Clodoaldo Silva acende a pira olÃmpica. Marcelo Sayão EFE
DO EL PAIS E DO PORTAL TERRA BRASIL
Guilherme Padin
Uma enorme escadaria separava Clodoaldo Silva e sua cadeira de rodas da pira olÃmpica no Maracanã. Foi então que se formou diante do nadador brasileiro, dono de seis seis ouros, cinco pratas e seis bronzes, uma rampa e o Tubarão conseguiu levar a tocha ao alto para dar inÃcio oficialmente à décima quinta edição dos Jogos ParalÃmpicos do Rio de Janeiro. Foi o ponto alto de uma cerimônia fiel à sua proposta: emocionar o público e ressaltar a importância de acessibilidade e inclusão.
Se na abertura da Rio 2016 a cidade venceu com louvor o desafio de preparar uma festa à altura dos Jogos, desta vez o teste era provar que podiam manter um espetáculo de nÃvel semelhante, que atraÃsse o público ao estádio, à s TVs, à s redes. Numa competição cujo tema é superação, a festa respondeu aos desafios: o Maracanã lotou e a cerimônia entrou no topo dos trending topics mundiais do Twitter.
O maestro João Carlos Martins tocou ao piano o hino nacional brasileiro e comoveu o público que, em alguns momentos, pode se aproximar da experiência e percepção dos deficientes. Como na abertura da Rio 2016, o presidente Michel Temer fez um discurso-relâmpago, mas de novo não conseguiu evitar as vaias do público.
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DO TERRA
Uma ‘experiência multisensorial’ abrIU na noite desta quarta-feira a ParalimpÃada do Rio, que terá competições com 4,3 mil atletas de 159 delegações de paÃses.
A cerimônia no Maracanã começou com um vÃdeo de Philip Craven, presidente do Comitê ParalÃmpico Internacional e paratleta nos anos 1970 e 80, preparando sua viagem ao Rio e passando antes por Belém até chegar ao Maracanã para fazer a contagem regressiva aos Jogos.
Depois de um salto mortal de Aaron “Wheelz” Fotheringham em cadeira de rodas, o gramado do Maracanã teve a apresentação de uma roda de samba com artistas como Maria Rita e Diogo Nogueira.
Cenas cariocas foram então apresentadas ao som de Aquele Abraço, de Gilberto Gil, e de música funk. O maestro João Carlos Martins tocou o hino nacional no piano.
Organizadores haviam adiantado à BBC Brasil que pretendiam “cegar” temporariamente a plateia no estádio para estimular outros sentidos, sobretudo a audição. A intenção é aproximar o público da realidade dos atletas paralÃmpicos.
A festa – que contou com a presença do presidente Michel Temer – ocorre após momentos conturbados nos preparativos para os Jogos.
O primeiro deles foi a baixa quantidade de ingressos vendidos nos primeiros dias de oferta, o que despertou preocupações de que os paratletas competissem diante de arenas muito vazias no Rio.
Na reta final, porém, as vendas aumentaram. Segundo os organizadores, até esta quarta haviam sido vendidos 1,6 milhão de ingressos.
E é possÃvel que a ParalimpÃada brasileira seja a segunda com maior número de entradas vendidas na história, ultrapassando Pequim 2008 (1,7 milhão) e ficando atrás somente de Londres 2012, que vendeu 3 milhões de ingressos.
Crise financeira
Outra preocupação foi a crise orçamentária do Rio, que colocou a vinda de delegações estrangeiras em xeque.
Até poucos dias atrás, ainda havia paÃses que não tinham recebido o dinheiro para as passagens aéreas, diante da crise orçamentária na organização do megaevento. A Prefeitura do Rio precisou fazer repasses extras para financiar a vinda dos paratletas.
Craven, presidente do Comitê ParalÃmpico Internacional, disse que houve grande temor de que a crise inviabilizasse os Jogos. “Tivemos grandes dificuldades, mas isso serve para mostrar o espÃrito do movimento (paralÃmpico)”, afirmou.
Rússia ausente
A terceira polêmica envolveu a delegação russa, banida dos Jogos pelo Comitê Internacional depois de o paÃs ser acusado de financiar um esquema estatal de doping.
Ao contrário do que ocorreu na OlimpÃada, que permitiu que federações esportivas decidissem individualmente se atletas russos poderiam competir em cada modalidade da Rio 2016, na ParalimpÃada o veto foi para toda a delegação.
A Rússia entrou com recurso contra a proibição, mas não teve sucesso.
Cerimônia de abertura
Leo Caetano, diretor de cerimônias do Comitê Rio 2016, explicou na véspera à BBC Brasil que a cerimônia de abertura não queria focar nas deficiências e “transcender esse discurso, essa narrativa de superação” comumente associada a deficientes fÃsicos.
“Fala-se (na cerimônia) em adaptação e universalidade, o mesmo acesso, o mesmo projeto, a mesma entrada em que todos possam conviver, em que todos possam passar, todos tenham direito à mesma experiência”, explicou.