Lula tem agora preocupação em duas instâncias
A proverbial “teoria conspiratória” mais uma vez se manifesta – nas interpretações da decisão do ministro Teori Zavascki transferindo ao juiz Sérgio Moro a ação que investiga atos atribuídos ao ex-presidente Lula.
Zavascki fez retornar à “república de Curitiba” a parte relativa ao tríplex de Guarujá e ao sítio de Atibaia, imóveis cuja propriedade Lula teria ocultado, e manteve no STF gravações que sugerem uma tentativa de atrapalhar a Operação Lava-Jato.
Isso seria livrar o ex-presidente da acusação aparentemente mais grave e mais provável. Entretanto, é altamente duvidoso que o ex-presidente esteja festejando essa medida “salomônica” do ministro.
Muitos reagem com sinceridade, desejosos de que a verdade seja apurada da forma mais rápida, e por um magistrado, efetivamente, de grande confiança pública.
Outros o fazem por interesses políticos, o que por si só os torna escusos, mas, para que a democracia e a normalidade se imponham, é preciso compreender a existência do tempo da nação e do tempo da Justiça.
O ministro do Supremo atentou-se à técnica jurídica, considerando o princípio vigente da prerrogativa de foro e desconhecendo provas obtidas sem cobertura da lei. Ademais, repreendeu Moro por “usurpação de competência” e quebra de sigilo, pelo que o juiz até já se desculpou.
Fato é que, quem quer que tenha razão nessa polêmica nacional, há dois focos com que preocupar-se a partir de agora: a leitura que o juiz federal fará do material que tem nas mãos e o acompanhamento, especialmente quanto a prazo, da parte que ficou em Brasília.