DEU NO BLOG POR ESCRITO (DO JORNALISTA LUIS AUGUSTO GOMES)
OPINIÃO
Extintores: um exemplo do capitalismo sem risco
A imprensa mostrou recentemente, em pontos diversos do país, inclusive na Bahia, empresários “chorando” por terem, praticamente, perdido grandes lotes de extintores de incêndio com a decisão do Contran, há cerca de 15 dias, pela sua dispensabilidade nos automóveis.
A questão começara em janeiro, com a mudança para o extintor tipo ABC, que, naturalmente, além de experimentar aumento de preço que chegou a 300%, pela súbita procura desapareceu das lojas e postos, levando o Contran a prorrogar três vezes o início da obrigatoriedade, até a suspensão definitiva.
Sem desprezar o fato absurdo de que o fim da exigência veio apenas nove meses depois de o mesmo órgão ter determinado o uso de modelo mais complexo do equipamento, o episódio diz muito sobre o caráter do capitalismo brasileiro, que não admite o princípio basilar do risco.
O objetivo não é exercer uma atividade dentro de padrões éticos, mas explorar impiedosamente o consumidor, como, aliás, ocorre em vários outros setores, inclusive com o beneplácito do Estado, que protege mercados, desonera produtos, doa terrenos e concede polpudos incentivos com o dinheiro do contribuinte.
Esfregando as mãos com a edição da nova norma, muitos comerciantes investiram alto na aquisição de extintores, pensando em revendê-los a preços extorsivos, e agora têm de buscar outra forma de compensar o prejuízo. É do ramo. Não há o que reclamar.