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“OS CARAS DE PAU”
Maria Aparecida Torneros
Prezo muito a Força Aérea Brasileira. Desde que conheci, nos anos 60, a escola preparatória de cadetes do AR, em Barbacena, Minas Gerais, aprendi a admirar a formação séria, digna e rÃgida por que passam nossos jovens que abraçam a carreira militar com missão de defesa e segurança dos céus brasileiros.
Acima das nossas cabeças, homens e mulheres ciosos dos deveres a cumprir, enfrentam intempéries, adversidades, estão preparados para as guerras e amam os sÃmbolos nacionais com a força do próprio sangue que não relutariam em derramar ao defender o Brasil.
Na mesma semana em que espoucavam manifestações populares em terra, pela massa de brasileiros conterrâneos que não presidem poderes, mas que pagam, através de seus impostos e do cumprimento dos seus afazeres diários, à custa de suores e injustiças, os salários e mordomias dos tais “representantes” no Congresso Nacional, justamente seus dois presidentes, o do Senado e da Câmara Federal, literalmente, viajaram em missões pessoais, utilizando os nossos aviões da Força Aérea Brasileira.
Não é piada, foi coisa séria, um reconhece que foi de Natal ao Rio de Janeiro, teve audiência com o prefeito da cidade e deu carona a familiares para assistirem ao jogo final do Campeonato das Confederações, no Maracanã. Este, promete depositar quantia de aproximadamente 10 mil reais para ressarcir o erário publico, com se isso fosse suficiente para quitar nossa vergonha pela ofensa ao nosso paÃs.
O outro, que preside o Senado, a despeito de milhares de assinaturas de cidadãos que pedem sua saÃda, de nome Renan Calheiros, vem a público, sorridente, e diz que não pagará nada, pois tem direito de utilizar a “viatura” voadora, em missão representativa, o que deve ter sido o caso, decolando de Maceió para assistir ao casamento da filha de um congressista em Porto Seguro.
O povo pediu uma redução de 20 centavos nos preços das passagens de transportes públicos, aliás, exigiu mais e exigirá muito mais.
Quando visitei em 2009, o Palacio de Versallhes, (com passagens compradas a prestação dos meus proventos de aposentada) um sentimento me invadiu. Senti a humilhação do povo francês pobre e faminto, diante daquela pompa e luxo tão acintosos. Imaginei a fúria dos pobres diante da zombaria das elites.
Volto a sentir hoje a mesma gama de sensações. Há um novo Brasil e os “caras de pau” não entenderam, ou melhor, pensam que tudo está como antes no quartel de Abrantes.
Não posso dimensionar repercussões destes fatos, talvez se percam, com episódios apenas folclóricos, mas, tenho o direito de manifestar um pequeno cartaz e empunhá-lo, na próxima passeata de que participar: “FAB, A SERVIÇO DE CARAS DE PAU, NUNCA MAIS!”
Cida Torneros, jornalista, escritora, mora no Rio de Janeiro.Edita o Blog da Cida, onde o texto foi publicado originalmente.
Abração para a turma do BP!
Cida
Faço do seu desabafo o meu desabafo.Não dá mais.CHEGA.