DEU NO BLOG POR ESCRITO (DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
Roberto Muniz: um mandato em aberto
Houve legislaturas em que suplentes de senador chegaram a ocupar um terço do plenário, nas cadeiras de titulares empossados em ministérios e em outros cargos de alto nível, como restringe a Constituição.
Tal situação costuma legar ao país parlamentares inexpressivos, que em geral só figuraram na chapa por representar apoio financeiro à campanha e do quais ouvimos falar vez por outra como envolvidos em atos duvidosos.
Com Roberto Muniz, que deverá assumir a vaga do agora secretário da Educação, Walter Pinheiro, é um caso distinto. Chegou à suplência com bagagem de ex-deputado e ex-prefeito de perfil técnico respeitado, além de bom trânsito no meio político.
Certamente estará no Senado em caráter precário – pois não se pode precisar quando Pinheiro retornará –, mas será um período rico da Casa, pela tarefa de julgar a presidente da República e apreciar medidas do interesse do governo “interino”.
As opções de Muniz são o exercício burocrático do mandato ou a busca de uma marca que lhe reative a carreira, trocada pelo êxito na iniciativa privada. Seu trabalho poderá ser ou não de grande valia para o grupo político do qual se origina.
Poucos suplentes baianos assumiram Senado
São raros, pelo menos nos últimos 50 anos, os casos de suplentes de senadores baianos que assumem o mandato por períodos significativos.
O mais remoto é Antonio Fernandes, que faleceu no ano passado, aos 101 anos. Sucedeu Aloysio de Carvalho, morto em 1970, exercendo o mandato até 1975.
Com garantia genuína de continuidade, destacam-se as duas vezes em que Antonio Carlos Júnior assumiu a cadeira do pai, uma por renúncia (2001), outra por morte (2007), e a ascensão de Luís Viana Neto ao lugar do falecido pai, Luís Viana Filho, em 1990.
Dentro do carlismo, há ainda exemplos relativamente recentes: Djalma Bessa substituiu Waldeck Ornelas de 1998 a 2001, quando este foi ministro da Previdência, e Rodolfo Tourinho Neto sucedeu Paulo Souto, eleito governador, para cumprir o período 2003-2007.
Roberto Muniz é um quadro político muito bem preparado do ponto de vista técnico e intelectual. Tem formação bem acima da média da representação política brasileira. Foi o homem que inaugurou, nos anos 80-90, a parceria entre o Brasil e Cuba na área da medicina preventiva. Fez muito bom trabalho na área de saúde e educação em Lauro de Freitas, tendo deixado a administração com mais de 90% de aprovação. Ainda assim, recusou-se a ir para a reeleição, deixando muitos políticos perplexos, entre os quais o ex-governador ACM. É engenheiro de estradas, fluente em inglês e outras línguas. E, acima de tudo, um humanista. Penso que o Walter Pinheiro, na educação, vai fazer dobradinha com Muniz no Senado e deve ser inspirado por ele. Quando prefeito de Lauro de Freitas, nos anos 90, Roberto Muniz reestruturou toda a rede física de postos de saúde e escolas de Lauro de Freitas e instituiu uma lei obrigando a construção de salas de aula como contrapartida a todo empreendimento imobiliário no município. Foi dele a ideia de criar a primeira clínica de saúde da Mulher, na RMS, com atendimento modelo. Lauro de Freitas possui o melhor IDH da Região Metropolitana e da Bahia, devendo muito a ele neste quesito.
Importante ressaltar, também, o trabalho desenvolvido por Roberto Muniz como secretário de Cultura e prefeito, no tocante aos investimentos em esporte e cultura, voltado para adolescentes em situação de risco social. Jovens de Lauro de Freitas até hoje são destaques no box e no balé, por exemplo. O Senado brasileiro, creio, ganha um grande parlamentar e a Bahia um representante à altura das expectativas e necessidades de sua população mais necessitada.
Como político, deve ser ressaltada sua incomum capacidade de dialogar com os opostos em busca de consenso, bem como sua elegância no trato com todos indistintitamente.
Agradecendo por ter sido sumamente promovido a escriba do El País, ressalto os textos de Ró-Ró sobre Roberto Muniz, do qual não sabia tanto
Luis Augusto
El Pais retirado da moldura. Obrigado pela elegância no reparo ao lapso do idoso editor do BP. E um adendo: mérito o editor do PE tem de sobra para ser redator do El Pais ou de qualquer outro grande diário.E história profissional tb.Na moral!!!…
Estamos todos na fila preferencial.Abraços. Luís