
Espanta a rapidez com que multidões se formam para apedrejar supostos vilões por coisas que talvez tenham feito. Ninguém mais tem tempo para considerar (ou tentar) contexto, fatos, circunstancias.
O julgamento é sempre sumario. Dispensa evidencia, racionalidade ou equilÃbrio. Parecer politicamente incorreto é a única exigência para a condenação, as vezes definitiva, mas sempre pública. Uma frase infeliz é o que basta para um bom apedrejamento. Nas mÃdias sociais, punição e humilhação pública são entretenimento para as massas.
Depois de lutar séculos por liberdade de expressão, crença e opinião, o mundo parece agora estar condenado a medir precisamente tudo o que fala, escreve ou diz. Teclados e lÃnguas devem nestes tempos funcionar como fitas métricas. Sem direto a margem de erro.
Proibir expressão não impede o pensamento. Não se combate intolerância com mais intolerância. Qualquer possibilidade de diálogo ou mudança de opinião desaparece. A razão morre. E o ressentimento floresce, escondido da vista de todos.
E aà mora o perigo. De uma forma ou outra, ressentimento abafado acumulado tende a se manifestar através de decisões sobre as opções disponÃveis. E nestes tempos onde as opções disponÃveis são questionáveis, o risco da escolha errada é imenso. E talvez inaceitável. Ou mesmo inacreditável. É tudo o que dá para esperar da era da insensatez.