parceiros, são “irmãos no futuro, na economia, em tecnologia, em tudo aquilo que possa trazer benefícios para os dois países”.
Jair Bolsonaro recebe a visita do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Netanyahu agradeceu pela “gentilíssima recepção” e destacou que o momento era histórico, já que esta é a primeira visita de um primeiro-ministro de Israel ao Brasil na história. “Israel é a terra prometida. E o Brasil é terra da promessa (para o futuro)”, afirmou Netanyahu.
Segundo o primeiro-ministro, a cooperação entre os dois países poderá trazer “benefícios tremendos aos nossos dois povos, na economia, no emprego, na segurança, na agricultura, recursos hídricos, na indústria, em todos os domínios da atividade humana”.
“Convidei o presidente Bolsonaro para visitar Israel, e ele aceitou, e ele será bem-vindo como um grande amigo, um grande aliado, um irmão”, disse Netanyahu.
Bolsonaro respondeu dizendo que pretendia visitar Israel até março, com “uma comitiva de vários setores da sociedade”. “O que for acertado entre nós será muito bom para brasileiros e israelenses. E, por que não dizer?, também para grande parte do mundo, porque estamos demonstrando que essas parcerias trazem o bem-estar para seus povos. Queremos que mais gente faça parceria com Israel, bem como conosco também”, disse Bolsonaro.
O presidente eleito fez apenas uma breve referência à política nacional, ao dizer que seu governo será “difícil”. “Começamos um governo difícil a partir de janeiro, mas o Brasil tem potencialidades, tem massa humana, como a formada em nosso ministério, para que possamos vencer esses obstáculos. Em parte, precisamos, sim, de bons aliados, de bons amigos, de bons irmãos, como Benjamin Netanyahu”, afirmou Bolsonaro.
Após o encontro no Forte de Copacabana, a agenda oficial de Netanyahu inclui um encontro com a comunidade judaica carioca na sinagoga Kehilat Yaacov, também em Copacabana. Bolsonaro deverá acompanhar o primeiro-ministro no evento.
Netanyahu desembarcou no Brasil por volta das 11h15 desta sexta-feira, no Aeroporto Tom Jobim-Galeão. O primeiro-ministro ficará no Rio até o dia 1º, quando seguirá para Brasília, onde acompanhará a cerimônia de posse de Bolsonaro.
O PT decidiu que não vai participar da posse de Jair Bolsonaro no Congresso. Embora o candidato do PSL tenha derrotado o petista Fernando Haddad nas urnas, o partido divulgou um comunicado oficial para “denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad”. Os parlamentares petistas não estarão presentes no Congresso durante a posse de Bolsonaro.
O comunicado é assinado pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e pelos líderes da Câmara, Paulo Pimenta, e do Senado, Lindbergh Farias. No texto, os petistas dizem que “o resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios”. Acrescentam que “o ódio do presidente eleito contra o PT, os movimentos populares e ao ex-presidente Lula é expressão de um projeto que, tomando de assalto as instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar as conquistas históricas do povo brasileiro”.
Comunicado do PT
Partido dos Trabalhadores nasceu na luta da sociedade brasileira pelo restabelecimento da democracia, em 1980. Em quase quatro décadas de existência, o PT sempre reconheceu a legitimidade das instituições democráticas e atuou dentro dos marcos do Estado de Direito; combinando esta atuação com nossa presença nas ruas e nos movimentos sociais, aprofundando a participação da sociedade na democracia.
Gleisi Hoffmann disse que o PT jamais abandonará Lula, e Fernando Haddad visita hoje o ex-presidente para traçar os planos para a eleição (Foto: Reprodução)
Participamos das eleições presidenciais no pressuposto de que o resultado das urnas deve ser respeitado, como sempre fizemos desde 1989, vencendo ou não. Mantemos o compromisso histórico com o voto popular, mas isso não nos impede de denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad.
O devido respeito à Constituição também torna obrigatórios a denúncia e o protesto contra as ameaças do futuro governo de destruir por completo a ordem democrática e o Estado de Direito no Brasil. Da mesma forma denunciamos o aprofundamento das políticas entreguistas e ultraliberais do atual governo, o desmonte das políticas sociais e a revogação já anunciada de históricos direitos trabalhistas.
O resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios.
O ódio do presidente eleito contra o PT, os movimentos populares e o ex-presidente Lula é expressão de um projeto que, tomando de assalto as instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar as conquistas históricas do povo brasileiro.
Não compactuamos com discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política. Por tudo isso, as bancadas do PT não estarão presentes à cerimônia de posse do novo presidente no Congresso Nacional.
Seguiremos lutando, no Parlamento e em todos os espaços, para aperfeiçoar o sistema democrático e resistir aos setores que usam o aparato do Estado para criminalizar adversários políticos.
Fomos construídos na resistência à ditadura militar, por isso reafirmamos nosso compromisso de luta em defesa dos direitos sociais, da soberania nacional e das liberdades democráticas.