DEU NO BLOG POR ESCRITO (DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
OPINIÃO
Deus pode sair em 2018
Este editor gostaria de manter-se distante dessa história de prefeito repassar a Deus a responsabilidade pelos destinos das municipalidades que lhe foram confiadas pelo voto.
É verdade que nos permitimos, terça-feira, na nota “Funcionário fantasma”, mais por cumplicidade que por desrespeito, um gracejo com o Todo-poderoso, cuja supremacia universal reconhecemos.
Entretanto, dado o segundo caso, não somente o de Guanambi, nesta Bahia pioneira, mas também o de Santo Antônio de Pádua, no Rio de Janeiro, somos obrigados, profissionalmente, a analisar friamente a matéria.
A princípio, não há por que preocupar-se com o aparente vírus fundamentalista. O importante é seguir os passos e as contas do gestor terreno da bufunfa pública, cuidando para que seja aplicada correta e eficazmente – o resto vem por gravidade.
Embora crente na confissão católica desde tenra idade, por enquadramento familiar, seguramente não esperamos que o Criador desça dos céus materializado para administrar o pequeno município fluminense, o que não obsta que possa, da invisibilidade, operar o milagre que espera o prefeito.
Como o colega baiano, ele revogou unilateralmente as disposições em contrário à colaboração divina e reconheceu a complexidade e a dificuldade das grandes questões, que “transcendem, em muitos casos, a capacidade dos gestores de solucioná-las”.
Essa gente não perde a mania
A propósito, o decreto do prefeito de Guanambi dizia que o município, a partir daquela publicação, estava “sobre a cobertura do Altíssimo”.
Esquecida a gramática e imobiliariamente falando, estar-se-ia insinuando a existência de um andar, ou mais, acima do apartamento do Arquiteto do Universo?
Assim sendo, conviria esclarecer que órgãos – e em que gestões – emitiram licenças e alvarás à revelia da lei para beneficiar alguém, que onipotência tenha.
O que desejam esses prefeitos com tais decretos?
Eximirem-se de responsabilidades.
Tudo que for de ruim, e tudo certamente nesses dois municípios será ruim, a culpa será do Deus. Mais claro do que isso?
Já quanto ao decreto do prefeito de Guanambi que diz que o município, a partir daquela publicação, estava “sobre a cobertura do Altíssimo”, acho que é para esconder e justificar tudo que talvez ocorra nos “porões” do poder e da ética pública.
Acho, ainda, que o Altíssimo deve, essa hora, estar muito preocupado. O prefeito estaria querendo construir um triplex acima do nível da moradia do Senhor?