DEU NO BLOG POR ESCRITO ( DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
Espasmo de Cunha não derrubará Dilma
O acolhimento do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não muda a sorte deste, que deverá ser cassado por falta de decoro e ainda enfrentará, por outros motivos, processo criminal – a dúvida é se será no Supremo Tribunal Federal ou se até lá já terá perdido a prerrogativa de foro.
Quanto à presidente, pode-se dizer que terminará escapando. O quadro está mais confortável no Congresso, sendo um indicador positivo a aprovação, hoje, da flexibilização da meta fiscal para 2015, que afasta a possibilidade de crime de responsabilidade.
Revigorada – paradoxalmente, pois, afinal, sofre uma ação que em tese poderá afastá-la do cargo e depois determinar sua queda –, Dilma, na verdade, não corre esse risco. Caso não haja fatos novos que a comprometam pessoalmente, conseguirá com tranquilidade, na Câmara, os 172 votos necessários a evitar o julgamento no Senado.
Eduardo Cunha é figura, a esta altura, queimada nos altos cÃrculos do poder. Abusando das prerrogativas de presidente da Câmara, tentou uma chantagem para preservar o mandato, que foi afinal recusada pelo PT. Sua reação de hoje é nada mais que o espasmo de um derrotado.
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Julgamento exige quórum de dois terços
Data: 02/12/2015
23:19:16
A jornalista Cristiana Lôbo, da Globonews, cometeu pequeno deslize, hoje, após o anúncio da aceitação do pedido de impeachment: disse que, caso a Câmara o aprove por maioria absoluta – 257 votos –, a presidente será julgada sem deixar do cargo.
A Constituição, no entanto, em seu artigo 86, fixa exclusivamente o quórum qualificado de dois terços do plenário – 342 deputados – para a admissibilidade do processo, determinando o afastamento do presidente da República por seis meses.
Se, nesse perÃodo, o Senado – instituição encarregada do julgamento em caso de crime de responsabilidade – não chegar a uma decisão, também por dois terços dos seus membros, o titular reassume o cargo, sem prejuÃzo da continuidade do procedimento jurÃdico.
Caro LuÃs
Cunha cumpriu seu papel, não é o primeiro, certamente não será o último, que movido por condenáveis instintos, face à morte iminente, por absoluta falta de opção, produz algo benéfico, mesmo ciente que não poderá, sequer, comemorar o resultado.
O fel, por vezes, é doce, ao menos ao convivas.
Porém terá companhia, ao que parece, a loquacidade de DelcÃdio, minou a inércia digna de um asno empacado, do STF, Janot que timidamente atirou em Cunha, além de Collor, colherá outros, não haverá mais espaço para infrutÃferas protelações sob o manto de “investigações sigilosas após a luta extenuante da recondução.
Cunha e DelcÃdio, cada qual a seu modo, sem mérito algum, cumpriram papel histórico.
Deste jeito, o legado do “namorado” de Rose, encontrará seu destino, o fundo do mar de lama adredemente concebido.