Militantes do Syriza festejam em Atenas – Reuters
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DEU NO EL PAIS
As primeiras pesquisas de boca de urna divulgadas após o fechamento das seções eleitorais, à s 19h hora local (15h pelo horário de BrasÃlia), dão à esquerdista Syriza a vitória nas eleições gregas, com 35,5% a 39,5% dos votos (entre 146 e 158 cadeiras no Parlamento), ou seja, com provável maioria absoluta (151 cadeiras). A conservadora Nova Democracia ficaria em segundo lugar, com 23% a 27% dos votos. Segundo essas primeiras pesquisas, o partido de extrema direita Aurora Dourada e o centrista To Potami disputam o terceiro lugar (o primeiro obteria entre 6% e 8% dos votos e o segundo, entre 6,5% e 8,5%). Um porta-voz da Syriza, Panos Skourletis, declarou que é uma “vitória histórica” para seu partido e um “recado para a Europa”.
O ministério grego do Interior não forneceu, até agora, dados da participação nas eleições parlamentares, mas a afluência à s seções eleitorais durante toda a manhã indica que será alta. Em um primeiro pronunciamento, no meio da amanhã, o ministro interino Michalis Theocharidis, afirmou que a jornada transcorria sem incidentes, exceto alguns relacionados ao mau tempo em localidades do norte do paÃs, que tiveram problemas de acesso devido à neve caÃda nas últimas semanas.
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Dez milhões de gregos foram chamados à s urnas neste domingo para decidir se referendarem o Governo liderado pelos conservadores da Nova Democracia ou optam por uma virada à esquerda simbolizada pela Coalizão da Esquerda Radical (Syriza) de Alexis Tsipras. As eleições foram antecipadas por causa de um movimento fracassado do até agora primeiro-ministro Antonis Samaras. Ele apostou seu futuro polÃtico na eleição do presidente, mas seu partido e os socialistas do Pasok (Movimento Socialista Pan-helênico, na sigla em grego), seu aliado menor de Governo, não obtiveram apoio suficiente para seu candidato, o ex-comissário europeu Stavros Dimas.
Depois de depositar seu voto na urna em um bairro popular de Atenas, Tsipras declarou que o povo grego “vai recuperar a dignidade”. Tsipras, apontado pelas pesquisas como claro favorito com 30% a 36% dos votos, advertiu a União Europeia que o futuro da Europa “não está na austeridade, mas na dignidade e na coesão”. As pesquisas situam a Syriza à s portas da maioria absoluta, seguida pela governista Nova Democracia, com 26% a 30% dos votos. O terceiro lugar é disputado pelo centrista To Potami (O Rio) e pelo neonazista Aurora Dourada, com uma faixa de votos que oscila entre 5% e 7%. Em seguida vêm o Partido Comunista, o Pasok e o Gregos Independentes, com cerca de 3% dos votos e, portanto, entram no Parlamento.
Samaras votou fazendo um apelo aos indecisos, 11% dos eleitores conforme as pesquisa, para consolidar um futuro unido à Europa. “Estas eleições determinarão o futuro do paÃs e de nossos filhos. Hoje decidiremos se seguimos adiante, fortes, com segurança, ou se nos veremos imersos em problemas”, disse ao sair da seção eleitoral de Messinia, no Peloponeso . “Há um número sem precedentes de indecisos, e acredito que são eles que acabarão determinando o resultado. Estou otimista, em todo caso, porque ninguém quer deter o rumo europeu do paÃs”, acrescentou.
O sistema eleitoral grego é muito complexo e o dado mais marcante é o bônus de 50 cadeiras que a lei eleitoral outorga ao partido mais votado em uma tentativa de garantir uma governabilidade que não parece assegurada depois das eleições deste domingo. Para obter maioria absoluta, um partido ou coalizão precisa ter pelo menos 151 deputados. Caso nenhuma legenda o consiga sozinha ou em coalizão, a Grécia terá de ir novamente às urnas, como já ocorreu em 2012.
Entre os aliados destaca-se o To Potami, que surgiu antes das europeias de maio e cresceu como espuma. Sua ambiguidade programática deixa-o como “partido dobradiça”, tanto para a Syriza, como para a Nova Democracia. O trio é completado pela Aurora Dourada, de impossÃvel pacto com a Syriza, uma aliança que tampouco seria possÃvel com o partido Comunista. Há mais dúvida sobre o Pasok e o Gregos Independentes.
A crise econômica grega implodiu o panorama polÃtico e encheu-o de novos partidos em detrimento dos tradicionais como o Pasok. Liderado pelo vice-primeiro-ministro Evangelos Venizelos, tem de fazer frente a uma possÃvel fuga de votos para o novo Movimento de Socialistas Demócraticos fundado pelo ex-primeiro-ministro Giorgos Papandreou. As pesquisas situam a nova formação abaixo dos 3%.
O que está em jogo neste domingo não é só o futuro polÃtico, mas também, e sobretudo, o econômico. Com uma taxa de desemprego superior a 25% e uma dÃvida pública que equivale a 175% do PIB, a Grécia vive esmagada pelos 240 bilhões de euros solicitados da comunidade internacional para evitar sua quebra. O fantasma da troika sobrevoou todos os discursos, assim como o termo grexit, com o que se sugere uma possÃvel saÃda do euro que nenhum partido quer. A Syriza propões uma conferência sobre a dÃvida europeia e a introdução de uma “cláusula de crescimento” para a devolução do capital pendente, assim como uma moratória que permita à Grécia respirar.