Edward Kennedy: perda democrata
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John, Bob e Ted: partiram os tres grandes dos Kennedy
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Deu no jornal Público, de Lisboa, sobre a morte de Edward Kennedy
A notícia da morte do senador Edward Kennedy chega no momento em que uma luta de poder parece debilitar a visão democrata daquilo a que ele chamava “a causa da minha vida”: dar a todos os norte-americanos cobertura num sistema de saúde que eles possam pagar.
Depois de décadas a preparar o terreno um novo sistema de cuidados de saúde, Kennedy, que morreu terça-feira aos 77 anos, foi obrigado a desempenhar um papel limitado no combate, para fazer avançar esta legislação, desde que lhe foi diagnosticado um cancer no cérebro, em maio. Mas, apesar de ter estado afastado do Congresso a maior parte do ano, Kennedy, um dos mais eficazes legisladores da história dos EUA, conseguiu ajudar a escrever uma versão inicial da lei.
Entre tratamentos de quimioterapia, permaneceu em contacto, o melhor que podia, com colegas e com o presidente Barack Obama, a quem pediu que fizesse da reforma da saúde a sua prioridade máxima. Mas a ausência física de Kennedy, de Capitol Hill, criou um vazio entre os que tentam forjar um acordo.
“Se o país acabar sem reforma da saúde, penso que a culpa será da desgraça divina”, disse Paul Light, do Centro de Estudos do Congresso da Universidade de Nova Iorque. “Kennedy tinha a energia necessária diante de negociações e era sensível à necessidade de bipartidarismo”, diz Light. “O debate agora está bloqueado e entra num círculo vicioso. Kennedy não o teria permitido.”
Mas a morte do senador, com a extensa cobertura midiática e a lembrança do carinho que as pessoas têm por ele, pode também fazer avançar uma legislação que será vista como um tributo ao trabalho da sua vida.
O senador republicano John McCain chamou a Kennedy “o membro mais eficiente do Senado quando queremos resultados”. Numa entrevista em junho com a Reuters, McCain notou as dificuldades em alcançar um acordo sobre a saúde sem ele. “A ausência de Ted Kennedy é um fator muito grande”, disse McCain. “O que Ted Kennedy faz habitualmente é sentar-se e negociar e depois é possível chegar a algum tipo de acordo.”
Muitos analistas acreditam que será possível chegar a uma lei do sistema de saúde até ao fim do ano. Mas dizem que certamente vai ficar longe do objectivo de Kennedy de dar cobertura a todos os 46 milhões de norte-americanos que não têm seguro de saúde.
“O que quer que aconteça, Kennedy merece crédito por ter sido durante décadas a luz que guiou todos neste assunto”, diz Ethan Siegal, do Washington Exchange, grupo que acompanha o Congresso para investidores institucionais.
Nascido no privilégio e na riqueza, Kennedy tornou-se numa voz dos jovens e velhos, pobres, minorias e trabalhores durante o quase meio século que passou no Senado. Ao longo dos anos, liderou bem-sucedidos esforços na melhoria das escolas, reforço dos direitos cívicos, aumento do salário mínimo, ilegalização de discriminações e alargamento do acesso a cuidados de saúde.
“Há muito a fazer”, disse Kennedy à Reuters numa entrevista de 2006 em que lhe foi pedida para explicar o que até os críticos chamam os seus esforços incessantes em nome dos oprimidos. “Acima de tudo é a injustiça que continuo a ver e a oportunidade de ter algum impacto sobre isso”, acrescentou.
(Nota so Bahia em Pauta: Texto do jornal Público, de Lisboa, com informações da Reuters)
Perdemos hoje um importante membro da bancada Democrata nos Estados Unidos. O Senador Edward Kennedy foi um grande lutador das causas liberais e dos direitos civis nessa nação. Por quase 5 décadas, Ted, foi a inspirarão e o líder liberal, um verdadeiro “Leão do Senado”, como era conhecido e respeitado entre seus colegas e o publico americano. Obrigada por sua liderança, sua voz, e o seu árduo trabalho e dedicação ao serviço publico. Nos perdemos um batalhador incansável de importante causas como: educação, direitos civis, saúde (Health Care for all Americans), reforma imigratoria, etc.
Sem duvida que ainda ha muito que fazer, mas Ted fez sua parte.
Com a morte do senador Edward Kennedy, fechou-se mais um capitulo da dinastia política desta família, marcada pela tragédia e os escândalos, mas mais importante, modelo do idealismo e da concepção do sonho americano.
Todos os irmãos foram expoentes do liberalismo norte-americano, partilharam o mesmo legado: a democracia, inclusive morreram em nome dela. A ambição política progressista era correspondida com triunfos retumbantes, dados pelas minorias sem voz, pelos imigrantes e injustiçados, no fundo, a possibilidade de todos acreditarem novamente na América, pelas mãos de três grandes estadistas.