DO BLOG POR ESCRITO (DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
Alice pode chamar Neto de “golpista”
OPINIÃO
A campanha eleitoral é o momento sublime da democracia. É quando o eleitor é convidado, podendo também ser partícipe mais ativo, se o desejar, a escolher as pessoas que, fazendo leis e tomando medidas administrativas, governarão o destino coletivo por certo número de anos.
Um candidato a cargo eletivo que fosse dotado das principais qualidades de um homem público teria de ser honesto, competente, trabalhador, solidário, decente, entre tantos outros atributos para o cidadão avaliar e definir seus representantes – quem vai gastar e falar por ele.
Assim, nada mais natural que cada concorrente, embora no interesse próprio, queira levar ao eleitorado críticas, dúvidas e questionamentos sobre os adversários.
A liberdade de expressão, tão cara à vida da humanidade, tem de ser mais radical ainda numa campanha eleitoral, quando nos encontramos, em curto período, na iminência de decisões da mais alta responsabilidade.
Por isso, são inexplicáveis e inaceitáveis as restrições que a Justiça Eleitoral tem imposto à candidata a prefeita Alice Portugal por palavras ditas na televisão e outros meios contra o adversário ACM Neto, especialmente a qualificação de “golpista”, em razão do apoio ao impeachment da ex-presidente Dilma.
Vive-se um embate político, e norteá-lo é obrigação da política. Alice entende que Neto é golpista, afirmação que ele poderá refutar ou não. Cabe à soberania do eleitor, chamado ao raciocínio político, dizer quem está com a razão, sem prejuízo de eventuais sanções ao candidato que transgredir a lei.
O prefeito ainda era garoto, mas na campanha ao governo da Bahia em 1990, o candidato Luiz Pedro Irujo acusou reiteradamente o competidor Antonio Carlos Magalhães de “ladrão”. A campanha seguiu em frente, Irujo foi condenado após processo movido por ACM, que venceu a eleição e teve a honra preservada.
Uma dúvida:
Vencer eleição preserva a honra?
Agora entendi para que serve a urna!
Teve a honra resgatada pela condenação do acusador à prisão, não cumprida por essas particularidades legais do país.
E foi justamente essa honra que ele deixou de herança a todas as suas gerações, porque – vou dizer – é honra que nem ladrão acaba. Tim-tim.
Caro Luís, a honra ultrajada foi o mote da acusação, que a resgatou, portanto, esta visão “ampliada” da liberdade de expressão não é inocente, tanto que sujeita o autor aos rigores da lei, via ação penal condicionada.
Ao mais, o eleitor soteropolitano não merece ser exposto, aos pruridos que escoam de certas figuras mal assombradas que compõem o Exército de Brancaleone do avarandado Wagner.