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OPINIÃO POLÍTICA
Jogo rápido
Ivan de Carvalho
Jogo rápido. É o que está acontecendo em quase tudo que envolve a candidatura de Eduardo Campos, presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, à Presidência da República.
Nem mesmo se esgotara o noticiário sobre a decisão da direção nacional do partido de retirar-se do governo federal comandado pelo PT e da comunicação à presidente Dilma Rousseff dessa decisão, que incluiu a saída dos socialistas dos cargos que vinham ocupando na administração federal e novos desdobramentos importantes surgiram.
Um deles, a decisão do núcleo cearense do PSB – o segundo mais importante do país – de migrar para o Pros (que acaba de ter seu registro concedido com muito carinho pelo Tribunal Superior Eleitoral por cinco votos contra dois), um partido que vai apoiar o governo e a candidatura de Dilma Rousseff. Esse núcleo cearense, que tem quatro deputados federais, é liderado pelo governador Cid Gomes e seu irmão Ciro Gomes.
Ao mesmo tempo, depois que a Executiva do PT reuniu-se e deu uma nota um tanto malemolente sobre a decisão do comando nacional do PSB de tirar o partido do governo e sobre a calma (relutância) que os petistas devem ter quanto a se retirarem dos governos estaduais do PSB, vem o presidente nacional do PT, Ruy Falcão, e praticamente lança a candidatura de Eduardo Campos a presidente da República.
Lança apenas, ou constata, não apoia. Ruy Falcão disse em entrevista à Folha de S. Paulo que vê uma movimentação concreta de Campos para viabilizar sua candidatura à presidência da República. Esta, aliás, é uma coisa que não só Ruy Falcão, mas também toda a torcida do Flamengo – e a do Corinthians, – estão vendo. Após abusar de platitudes, como dizer que o governador e presidente nacional do PSB tem “direito” de entrar na disputa pela chefia do Executivo federal e “legitimidade para isso”, Falcão proclama: “No momento, caminha-se para a candidatura de Eduardo Campos”.
Mas os fatos não se limitam ao que já foi referido. O comando nacional do PSB foi rápido no gatilho ao intervir no diretório estadual do Rio de Janeiro, que, sob a presidência do prefeito de Duque de Caxias, decidira apoiar a candidatura de Dilma Rousseff para presidente e a do vice-governador Luiz Pezão a governador. Os socialistas que caíram em desgraça no Rio de Janeiro operavam ainda como quinta-colunas, estimulando políticos socialistas a mudarem para o PMDB, partido do governador Sérgio Cabral, que é uma espécie de petista encubado.
Já está decidido que o deputado federal e ex-jogador Romário, que deixara o PSB há alguns meses, voltará para este partido e será o novo presidente da seção fluminense.
O episódio do Rio de Janeiro deixa claro que o comando nacional do PSB não vai transigir quanto às estratégias e táticas necessárias à consolidação política e eleitoral da candidatura de Eduardo Campos. Onde houver dissidência, sabotagem ou corpo mole, a direção nacional do partido tomará as providências para por as coisas no rumo desejado.
Na Bahia, por enquanto, as coisas não fugiram ao controle. Não é segredo para ninguém, no meio político, que a senadora Lídice da Mata, presidente estadual do PSB, gostaria de manter a aliança com o PT nas eleições de 2014, uma aliança que lhe valeu o mandato de senadora, pelo que é muito grata ao governador Jaques Wagner, muito mais a ele que ao PT.
Lídice é quem Eduardo Campos quer disputando pelo PSB o governo do Estado. Ela tem dito que espera ser candidata a governadora com o apoio da base política do governo Wagner. Não se pode dizer que é a coisa impossível, mas esse caminho está cheio de pedras e buracos e ela bem sabe disso. Então a senadora diz que, sendo Eduardo Campos candidato a presidente, o PSB terá uma candidatura própria ao governo baiano, seja a dela ou de outra pessoa.
Nesse negócio de outra pessoa é que a coisa pode complicar.