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A CIDADE DA BAHIA
Gregório de Matos
A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um freqüentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.
Caro VHS
O que dizer então da descrição dos !Wagnerianos” de ontém que veste, como luva, os de hoje?
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Ao Governador Antônio de Sousa de Meneses,
chamado vulgarmente o “Braço de Prata”
(Gregório de Barros)
Sôr Antônio. de Sousa de Meneses,
Quem sobe ao alta lugar, que não merece,
Homem sobe, asno vai, burro parece,
Que a subir é desgraça muitas vezes.
A fortunilha, autora de entremezes,
Transpõe em burro herói que indigno cresce;
Desanda a roda, e logo homem parece,
Que é discreta a fortuna em seus reveses.
Homem sei eu que foi Vossenhoria
Quando o pisava da fortuna arada;
Burra foi ao. subir tão alto clima.
Pais, alto! Vá descenda ande jazia,
Verá quanto melhor se lhe acomoda
Ser homem em baixo do que burro em cima
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Em tempo: Parabéns pelo aniversário de Salvador, sempre em Pauta.