Deu no jornal
Publico, um dos mais credenciados jornais de Portugal, acaba de postar o seguinte texto, sobre as últimas homengens antes do sepultamento do senador democrata Edward Kennedy, na cidade de Boston, capital do estado de Massachusets, que o elegeu por sete mandatos seguidos. Na despedida ao companheiro de partido, amigo pessoal e principal aliado político, o presidente Barck Obama, visivelmente emocionado, definiu Ted Kennedy como “um heroi, um gigante, uma força da natureza, o roched de uma dinastia americana”
Veja no Bahia em Pauta a íntegra do texto de Público sobre as últimas homenagens a Ted Kennedy neste sábado, 29 de agosto. (VHS)
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Curvados a um leão
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“Um herói, um gigante, uma força da natureza, o rochedo de uma dinastia americana. O Presidente Barack Obama descreveu hoje o seu amigo e companheiro político Edward Kennedy, o bebê que se tornou o patriarca da família que deu à América um Presidente, um Procurador-Geral, o senador, vários congressistas e alguns dos mais reputados líderes da sociedade civil — e que, em certo sentido, é o mais próximo que os Estados Unidos têm de uma família real.
Mas “hoje não choramos por ele por causa do prestígio do seu nome ou do seu cargo”, observou o Presidente, responsável pelo elogio fúnebre de Kennedy, que morreu na quarta-feira com um câncer no cérebro, aos 77 anos de idade. “Choramos porque adorávamos este generoso e carinhoso herói que sempre perseverou na dor e na tragédia, não por ambição ou vaidade, não por riqueza ou poder, mas apenas pelas pessoas e pelo país que ele amava”, declarou.
LEÃO LIBERAL – Foi uma fala emocionada e profundamente pessoal, em que Obama assinalou o impressionante trabalho de Ted Kennedy no Senado através de anedotas que revelavam o caráter jovial e brincalhão do velho leão liberal. Ele foi “o maior” e “mais bem sucedido” legislador do Senado, considerou o Presidente, mas também o colega mais dedicado aos seus correlIgionários, aos seus eleitores e ao seu país.
Esse, frisou, será o principal legado de Kennedy — que “usemos os nossos dias com propósito, mostrando aos mais próximos que gostamos deles, tratando os outros com gentileza e respeito”. “Todos nós podemos aprender com os nossos erros e crescer com as nossas falhas. E todos nós podemos lutar, a todo o custo, para fazer o mundo melhor, para fazer a diferença”, referiu.
Todos os antigos presidentes, com excepção de George H. Bush, se sentaram juntos para participar no serviço religioso que encheu por completo a basílica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Boston, onde Ted Kennedy rezava frequentemente. A longa lista de participantes incluía dezenas de senadores e congressistas, toda a hierarquia do Partido Democrata e centenas de convidados. A missa foi transmitida ao vivo por todos os canais de televisão.
O cortejo fúnebre deixou depois a cidade de Boston em direcção à capital, Washington, onde o senador seria enterrado ao final da tarde, na mesma colina do cemitério nacional de Arlington onde repousam os seus irmãos John e Robert, ambos assassinados na década de 60.
LÁGRIMAS E GARGALHADAS- As despedidas começaram na véspera, com um tributo no Museu e Biblioteca John F. Kennedy de Boston, dedicado ao seu irmão e que era um dos lugares preferidos do senador. De acordo com a sua vontade, a cerimônia reproduziu o ambiente de um “velório irlandês”, com discursos, canções e mais gargalhadas do que lágrimas.
Os seus sobrinhos lembraram como depois da morte dos seus pais foi sempre no “tio Teddy” que eles puderam confiar, e de como ele esteve sempre presente na vida da família. Os seus aliados falaram da sua influência e do seu legado político, vertido em centenas de leis que dão conta dos progressos sociais do país nos últimos 50 anos. E os seus adversários políticos, que combateu vigorosamente, enalteceram a sua lealdade ao processo legislativo.
Apesar de todos os elogios, “ele não era perfeito, longe disso”, admitiu o seu filho mais velho Ted. “Mas ele nunca desistiu, nunca se rendeu. E ensinou-me que apesar da tragédia e das dificuldades, não há nada que seja impossível”, disse, lembrando o dia em que o pai o ensinou a voltar a caminhar, aos doze anos, depois de ter perdido uma perna na sequência de um câncer. Assoberbado pela emoção, Ted Kennedy júnior foi louvado com um prolongado aplauso.