Moro ePaulo Guedes: a arte de delegar de Bolsonaro.
ARTIGO/PENSAMENTO POLÍTICO
Artigo de Joaci Góes (membro da Academia de Letras da Bahia) , publicado na Tribuna da Bahia em 16/11/18. Brilhante, corajoso e certeiro na exposição de fatos e na análise. Bahia em Pauta reproduz e recomenda a leitura. Vivamente.
(Vitor Hugo Soares, editor)
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A arte da delegação
Joaci Góes
Ao advogado e querido amigo Rubens Pessoa.
Pela qualidade da equipe que vem escalando, pode-se afirmar, sem risco de contestação, que o Presidente Jair Bolsonaro é um discípulo exemplar do mega- empresário norte-americano, nascido na Escócia, Andrew Carnegie (1835-1919), considerado o expoente das boas técnicas de delegação que o levaram de rapaz pobre a um dos homens mais ricos do mundo, liderando em campos vitais como a exploração de petróleo e produção de aço. O epitáfio por ele escrito, para encimar o seu túmulo, reza: “Aqui jaz um homem que soube se cercar de pessoas melhores do que ele próprio”. Ao dividir o exercício do poder com gente do calibre de Sérgio Moro e Paulo Guedes, Bolsonaro segue, também, a avaliação de Carnegie, segundo quem “Não será líder quem quiser fazer tudo solitariamente, ou ganhar todos os créditos pelas conquistas alcançadas”.
No processo em curso da formação do Ministério, a cada dia enriquecido com nomes acima de qualquer suspeita, o Presidente eleito vai batendo novos recordes, que se somam aos já conquistados. Com efeito, não se conhece precedente, na história da humanidade de quem tenha chegado ao poder, por via democrática, de modo tão solitário, sem qualquer dos componentes reputados indispensáveis à realização desse difícil e ambicionado mister, como dinheiro, apoio político, apoio da mídia, tempo de televisão. A candidatura Bolsonaro, a exemplo do processo de formação dos grandes rios – que se iniciam por pequenos regatos que se vão acrescendo de novos afluentes-, começou com encontros com pequenos grupos que, convertidos em apóstolos da causa, incorporaram multidões crescentes, que desembocaram com força indomável no largo oceano da adolescente, mas sólida, democracia brasileira. Albert Einstein cunhou uma reflexão que explica o fenômeno Bolsonaro: “Há uma força motriz mais poderosa do que o vapor, a eletricidade e a energia atômica; é a força da vontade”.
Não se conhece, igualmente, na história brasileira, na linha dos ensinamentos de Andrew Carnegie, precedente de quem haja, tão voluntariamente, fracionado o próprio poder, atraindo para sua equipe, sem medo de sombras, nomes que usufruem do mais alto prestígio dentro e fora do País. Até então, quem mais havia realizado, no particular, foi o Presidente Rodrigues Alves que só aceitava, para compor o seu ministério, quem, segundo seu juízo, dispusesse de atributos para exercer a Presidência da República. No plano estadual, o saudoso governador de São Paulo, Franco Montoro, valeu-se desse saudável princípio, só convidando para compor o seu secretariado quem tivesse atributos para governar o seu grande Estado. Sinal, indisfarçável, de confiança e vocação para a grandeza. O resto é preconceito ou despeito dos que querem o aumento das agruras do povo brasileiro, desde que isso os conduza de volta ao poder de que foram defenestrados por excessos de descompostura na gestão do interesse público. Os brasileiros, em geral, sobretudo os que integram o partido do quanto pior melhor, também, deveriam seguir o sábio e definitivo conselho de Andrew Carnegie: “Á proporção que amadureço, presto menos atenção no que as pessoas dizem, e passo a atentar no que fazem”. É mais do que hora de reconhecermos o excelente começo do novo Presidente, deixando de enfatizar o que de impróprio ele haja dito e focar no que ele está fazendo. Desejar-lhe boa sorte é o mesmo que desejar boa sorte ao Brasil. Torcer contra o novo governo é torcer, sobretudo, contra as populações mais carentes do nosso desditoso País!
Sobre a discutida decisão do juiz Sérgio Moro ao aceitar ser Ministro da Justiça, ficamos com a conclusão expressa em vídeo que circula mundo afora: – Sérgio Moro não deixou a Justiça para ingressar na política (com minúscula); ele ingressou na Política (com maiúscula) para fazer JUSTIÇA.
“Telefonía”, Jorge Drexler, compositor e intérprete uruguaio, grande vencedor da premiação do Grammy Latino deste ano, na festa realizada em Las Vegas (EUA). Toda uma declaração de amor a tomas as maneiras de nos comunicarmos : do guardanapo de papel dos bares ao telefone tradicional e o moderno celular. Segundo informa Youtube, “gravado integramente com guitarras, todo tipo de guitarras, construindo um som cálido, ritimado e atrativo. Ouçamos e saudemos a força da música de alta qualidade que se faz na América Latina e que tem no uruguaio Drexler um de seus gigantes atuais. BRAVISSIMO!!!
O compositor uruguaio Jorge Drexler foi coroado como o grande vencedor da 19ª edição do Grammy Latino. Sua canção, Telefonía, ganhou os maiores prêmios: melhor música e gravação do ano. E seu disco, Salvavidas de Hielo, recebeu o prêmio de melhor álbum de cantor e compositor. Drexler foi o protagonista de uma das edições mais surpreendentes dos últimos anos. Uma cerimônia que deu uma guinada e com Drexler estabeleceu um precedente: o latino nem sempre é reggaeton. Foi o que disse o artista ao receber um dos três prêmios, incentivando a acabar com a rivalidade entre os gêneros: “Viva Borges, Pessoa. Mas também viva a cumbia e o reggaeton!”.
J Balvin, o rei do gênero urbano, indicado para oito prêmios, chegou a esta edição como favorito, mas subiu apenas uma vez ao palco. Seu disco Vibras, que estava entre as categorias mais relevantes, ganhou o prêmio de melhor álbum de música urbana. Seus temas X, Mi Gente e Sensualidad – os três indicados em uma categoria de cinco – perderam para o bem-sucedido Dura, de Daddy Yankee. O caso de Balvin foi a surpresa da noite. Yankee nem sequer compareceu à cerimônia.
Rosalía deixa Las Vegas com dois prêmios nas mãos: melhor música alternativa e melhor fusão urbana. Mas, acima de tudo, com a oportunidade de ter mostrado sua arte a todo o continente. Sua atuação na cerimônia foi uma das mais espetaculares da noite. A catalã irrompeu em Las Vegas sentada em uma vitrine de joalheria, usando um vestido branco cujo corte já é sua marca registrada, coroada por um letreiro luminoso anunciando seu hit, Malamente, a um auditório para o qual ainda é uma descoberta. Depois de receber os prêmios, fez um dos discursos mais comprometidos da noite: “Nunca vou parar de lutar até ver o mesmo número de mulheres que de homens em um estúdio de gravação”. E entre seus agradecimentos, fez um especial: “Quero agradecer àqueles que estão nesta indústria, que me ensinaram que é possível e graças a eles eu estou aqui”.
O grupo mexicano Maná, que recebeu o prêmio de Personalidade do Ano das mãos de Miguel Bosé, quis lembrar os migrantes que chegaram nestes dias à fronteira. Fher, o vocalista do grupo, disse que eles visitaram alguns dos abrigos no México e fez um apelo à solidariedade internacional. “Sabemos que há uma formalidade legal que impede que todos atravessem as fronteiras, mas é preciso tentar integrá-los, encontrar uma forma. Nós fomos integrados neste país”, disse o vocalista. O Maná, que não fazia um show há dois anos, anunciou na quinta-feira que em 2019 lançará um novo álbum e sairá em turnê.
O momento mais tenso da noite veio com o prêmio para o melhor disco do ano. Naquele momento, aconteceu o inesperado. Uma sorridente Thalía, irônica com o público, anunciou contente o vencedor de uma das categorias mais importantes: Luis Miguel. México por Siempre, o disco do ano. Um álbum que tinha passado despercebido nesta edição, inclusive para o cantor, que tampouco compareceu para receber o prêmio. Pouco depois de a cantora mexicana ter pronunciado o nome do amigo, a plateia vaiou estrepitosamente o resultado. Tanto que Thalía teve de pedir silêncio e encerrar a polêmica com uma brincadeira que nunca falha: “Não se preocupem, eu vou entregar pessoalmente”.
Depois da cerimônia, Drexler comentou a surpresa de sua vitória: “A vida me coloca em situações tão pouco previstas, a verdade é que eu deixei de raciocinar em função das expectativas”. Sobre a tradicional rivalidade no prêmio entre pop, rock e música urbana, o artista quis resolver a questão diplomaticamente: “O que está acontecendo com o reggaeton também aconteceu com o tango na sua época, eu adoro vê-lo nos clubes de todo o mundo. Conseguimos mover corações e quadris, vamos continuar fazendo isso. Não vamos estabelecer mais categorias”.
O uruguaio também prestou uma homenagem a Rosalía, que, juntamente com J Balvin, se destacou pelo número de indicações para ser uma das vencedoras da noite: “Dediquei-me a admirar os versos de Rosalía e de C. Tangana, que se recuperaram o romanceiro espanhol. Vamos fazer uma música como Di Mi Nombre, de Rosalía, entrar todas as emissoras do continente”.
Em um governo de “superministros”, quem tem mais poderes é uma espécie de sombra do presidente eleito. O general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, de 71 anos, foi um dos principais incentivadores da candidatura Jair Bolsonaro (PSL). Primeiro tentou que o seu partido, o PRP, aceitasse lançá-lo como vice. Não conseguiu. Desligou-se das atividades partidárias e passou a coordenar uma equipe de técnicos responsável por elaborar o programa de Governo. Paralelamente, organizava carreatas em Brasília em apoio ao então candidato e discutia estratégias de segurança com policiais federais depois que ele levou uma facada, em setembro.
Com a vitória nas urnas, deixou de ser um simples conselheiro. Primeiro, foi alçado a futuro ministro da Defesa. Todavia, como o presidente o queria mais próximo, aceitou uma espécie de promoção para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) – órgão responsável por fomentar toda atividade de inteligência do Governo federal. Desde então, sempre que Bolsonaro vai tomar uma decisão importante, um dos primeiros a ser consultado é Heleno. Opina sobre tudo, desde que seja perguntado. É o principal estrategista do Governo.
“O presidente toma doses cavalares de Heleno, todos os dias. Nada de doses homeopáticas. Ele quer absorver tudo o que pode do general”, disse um membro da equipe de transição. Não por menos, o general é visto antes das 8h no apartamento funcional do presidente eleito, ou o acompanhando nos mais diversos encontros, seja ele uma reunião com embaixadores, um evento com governadores eleitos ou uma audiência formal com atual presidente, Michel Temer (MDB).
E sobre o que tanto fala com o presidente eleito? “São conversas sigilosas, profissionais, entre pessoas que se confiam. São trocas de ideias constantes”, afirma ele ao EL PAÍS.
Conforme membros da equipe de transição, frequentemente Heleno diz para Bolsonaro ter calma. Pede para ele se tranquilizar quando tem de tomar decisões relacionadas ao Itamaraty, à Defesa, aos médicos cubanos, à segurança pública.
Sobre o trato com o Congresso Nacional, prefere que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) opine. Quando falam de economia, ele pede, principalmente, para que não haja contingenciamento de recursos das Forças Armadas e joga o restante no colo de Paulo Guedes (futuro “superministro” da Economia). Já na pasta do outro “superministro”, Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, ele dá opiniões, mas diz confiar plenamente no futuro colega de Esplanada. Em privado, contudo, segue falando com Bolsonaro.
Ao contrário de seu chefe, o general costuma ser cordial com a imprensa. Raramente perde a paciência com jornalistas, nem quando insistem em perguntar sobre temas que ele não está disposto a falar. Na última semana, quando notou que um batalhão de repórteres o aguardava após um dos eventos, disse aos risos: “Pô, parece que vocês se reproduzem por partenogênese”. Ao perceber que três desses jornalistas eram de um mesmo grupo de comunicação, voltou a fazer piada: “Está sobrando gente no jornal, heim! Que bom”.
Quando atendeu por telefone a reportagem do EL PAÍS, afirmou, em tom simpático: “Não tenho nada para acrescentar. Tudo já foi dito. Agora não é mais campanha. Cada um tem um cantinho para cuidar”. Ainda assim, teceu breves comentários sobre várias áreas da gestão.
Sobre sua ida para o GSI, Heleno afirma que não teve como rejeitar o convite de Bolsonaro. “O presidente conversou comigo para que eu ficasse próximo a ele. E eu no ministério da Defesa não fico próximo, nem física nem funcionalmente. Aí, eu concordei com o seu pedido”. No GSI, Heleno comandará a força-tarefa de inteligência, estrutura criada pelo Governo Temer que dá poderes aos militares.
Inicialmente, o general usaria de sua experiência como comandante das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti e de chefe da região amazônica para comandar as três Forças Armadas. Ele é visto como uma referência entre os militares. E, mesmo não sendo mais o chefe oficial deles, manifesta-se sobre o tema. Bolsonaro disse que foi de Heleno a sugestão para que indicasse o general Fernando Azevedo e Silva para a Defesa. Algo que o próprio Heleno contemporiza. “A Defesa é uma decisão pessoal do Bolsonaro. O general Fernando é amigo dele há muito tempo”.
E sobre o fato de ter mais um representante do Exército no primeiro escalão, em detrimento de nomes da Marinha ou da Aeronáuttica? “É uma bobagem. É absolutamente compreensível que até hoje tenha sido um civil. Se bem que alguns deles só foram provocações. Mas é lógico que o entendimento entre nós, das três forças, é muito sadio e muito vasto”, diz Heleno.
Quando indagado sobre a escolha do diplomata trumpista Ernesto Araújo para o Ministério das Relações Exteriores, Heleno elogia. E bota a definição na fatura de seu chefe. Ainda que o próprio general e o escritor Olavo de Carvalho tenham sido consultados. Independentemente de qualquer crédito dado a ele e negado por ele, algo é certo: quase nada será decidido por Bolsonaro antes de uma consulta rápida ao seu estrategista-chefe, que ficará instalado em um gabinete a uma escadaria de distância.
No dia 15 de maio de 2015, o embaixador Ernesto Araújo, futuro ministro das Relações Exteriores, encerrou a palestra “Ciência e Tecnologia – Experiências” em Washington, ministrada a alunos do Instituto Rio Branco, com um slide no qual apareciam dois discos voadores circundando o prédio da Organização das Nações Unidas (ONU) e a frase “Secret UFO meeting at the UN?” (“Reunião secreta de óvnis na ONU?”).
A típica blague diplomática, uma brincadeira para descontrair a plateia segundo afirmou o futuro chanceler ao jornal O Estado de S. Paulo, passou a circular nas redes sociais desde que Araújo foi escolhido para o Itamaraty.
“Se um aluno do Rio Branco não é capaz de entender o senso de humor de uma brincadeira como essa, que fiz na ocasião para descontrair a plateia, fico ainda mais convencido da necessidade de mudanças na formação dos novos diplomatas”, disse Araújo.
Nas mensagens enviadas desde quarta-feira, 14, a jornalistas, diplomatas e políticos, uma foto de Araújo durante a palestra com os óvnis ao fundo, é associada a teses polêmicas defendidas pelo diplomata durante a palestra como a hipótese do “design inteligente”, considerada por diversas fontes como “pseudocientífica”, segundo a qual certas características dos seres vivos são explicadas por uma “causa inteligente” e não pela evolução das espécies.
Em algumas mensagens, a brincadeira de Araújo é levada a sério e associada às declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, que recentemente orientou o Departamento de Defesa e o Pentágono a estabelecer uma “força espacial como sexto ramo das forças armadas”.
Em outras, os mensageiros dão corda para o senso de humor do futuro chanceler e lembram, em tom de deboche, que o astronauta Marcos Pontes, indicado para comandar o Ministério da Ciência, foi consultor do conselho editorial do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Randolfe: “Nem tudo que vier do Planalto deve ser rejeitado”
O senador Randolfe Rodrigues disse à Época que vê possíveis afinidades entre seu grupo de oposição e o futuro governo.
Como exemplo, ele citou as medidas de combate à corrupção e a posição contrária ao reajuste do salários dos ministros do STF.
“Tenho posição clara com relação ao futuro governo. Faço parte de um bloco de oposição, mas não faremos oposição do ‘quanto pior, melhor’. Nem tudo que vier do Palácio do Planalto deve ser rejeitado. Não sou dos que acreditam que acabou o estado democrático de direito com a eleição do [Jair] Bolsonaro. Não votei nele, mas ele é o presidente de todos os brasileiros. Espero que ele tenha essa consciência”.
O submarino San Juan, da Marinha da Argentina, que desapareceu há um ano no Oceano Atlântico, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado na última sexta-feira, informou a força armada em sua conta no Twitter.
Submarino argentino (Foto: JUAN MABROMATA / AFP)
“Tendo investigado o ponto de interesse No. 24 relatado pela Ocean Infinity, através da observação feita com um ROV de 800 metros de profundidade, identificação positiva foi dada a #AraSanJuan”, diz a mensagem da Marinha, referindo-se à empresa que estava buscando o submarino há meses.
O último contato com o submarino “ARA San Juan” ocorreu em 15 de novembro de 2017, quando navegava no Golfo de São Jorge, a 450 km da costa.
Ele voltava de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e se dirigia para Mar del Plata.
“O navio da Ocean Infinity decidiu realizar uma nova busca e graças a Deus localizou a zona onde o submarino está afundado”, declarou o porta-voz da Marinha Rodolfo Ramallo à emissora de televisão TN.
“Agora se abre um novo capítulo”, acrescentou Ramallo.
A busca por “ARA San Juan” começou 48 horas após o último contato. Treze países colaboraram, mas a maioria se retirou antes do final de 2017, sem resultados.
Segundo as três fotos tiradas por um robô do navio da empresa de buscas americana Ocean Infinity, o submarino parece não ter sofrido uma explosão.
“O submarino sofreu uma implosão. Pode ser visto completo, mas obviamente implodiu”, disse o chefe da base naval de Mar del Plata, Gabriel Attis à imprensa, horas depois da descoberta.
Antes de anunciar publicamente a descoberta do submarino, as autoridades alertaram aos parentes da tripulação que todos a bordo morreram.
“Eu ainda tinha esperanças de que eles pudessem estar vivos”, declarou Luis Niz, pai de um dos marinheiros, aos jornalistas, visivelmente emocionado.
Yolanda Mendiola, mãe do cabo Leandro Cisneros, 28 anos, disse à AFP que se reencontra reunida com membros de outras famílias que aguardavam mais detalhes.
“Estamos todos destruídos”, afirmou.
“Agora queremos saber o que aconteceu, Houve falhas, claro. A justiça tem que investigar. Se houver culpados, que sejam punidos. Dá para imaginar. São 44 meninos, e quando entraram naquele submarino, estavam vivos”, acrescentou.
A maioria dos familiares dos 44 tripulantes, entre os quais havia uma mulher, permaneceu por um ano em Mar del Plata, aguardando notícias.
A pressão das famílias, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da Ocean Infinity para retomar o rastreamento.
O navio da Ocean Infinity partiu no dia 7 de setembro com quatro membros da família a bordo e estava prestes a interromper a busca quando ocorreu a descoberta.
Apenas um dia antes, a Marinha organizou um ato em homenagem à tripulação do submarino San Juan, em Mar del Plata, por ocasião do aniversário de um ano de seu desaparecimento.
A cerimônia contou com a presença do presidente Mauricio Macri e também de vários parentes dos marinheiros.
O investimento nos trabalhos de buscas alcança 920 milhões de pesos (25,5 milhões de dólares).
Lançado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha argentina em 1985, o “San Juan” era um dos três submarinos do país e seu processo de reparos havia terminado em 2014.
No dia do acidente, uma explosão foi registrada três horas depois da última comunicação com o submarino, quando o capitão da embarcação reportou a superação de uma falha no sistema de baterias devido à entrada de água pelo snorkel.
A tragédia motivou a destituição do comandante da Marinha, Marcelo Srur.
Alguns tripulantes comentaram que a embarcação tinha sido seguida por navios ingleses.
Isso fez que alguns familiares pensassem que poderiam ter passado pela zona de exclusão das Ilhas Malvinas, cuja soberania motivou um conflito entre Argentina e Grã-Bretanha em 1982.