DEU NO UOL
A presidente Dilma Rousseff está reunida desde as 9h40 desta quinta-feira (4) com os ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Helena Chagas (Comunicação Social) e discute as novas declarações dadas pelo titular da Defesa, Nelson Jobim, que pode perder o cargo nas próximas horas.
Em entrevista à revista “Piauí”, Jobim chamou de “atrapalhada” a política do governo para divulgação de dados sigilosos e chamou Ideli de “fraquinha”. Ele disse ainda que Gleisi Hoffmann “nem sequer conhece Brasília”. O ministro se reuniu com Dilma na quarta-feira (3) e não entregou o cargo depois de outras declarações polêmicas.
O peemedebista afirmou ao programa “Poder e Política – Entrevista”, uma parceria da Folha de S.Paulo, Folha.com e UOL, que votou em seu amigo José Serra nas eleições presidenciais de 2010 e que o tucano teria tomado as mesmas medidas de Dilma para afastar suspeitos de corrupção do Ministério dos Transportes.
Jobim também teve de se explicar a Dilma há pouco mais de um mês, quando foi ao aniversário de 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sugeriu que a atual ocupante do Palácio do Planalto tem um estilo autoritário. Em outras declarações, o ministro elogiou a presidente e disse que sua relação com ela é “ótima”.
Antes da reunião, também em entrevista ao “Poder e Política – Entrevista”, Ideli afirmou que Jobim tem dado declarações “desnecessárias” e deveria se “conter um pouquinho”. O peemedebista foi mantido no cargo no início do atual governo por conta da insistência do antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva.
Papéis trocados
O comum, no estilo PT, é a notícia de reunião de avaliação sobre possível exoneração após o “candidato” ter sido exposto à inúmeros e sucessivos vazamentos sobre fatos ou ilações que o condenem. Vide os casos recentes.
Por fim, após a renovação de votos de confiança, o “candidato” apresenta sua renúncia.
O caso Jobim difere.
Os ataques são feitos sob holofotes, com a peculiaridade de que ele, o “ministro da sucuri”, é quem desfere os golpes, baixos ou não.
Cria a cada entrevista, o clima de final de festa, com a disciplina digna de um sargento.
De tal sorte e arte que a reunião anunciada assemelha o encontro de vítimas, na busca assombrada de solução para seus martírios.
Dilma e suas escolhidas, Ideli e Gleisi, parecem cumprir papéis coadjuvantes no ato escrito e ensaiado previamente por ele, o ministro da sucuri, ou seja, dão cor e brilho à ensaiada despedida.
Pergunta-se:
O que motiva Jobim?