A Beija-Flor foi a última a passar pelo Sambódromo do Rio neste ano. Com um desfile denso, fez um paralelo entre o romance de Frankenstein (1818), de Mary Shelley, que completa 200 anos em 2018, com os problemas sociais do país. Não houve trégua para políticos e empresários. Saiu o luxo tradicional da escola para entrar muita representação crua da violência que assola o Rio, como a da cena em que crianças retiram colegas mortos de uma escola.
As críticas sociais e à corrupção levaram o escrutínio e os questionamentos ao próprio mundo do Carnaval – as escolas são historicamente ligadas à máfia que domina o jogo do bicho e as máquinas caça-níqueis, todos negócios ilegais no país. O patrono da campeã Beija-Flor, Anísio Abraão David, é um conhecido contraventor que recorre em liberdade de uma sentença de 48 anos de prisão por . Foi o filho dele, Gabriel David, que idealizou o desfile vencedor, segundo o jornal carioca Extra.
Não é a única controvérsia recente da Beija-Flor: seu mais recente campeonato havia sido conquistado em 2015 com um enredo em homenagem à Guiné Equatorial com patrocínio do ditador Teodoro Obiang.
Nas redes sociais, o discurso político da Beija-Flor e da Tuiuti, especialmente desta última, repercutiu. Na tarde desta Quarta-Feira de Cinzas, a #TuiutiCampeãdoPovo virou um dos assuntos mais comentados do Twitter brasileiro, com adesão de políticos que fazem oposição ao Governo Temer. A escola, novata no grupo das principais do Rio, apresentou no Sambódromo crítica à reforma trabalhista e ao próprio Temer, representado como um vampiro.
As escolas rebaixadas para a série A do Carnaval do Rio em 2018 foram: Grande Rio e Império Serrano.