Deu na coluna Em Tempo, assinada pelo jornalista Alex Ferraz, na Tribuna da Bahia
====================================
=======================================================
Só na atual temporada, calcula-se que pelo menos 300 mil turistas, a maioria estrangeiros, visitem Salvador em cruzeiros marÃtimos. No inÃcio desta semana, aliás, passou aqui o majestoso e gigantesco Queen Mary II. Não é à toa: Salvador é uma das portas de entrada ao nordeste do Brasil. No entanto, enquanto a cidade cresceu e o número de visitantes é cada vez maior, seu porto, que já foi um dos principais do PaÃs, está ultrapassado, passou um fator de degradação da capital baiana.
Durante muitos séculos, o porto foi um organismo definidor da cidade. Cidade secular e portuária, a história da capital baiana passa pelo porto e sem ele Salvador não existiria. Salvador era o porto e o porto era Salvador. Por essa razão a cidade transformou-se, tantas vezes, em função do seu porto. Ampliações através de aterros, construção de imensos cais e quebra-mar, modificaram a fachada de Salvador e lhe deram sua fisionomia inconfundÃvel.
O número de navios de turismo que aporta em Salvador cresceu de tal forma que não cabem mais no velho porto. As tecnologias portuárias atuais, o uso moderno de transporte de carga por contêiner passou a invadir espaços vitais e esses objetos gigantescos vão sendo empilhados junto ao porto. Os armazéns do porto segregaram a cidade. Criaram uma muralha intransponÃvel, afastando os habitantes do seu mar, obstruindo-lhes a visão do horizonte. Portanto, é compreensÃvel que cresça cada vez mais o pensamento de que o porto precisa mudar de lugar. A cidade precisa respirar novamente. Não há mais lugar para o porto dentro da cidade. É preciso buscar locais mais adequados à s exigências de um porto moderno e deixar a cidade respirar, recebendo apenas os transatlânticos que se harmonizam com o destino turÃstico de Salvador.