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CRÔNICA/DRIBLES
Dunga, Temer, Dorneles e Zinho
Janio Ferreira Soares
Agora que finalmente saiu a tão esperada lista dos jogadores que irão disputar a Copa de 2010, começarão os animados debates sobre as injustiças que geralmente acontecem nessas ocasiões. Sempre foi (e será) assim desde que o lado mulato do nosso DNA, inzoneiro como ele só, conseguiu driblar os genes europeus de nossas células e nos deu uma infinita geração de gênios da bola, que passa por Garrincha, Pelé, Tostão, Zico e companhia e, de lambuja, ainda nos dá Neymar, Ganso e a meninada da Vila, verdadeiros colÃrios para os que acham que o futebol foi feito para divertir e não necessariamente para ser campeão.
A propósito, pelo método adotado por Dunga até agora – e até por ele ter feito parte daquela história -, prevejo uma seleção bastante parecida com a de 1994, cujo meio campo era simplesmente formado por ele, Mauro Silva, Mazinho e Zinho. E você há de convir que, se nós conseguimos o tetra com esse quarteto no miolo, tudo pode ser possÃvel. A diferença era que, na época, Romário e Bebeto voavam lá na frente feito dois anjos serelepes, certamente guiados por um arrependido Deus amante do futebol arte, que cochilou feio naquela tarde de 1982 no estádio Sarriá, quando a genial seleção de Telê perdeu para a Itália de Paolo Rossi, dando a munição necessária aos defensores do futebol de resultado. Uma pena.
Mas se a coisa promete ser sofrida nos estádios africanos (Dunga rejeitou as pressões por Ganso e Neymar), por aqui, mais precisamente nos bastidores da sucessão, outra lista de convocados é aguardada com grande expectativa. Trata-se dos nomes dos vices de Dilma e Serra que, pelos pretendentes anunciados, pode causar certa decepção, principalmente no lado estético.
Enquanto a petista vai de Michel Temer, o tucano ameaça com Francisco Dornelles, tio de Aécio Neves, o seu preferido. Guardada as proporções, é mais ou menos como a saÃda do galã Raà (que chegou a Copa de 94 como titular absoluto) para a entrada de Mazinho. Mas, como para esse pessoal o que vale é o resultado, vamos aguardar a bola rolar. Com a palavra, o torcedor. Em seguida, o eleitor.
Janio Ferreira Soares, cronista, é secretário de Turismo e Cultura de Paulo Afonso (BA), na região do Vale do São Francisco.)