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CAFÉ DA MANHÃ
Maria Aparecida Torneros
Quando o sábado chegou, acordei e vi que já eram 9 e meia da manhã. Olhei no smarthphone, na cabeceira, não só a hora, mas também alguns daqueles avisinhos do Google e li o post do meu filho, assinalado às 7 da manhã.
Dizia “Ossos do ofÃcio, aula num sábado chuvoso, em Niterói”!
Meu coração de mãe se encheu de peninha e orgulho. Ontem, ele completou 35 anos, deve ter comemorado, espero, com namorada e amigos, mas acordou cedo, e já estava no “trampo”, do outro lado da baÃa, para dar sua aula de RaciocÃnio Lógico ou de Informática, em algum desses cursos preparatórios onde as pessoas buscam realizar o sonho de passar em concursos públicos.
Levantei, preguiçosa, lembrei que durante pelo menos 18 anos, fiz a mesma coisa que ele repete agora. Ia dar aulas numa universidade distante, da 7 às 16 horas, todos os sábados, deixando o meu filhinho com seu pai.
AÃ, acordei de vez, pus-me de pé para preparar um café da manhã, vi que não tinha pão em casa, optei por um ovinho frito, café e leite, hora de enfrentar meu dia, que terá a faxina da casa e depois a ida pra ficar com minha mãe todo o fim de semana, até a segunda. Numa fase sensÃvel, estou naquela idade em que as doencinhas surgem e as idas a consultórios médicos se sucedem em cascata.
Ainda não me acostumei com isso. Mas sei que devo me cuidar e encaro exames, fisioterapias, etc. etc. Pego os comprimidos que vou tomar agora, ponho música para ouvir, camuflo a solidão.
Ao buscar uma xÃcara para o café, escolhi uma que o filhote me deu no dia das Mães, e sorri, sozinha…lendo o recado impresso: Mãe , sempre o melhor colinho!
Não resisti, fotografei a refeição matinal, vi como sou bocó, e me emocionei, de novo. Que nem cena de filme natalino… Mãe é mesmo bobalhona, não fujo à regra, nem no café da manhã!
Cida Torneros, jornalista e escritora, mora no Rio de Janeira.Colaboradora e amiga da primeira hora do Bahia em Pauta.