De Álvaro Dias sobre Fachin:”escolha correta de Dilma”.
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ARTIGO DA SEMANA
Supremo:Elogio tucano ao petista de Dilma
Vitor Hugo Soares
Se partissem de João Pedro Stédile, amigo do peito do escolhido, comandante das tropas do MST (a expressão é do ex-presidente Lula, no discurso feito na ABI, no auge do escândalo da Petrobras), vá lá. Seriam normais e coerentes as loas à indicação, pela presidente Dilma Rousseff, do jurista Luiz Edson Fachin para o posto de ministro do Supremos Tribunal Federal, na vaga dignificada por Joaquim Barbosa. Aberta há quase nove meses com a aposentadoria precoce do ex-presidente do STF.
Saídas da boca do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), de tantas e tão espetaculares cambalhotas no pensamento, nas palavras e nas ações, os vivas e elogios formais e retóricos também não surpreenderiam tanto. Mesmo sem esquecer a sua afirmação, três dias antes de Dilma confirmar a escolha, que não aceitaria – “nem o Senado” – ninguém com as digitais do PT para a vaga no STF.
Registre-se a bem da verdade, para ser fiel “a Sua Excelência, o fato”, da frase famosa de Ulysses Guimarães: No caso de Fachin, o vídeo divulgado no Brasil e no mundo, no dia da sua indicação, revela, com máxima clareza de detalhes e notável ousadia “a favor”, que o mais que provável novo ministro da Suprema Corte, tem não apenas as digitais, mas o pensamento, o discurso e a atuação típica e natural dos mais notórios e decididos militantes petistas.
Refiro-me, evidentemente, aos antigos “baluartes da militância do PT”, para usar expressão bem ao gosto do partido fundado a partir das grandes manifestações no ABC paulista. Nos dias atormentados que correm, inúmeros deles caíram fora. Outros andam envergonhados, cabisbaixos, deslizando pelos cantos dos gabinetes e alguns corredores do poder, ou, no máximo, exercitando a militância em tempo integral nas redes sociais: nos celulares e computadores do serviço ou pessoais.
Principalmente depois que o tesoureiro do partido, Vaccari Neto, foi preso em casa, esta semana, e recolhido ao cárcere da Polícia Federal em Curitiba. Acusado, com base em denúncias, indícios e provas fartas e substanciosas que envolveriam, também, a mulher, filha, e a cunhada que se entregou ontem na Polícia Federal em Curitiba, vinda do Panamá.Parte da nova etapa da Operação Lava Jato que investiga a roubalheira na Petrobras e em outras empresas endinheiradas do governo federal.
Desastroso e desanimador mesmo foi o que fez o senador Álvaro Dias, líder do PSDB no Congresso. Os termos da sua nota de irrestrito apoio, antes, e as suas palavras de louvação depois de batido o martelo da escolha presidencial, no Jornal Nacional, soam inacreditáveis. Afinal, trata-se da manifestação política de um dirigente do principal partido de oposição ao governo de Dilma Rousseff, no momento em que multidões são convocadas e vão às ruas no país inteiro, em manifestações de protestos contra a corrupçãoe levam entre suas mais expressivas bandeiras e palavras de ordem, pedidos de impeachment da ocupante do Palácio do Planalto.
Habitualmente melífluo e vacilante em suas declarações, o senador tucano foi enfático e decidido desta vez na exaltação da “escolha correta” da presidente Dilma, e nos elogios rasgados à figura de Edson Fachin:
“O jurista paranaense, competente e suprapartidário, valorizará a Suprema Corte do país”, afirmou Dias por escrito. Depois, de viva voz, multiplicou a laudatória para o país inteiro, na declaração ao JN. Balde de água gelada na cabeça das oposições é pouco.
Vamos por parte aos muitos equívocos do parlamentar líder do PSDB: Paranaense o indicado para o STF não é, salvo por motivos de afeto e do coração, pois chegou aos dois anos de idade em terras paranaenses. Nasceu no Rio Grande do Sul a exemplo do amigo Stédile. É gaúcho de direito e de fato nem perdeu o jeito nem o sotaque, como fica mais que demonstrado no vídeo de militante petista que ele protagoniza na campanha de Dilma 2010. Lê e defende com ênfase o documento assinado por juristas “que têm lado”.
Com direito ao canto final da plateia do hino de Lula adaptado à campanha da afilhada: “Olê, Olê, Olê, Olá, Dilma, Dilma”.
O tucano Álvaro Dias, em seu deslumbramento bairrista, acima das convicções partidárias e princípios políticos – além da responsabilidade de liderança oposicionista – aparenta desconhecer a militância petista histórica de Fachin. Ou então, pior, faz vistas grossas a tudo isso. Principalmente ao fato de que o nome de maior expressão de seu partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (embora sem ter o nome citado explicitamento) é dura e implacavelmente atacado por Fachin no discurso que virou peça de campanha de Dilma e do PT.
Das loas do senador Dias, resta a proclamada “competência técnica e jurídica”. Mas isso o indicado da presidente Dilma ainda terá que provar na sabatina a que será submetido no Senado e, principalmente, à sociedade brasileira, se e quando chegar ao Supremo.
O vídeo, também sob este ponto de vista, não favorece a Edson Fachin. O resto, a conferir.
(Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitor_soares1@terra.com.br)
Nada supera o comportamento de Jorge Hage, por mais que tentem ignorar , ele, ainda assim, exala um fétido hálito.
Perto disto, Alvaro Dias é só um tucano perdido em voo curto e bizarro.
Reconheçamos:
Hage não tem cura, que se aquiete no ostracismo dos que agora o ignoram, os mesmos que o louvavam a cada fingida declaração.
A ética, coitada, resta suja e rasgada no chão da CGU.
De resto
Ministros do STF indicados, portanto manchados na origem
PGR padecendo do mesmo mal.
O filtro seria o senado, mas nele Renan, um dos investigados, domina.
Quem quiser que acredite.
Risco corre Dona Dilma, ao visitar o Obama poderá ser abordada por algum oficial de justiça, lá a coisa anda.
Caro Vítor, antes de entrar no seu tema, eu, que sou conhecido como amante das proparoxítonas e da mesóclise, quero transmitir minha emoção a Fontana pelo “fétido hálito”, realmente de uma sonoridade maravilhosa. Experimente dizer ao contrário, “hálito fétido”. Será de mais difícil pronúncia.
Quanto ao artigo, é como você enxerga: quando uma prima-dona da oposição sai com essa, não temos para onde correr. Mas ele poderia ter nos poupado do “suprapartidário”.
Grato Luis Augusto, ao menos a sonoridade nos redime e estabelece um contraponto com o silêncio, nada inocente, dos que, embora mudos, ecoam o grito da vergonha vestida com o rigor da província.