Falecido domingo (15/11) , aos 94 anos, e supultado ontem, 16, no cemitério Jardin da Saudade, o médico obstetra pioneiro e defensor permanente do parto natural sem dor na Bahia, Gerson Mascarenhas, recebe homenagens e reconhecimento em sua terra. Em destaque não só o seu destacado desempenho profissional e cientÃfico, mas também o pensamento e a ação polÃtica do socialista e espÃrita que o Dr. Mascarenhas conseguiu conciliar em uma única pessoa.
Um dos tributos mais expressivo parte do PPS baiano, que fala na vida e na obra de gerson mascarenhas. Ex-presidente da Associação Bahiana de Medicina, ele pertenceu aos quadros do Partido Comunista Brasileiro. “Sempre trilhou o caminho da defesa da democracia, dos direitos do cidadão e encampou movimentos pacifistas. A luta pelo ideal de paz no mundo custou-lhe cinco meses de prisão, durante a Ditadura Militar implantada no paÃs em 1964”, destaca o comunicado do PPS.
Aposentado da Faculdade de Medicina da UFBA, ganhou biografia editada em livro pela filha, Consuelo Mascarenhas, agora em 2009, lançado com muitas homenagens. Atuou na Maternidade Climério de Oliveira, Hospital das ClÃnicas e alguns hospitais privados da capital baiana.Na década de 50, desenvolveu, com outros colegas, o Serviço de Partos em DomicÃlio, na Maternidade Pró-Matre.
Gerson Mascarenhas iniciou sua carreira no interior, onde atuou por muitos anos. “Foi um caminho mais árduo, porém de maior aprendizado. E me dei por muito feliz, porque quando o médico fica num grande centro urbano, se apega de logo à tecnologia, à uma determinada especialidade e deixa, muitas vezes, de ter uma visão global da medicina, da vida e do paciente”, acreditava Mascarenhas.
Pioneiro baiano na defesa do parto natural sem dor, ministrou cursos, gratuitamente, para adolescentes grávidas, em grandes maternidades da capital. Ele contava em suas palestras e em entrevistas à imprensa ter nascido de parto natural, numa antiga casa no bairro do Garcia. Ao longo da sua vida, dedicou-se aos estudos da ginecologia e obstetrÃcia.
Gerson mascarenhas atendia numa pequena clÃnica, no bairro do Garcia, realizava estudo sobre o parto natural sem dor, que já vinha sendo desenvolvido na Inglaterra, desde a década de 50. Defendeu tese de mestrado, feita através do acompanhamento de 100 parturientes, na qual comprovou que é possÃvel, através de exercÃcios respiratórios, de relaxamento e do abandono de reflexos condicionados negativos, “levar as gestantes a suprimir o medo das contrações e focar as atenções na magia do momento de dar vida a outro ser” – 85% das 100 grávidas acompanhadas conseguiram ter parto normal e indolor.
Uma perda sem tamanho para a Bahia e sua medicina, mas um exemplo que seguramente permanecerá.
(Postado por Vitor Hugo Soares, com informações da jornalista Angélica Menezes)