DEU NO BLOG POR ESCRITO (DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
O longo pronunciamento do governador Rui Costa na sua mensagem anual na Assembleia Legislativa, ontem, poderia ter sido melhor – se tivesse sido mais curto.
Estendido a cerca de duas horas, serviu apenas de tortura mental aos que, por protocolo ou dever profissional, tiveram de ouvi-lo.
Trata-se de um momento único, em que o responsável pelo Poder Executivo comparece ao Legislativo para relatar sua ação no ano anterior e anunciar programas abrangentes e estruturantes para o corrente.
Rui recheou sua fala de chavões e assuntos sem conteúdo, a exemplo das dezenas de visitas a escolas sem, desgraçadamente, que isso tenha produzido uma melhora substancial na educação.
Enfadonho, referiu-se a muito dinheiro, sempre na casa dos milhões, como se a ressonância das cifras fosse suficiente para convencer o ouvinte da importância da obra ou serviço.
Aproveitando a época, chegou ao extremo o governador de citar o “apoio a blocos afros” e informar que “25 mil homens” comporão a força policial no Carnaval, nada mais, rigorosamente, que uma rotina administrativa.
Esperava-se uma abordagem compatível com o elevado cargo do orador, de linhas amplas, contendo compromissos factíveis de investimento para fortalecer a economia e, por consequência, a criação de empregos.
O que tivemos foram referências pontuais, temas antigos e compromissos vãos, mais parecendo de natureza primordialmente política, pois o governador fazia questão de vincular obras e outros anúncios a deputados, citados nominalmente entre sorrisos de cumplicidade.
Contar com “parcerias” e projetar tudo para o futuro foi a tônica, num texto sem conteúdo e profundidade, às vezes, lido atropeladamente.
Foi pior nas partes improvisadas, quando Rui entrou pelo surto das doenças provocadas pelo aedes aegypti.
“O mosquito não tem filiação partidária, não é de oposição nem de governo”, advertiu o governador. E ainda houve quem puxasse aplausos.
Discurso assim pode até indicar que o mosquito não tem filiação partidária e que não é de oposição e nem de governo.
Mas é uma prova real de que no Brasil só tem mudado mesmo as moscas.