Na rota baiana: Marina, Aécio..
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Serra e…
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ARTIGO DA SEMANA
ROTAS BAIANAS PARA O PLANALTO
Vitor Hugo Soares
Virou moda entre postulantes à presidência da República dar uma chegada em Salvador antes de a campanha eleitoral começar pra valer. Esta prática, que mistura misticismo e marketing polÃtico, foi iniciada nas primeiras e mal-sucedidas disputas do atual ocupante do Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, e jamais foi interrompida, nem mesmo depois da primeira vitória.
Ultimamente o cortejo ganhou cores e caráter pluripartidário, ao registrar a visita à terra das medidas coloridas do Senhor do Bonfim de nada menos de quatro dos cinco mais destacados postulantes ao lugar de Lula em 2010: a senadora Marina Silva, do PV; o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, PSB; e os governadores Aécio Neves, de Minas Gerais, e José Serra, São Paulo, ambos do PSDB.
Mas o que desejo é assinalar aspectos desta situação que começa a virar a mais nova tendência entre os mais prováveis candidatos à s eleições presidenciais em 2010, visÃveis nestes movimentos iniciais mal disfarçados de campanha. Trata-se, na verdade, de um rito meio espÃrita, misturado com incensos do catolicismo e tambores dos terreiros de candomblé, iniciado pelo pernambucano de nascimento, paulista por adoção, “e baiano por algum inexplicável segredo espiritualista”, como sempre dá um jeito de repetir quando está na Bahia o atual inquilino do Palácio do Planalto.
Lula não se cansa de propagar o que considera os efeitos benéficos desta prática que ele segue religiosamente há anos. Agora, porém, segredo revelado pelo próprio recebedor da graça, a capital baiana parece ter-se tornado ponto de partida preferencial dos postulantes de praticamente todos os partidos. Estranhamente, a única exceção digna de nota até aqui é a poderosa ministra-chefe da Casa Civil, a petista Dilma Rousseff, nome “in pectore” do presidente para a sua sucessão.
Dilma tem preferido passar ao largo dos terreiros e da BaÃa de Todos os Santos desde a campanha para prefeito da capital baiana, quando se mostrou indecisa em relação a que palanque subir: se no de João Henrique Carneiro (reeleito), do PMDB, empurrado pelas mãos do ministro Geddel Vieira Lima, ou no de Walter Pinheiro, o petista apoiado pelo governador e companheiro de partido da ministra, Jaques Wagner.
“Durante a campanha só passarei em Salvado pelo alto, de avião”, teria prometido Dilma a Geddel na época, segundo fartamente divulgado na Bahia, e jamais desmentido por ela ou alguém próximo, como acaba de fazer a esquentada ministra substituta da Casa Civil, Erenice Guerra, que lançou nota oficial para desmentir o governador Aécio Neves, quando este protestou contra a quebra compromissos assumidos com Minas pelo governo Lula através do PAC da mãe Dilma.
“Espaço aberto, espaço ocupado”, diz o ditado tão ao gosto das citações dos polÃticos, donos do poder e marqueteiros de plantão. E são os tucanos Serra e Neves os que mais esvoaçam agora sobre as colinas e terreiros de Salvador, além das locas mais fechadas e apropriadas para os acordos e conchavos polÃticos. Tudo quase igualzinho ao que Lula sempre fez deste lado do Nordeste, cada vez mais decisivo no mapa das disputas presidenciais.
José Serra, o paulista normalmente sisudo e de poucas palavras, nem parecia o mesmo em sua recente passagem pela Bahia. Abraçou e sorriu para todos os que apareceram em sua frente: o colega petista Jaques Wagner; os companheiros de plumagem na fauna local, como o deputado Jutahy Magalhães; os aliados do DEM como ACM Junior e ACM Neto, entre outros.
Aécio Neves, o “baianeiro” (mistura de baiano com mineiro), como ele faz questão de se intitular agora, repetiu os passos de seu colega paulista e fez ainda mais. Recebeu o tÃtulo de Cidadão Baiano na Assembleia Legislativa, em festiva cerimônia de plenário lotado e efusivo e, em seguida, deu marcante e comovente entrevista na Radio Metrópole, a Mário Kertész. A conversa segue sendo citada por polÃticos locais e ouvintes da emissora, pela emoção, relevância informativa no terreno da gestão administrativa e atuação polÃtica, mas sobretudo pela sinceridade do polÃtico mineiro ao falar dos últimos dias de sofrimento de seu avô, até a morte, depois de internado no Hospital de Base de BrasÃlia, na véspera de tomar posse como presidente da República.
Com os resultados da mais recente pesquisa divulgada esta semana, os tucanos Serra e Aécio devem ter ficado animados com os efeitos benéficos dos ares mÃsticos da Bahia. A ministra petista, Dilma Rousseff, ao contrário, deve ter sentido uma pontada de arrependida de seu atual distanciamento de Salvador.
O resto é com tempo, senhor da razão.
Vitor Hugo Soares é jornalista. E-mail: vitor-soares1@terra.com.br