DEU NO BLOG POR ESCRITO (DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
Assinatura duvidosa nos destinos do país
À pergunta se assinaria uma declaração dizendo que não será candidato à reeleição, o presidente Michel Temer deveria ter respondido: “Não assino porque minha palavra é o bastante” – o que pelo menos remeteria a um sentimento de confiança na sua honra pessoal.
Antigamente, as palavras voavam e os escritos ficavam, tão antigamente que o provérbio era escrito em latim (o próprio Temer até o citou recentemente, na carta de rompimento com a então presidente Dilma).
Hoje, há meios universais de gravação e exibição de tudo quanto é imagem e declaração, e o presidente não precisaria gastar tinta de caneta para que houvesse depois uma forma de confrontá-lo com o compromisso.
Ao afirmar que não assinaria “porque todo mundo que assina não cumpre”, Temer prolata uma evidente inconsistência e ainda põe em xeque o jamegão que ele tem aposto a tantos documentos importantes desde 12 de maio.
“Da nova guerra ouvem-se os clarins…”
Ainda que dúvidas pairem sobre a decisão futura do presidente, que seria uma se fracassasse na curta gestão e outra se os índices econômicos e sociais melhorassem, o mais plausível é que ele não venha a ser candidato em circunstância alguma.
O Brasil não vai tornar-se nenhuma Suíça nestes dois anos e a cobrança sobre Temer exigirá dele e do governo mais que uma condução puramente “administrativa”, que não promova ou sinalize efetiva melhoria das condições de vida da população.
Fechando o quadro, a oposição, como prometido, não lhe dará trégua. O prazo é curto até a próxima campanha presidencial, cujos clarins soarão permanentemente, tendo o “golpe” e a “perda de direitos” como panos de fundo e de frente.