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DEU NO IG
A presidenta eleita Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira, em Seul, que o dólar desvalorizado é “grave” para o mundo inteiro e já faz com que o ajuste americano fique na conta de outras economias. Sobre a proposta de trocar dólares por uma cesta de moedas, como sugeriu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem, Dilma disse que não é uma questão de vontade, mas pode ser de acordo como foi feita em Bretton-Woods, onde os paÃses tinham taxas de câmbio fixas, que só podiam ser desvalorizadas com a autorização do FMI.
“Esta é uma das posições, têm várias na mesa. Vai ser uma questão de negociação”, afirmou. Dilma disse, no entanto, que não engrossará a voz contra a guerra cambial na reunião do G20, que começa nesta quinta-feira, porque “ainda não tem voz” no encontro.
Dilma disse que não é bom para o Brasil o real ser a moeda mais valorizada. “Teremos de olhar cuidadosamente e tomar todas as medidas possÃveis”. Questionadas sobre quais medidas tomaria, Dilma respondeu: “Se eu tivesse medidas, eu não diria”.
A presidenta eleita negou que será “atração” do G20 por ter sido classificada como a 16ª mulher mais poderosa do mundo. “Atração é presidente no exercÃcio do cargo. Presidente eleito não é atração, é notÃcia só”, declarou. Dilma disse que não pretende falar durante o evento do G20.
O G20 é o grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Em reunião prévia, no mês passado, os ministros das finanças dos mesmos paÃses acordaram em não tomar medidas que afetassem diretamente a variação de suas moedas, para não agravar as fortes oscilações percebidas neste ano.
Na semana passada, os EUA declararam que vão injetar em sua economia US$ 600 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) para estimular suas indústrias e, de quebra, desvalorizar um pouco mais o já combalido dólar americano. Ontem, Mantega disse que vários paÃses estão tomando medidas para evitar o “desembarque” da moeda americana em suas regiões.
Mantega no cargo
Dilma negou que tenha conversado com o ministro Mantega sobre sua eventual permanência no cargo. A petista, que desembarcou ontem em Seul, veio acompanhada do ministro e assessores em um voo comercial. “Não tratamos disso. Nem tinha sentido tratar desta questão dentro do avião. Vou tratar desta questão quando tratar de todo ministério”, desconversou.
Dilma conversou com a imprensa hoje cedo no lobby do hotel onde está hospedada, em Seul, após passeio pela cidade. Ainda hoje, a presidenta eleita e o presidente Lula deverão participar de um jantar com outros chefes de Estados.
Trem-Bala
Ontem, a presidenta eleita conversou com o ministro dos Transportes da Coreia do Sul sobre o trem-bala coreano. Dilma disse que foi procurada por ele, mas desconversou sobre qualquer decisão na compra do trem-bala. “Eles me disseram que tem todo interesse em participar no Brasil, falaram das obras que estão construindo, e são muito bem-vindos”, contou.