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O jornalista político Ivan de Carvalho comenta em seu artigo desta segunda-feira, na Tribuna da Bahia , um fenômeno eleitoral e de opinião pública que está em curso e tende a ganhar corpo nesta última semana de campanha antes da votação em 3 de outubro: a ascensão no gosto popular em praticamente todas as regiões do País da candidata do PV à presidência da República, Marina Silva. Detectado na mais recente pesquisa do Datafolha , o fato ainda está distante de representar a “onda verde” desejada pelos eleitores e entusiastas da campanha da brava acreana, mas seguramente já deixou de ser simples marola e virou o acontecimento mais interessante nesta arrancada final antes do primeiro turno. O fenomeno, com epicentro no Rio de Janeiro e fortes rajadas no Distrito Federal (dupla de unidades federadas mais politizada do país), é quase certamente incapaz de mudar o rumo da votação de 3 de outubro para presidente da República e empurrar a decisão final para o segundo turno, reconhece o autor do texto que Bahia em Pauta reproduz. Mas…
(Vitor Hugo Soares)
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OPINIÃO POLÍTICA
A onda verde
Ivan de Carvalho
Um fenômeno eleitoral e de opinião pública está em curso, quase certamente incapaz de mudar o rumo da votação de 3 de outubro para presidente da República e empurrar a decisão final para o segundo turno. Mas depois que a mais recente pesquisa Datafolha flagrou uma ascensão, no país, nos índices de intenção de voto da candidata verde Marina Silva, fatos isolados começaram a aparecer, como a confirmar a pesquisa, que, por sinal, não fora referendada pelos resultados encontrados por outros institutos importantes de sondagem de opinião pública. Se não mudar a eleição, não significará que tenha efeito político nulo no pós-eleição.
Assim é que no Rio de Janeiro, como assinalou ontem o Blog do Noblat, o Cine Leblon estava com lotação esgotada para a sessão das 21 horas de sábado para exibição do filme Wall Street 2. Em um noticioso, exibido antes do filme, aparece Dilma Rousseff, a candidata do PT a presidente da República. “Ouve-se então uma vaia estrondosa. O Rio está marinando”, conclui o relato o jornalista Ricardo Noblat.
Ora, o Rio frequentemente destoa do restante do Brasil em matéria eleitoral. Neste caso, no entanto, não está destoando, mas sim assimilando com bem mais ênfase do que o país em geral a “onda verde”. Na maioria do Brasil ainda se trata apenas de uma marola, mas no Rio já é uma onda.
Isto se deve a dois fatores principais: uma parcela maior de eleitores melhor informados e mais exigentes, até um tanto sofisticados nas escolhas, além de com mentes de tendência independente (no óbvio sentido contrário a dependente); e ao fato em que o segundo candidato a governador com melhor índice nas pesquisas eleitorais, ainda que sem chance de ser eleito, é o deputado Fernando Gabeira, do PV, o partido de Marina. Gabeira apóia Marina e recebe apoio de Marina e José Serra, indo aos palanques dos dois, no Rio de Janeiro.
O outro ponto forte da candidatura de Marina é o Distrito Federal, que forma com o Rio de Janeiro a dupla de unidades federadas mais politizadas do país (Vale ressalvar que a politização elevada no Rio diz mais respeito à capital). E no Distrito Federal, segundo pesquisa realizada pelo instituto Soma, Opinião e Mercado, divulgada ontem no site do jornalista Cláudio Humberto, Marina Silva confirma a posição de segunda colocada nas intenções de voto, com 27 por cento, já à frente de José Serra, que tem 20 e aproximando-se de Dilma Rousseff, que tem 37 por cento.
Ricardo Pena, diretor do instituto Soma, Opinião e Mercado, destaca que no Distrito Federal Marina já supera também Dilma Rousseff nas classes A e B (eleitores de mais escolaridade e renda mais elevada) e poderá avançar e superar a candidata do PT no total do eleitorado do DF. Isto seria muito interessante para o PV, que deve sair destas eleições com um peso político bem maior do que entrou e que lhe caberá preservar e desenvolver, com independência e longe da tentação do adesismo, que pode fazê-lo desaparecer ou tornar-se mero apêndice do PT, como é hoje o PC do B.
Mas, voltando à “onda verde”, mesmo na modalidade de marola ela já chega a muitos outros lugares do país, inclusive já havendo dado o ar (ou mar?) de sua graça na Bahia, onde os institutos de pesquisa de opinião pública insistiam em manter o deputado e candidato a governador pelo PV, o bravo Luiz Bassuma – da luta contra a liberação do massacre dos inocentes, o aborto – “sem pontuação” nas pesquisas. Mas o último Datafolha lhe atribuiu dois por cento das intenções de voto.
Oxalá Marina chegue ao segundo turno. Seria um bom prêmio aos “vendilhões do templo”.
Mas, cá entre nós, desconfiar do Ibope há alguns dias e agora dar destaque ao Soma…. (somou, subtraiu ou dividiu?!)
O Rio de Janeiro politizado deve ser o da zona sul… o que detestava Brizola e fazia coro às campanhas difamatórias da Globo. Naturalmente.
Já Brasília… deve ser aquela descrita outro dia por Mariana.
Claro que classe média há em todo lugar e Marina tem forte apelo em setores dessa classe.
Estranho é desbancar o Sul e Sudeste do posto de mais politizados. São as outras pesquisas?
Caro Marco Lino
Poucas lições restam desta campanha
Uma, ao menos, sobressai…
Entre os derrotados ponteiam os articulistas
E, entre eles, Ivan é destaque
Procurou por meses um texto
Deixou apenas o cambalear de seu percorrer, trôpego pensar
Até é compreensível
“Articular” sob a luz do sol baiano é tarefa para poucos
Filosofar em pesquisas, só mesmo em boa mesa de bar, com direito “a de sempre” servida acompanhada com “o de costume”
Só a amnésia alcoólica nos redime
Gostei Fontana.
Os derrotados são os articulista como o Ivan e outros/as que apesar da torcida e da aparente neutralidade , torcem para o Serra. A esperança deles é ainda a Marina ajudar o candidato Serra.