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MÚSICA
Viva Oscar!!!
Gilson Nogueira
Carol Sabóia interpreta “Bonita”, de Tom Jobim. O maestro soberano a acompanha, ao piano, na gravação.
Dizem que o dedilhar de Tom é um toque econômico. Tom esbanja Deus, quando toca. Ponto.
Seu toque tem cheiro de perfume. Como o do meu pé de alecrim que está ao lado de uma Espada de Ogum, no canteiro do meu jardim, encantando meus dias, de chuva e sol, com sua delicadeza.
Hoje, ao acordar, minha preocupação em vê-lo seco aumentou. Ele está, quase, sem aquelas folhazinhas pequeninas, como a voz de Carol, na Rádio Noblat, agora.
Tenho que encomendar, depressa, outra muda ao primeiro amigo que for a Serrinha. O alecrim é a delicadeza da vida no chão.
Ah, agora, a planta exala tristeza, no adeus a Oscar Castro Neves, um dos mais talentosos músicos da Bossa Nova, desde o dia em que João Gilberto a sintetizou nas cordas do violão!
Aqui, no andar de baixo, essa plataforma que nos impulsiona aos espaços da Eternidade, fica a história desse monstro da Bossa, que já nasceu, no nome, premiado com o troféu maior dos artistas, por ser, como Tom, um dos mestres do toque do silêncio que encanta. Oscar foi, também, um dos mais importantes brasileiros aos olhos e ouvidos do mundo.
Enquanto a nação bossanovística torna-se mais órfã com a partida de Oscar, cante-se e execute-se mais e mais a BN.
No planeta, a exemplo do futebol de Pelé, ela é uma das marcas do Brasil que impõe respeito, que dá certo. O resto é conversa fiada. Coisa de quem tem muito marketing e talento nenhum.
Gilson Nogueira é jornalista, amante e conhecedor da bossa nova, colaborador da primeira hora do BP