DEU NO BLOG POR ESCRITO (DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
OPINIÃO
Ex-presidente Lula: uma liderança reciclável
Longe de uma verdadeira autocrítica pela desgraça que impôs ao pensamento e à ação de esquerda no Brasil, o PT, ou o que resta de seu núcleo dirigente histórico, empenha-se em fazer do ex-presidente Lula seu representante para o futuro.
É ele quem, três dias depois de ter sido indiciado pela Polícia Federal num dos muitos inquéritos que rolam contra si, foi para as galerias do Senado comandar a luta inglória pela salvação de Dilma Rousseff – um dever indeclinável, já que foi o único responsável pela ascensão da presidente.
Esse exercício faz parte da opção que resta ao partido: segurar-se entre cacos e trancos para tentar reaver o poder em 2018 com o mesmo Lula. Mas, mesmo que os mais brilhantes advogados consigam inocentar o ex-presidente, imagem é uma coisa que foge aos ditames da lei escrita.
Um líder não pode, ainda que se digam maravilhas de seu desempenho, vincular-se à ideia de um ato de corrupção, quanto mais ser envolvido diretamente em casos diversos, com “provas” ao senso comum mais que suficientes de sua ligação especial com os imóveis de Guarujá e Atibaia.
Se nesses casos há fotos, visitas e usufruto, no caso do Instituto Lula e da empresa de “palestras” Lils, são notas fiscais da ordem de dezenas de milhões por serviços que teriam sido prestados às maiores empreiteiras da Lava-Jato, com repasses por trabalho também não comprovado a empresas que têm filhos do ex-presidente como sócios.
Não interessa se Lula será interrogado, processado, preso ou condenado, e mesmo que escape de tudo isso – ele não recomporá jamais a aura que teve um dia. Só se tivéssemos vocação para as tragédias argentinas empreenderíamos esse retorno ao passado.